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Cruzeiro admite rolar dívida e levar mais uma punição, agora por Riascos

Riascos foi contratado pelo Cruzeiro em 2015, mas clube celeste não quitou dívida com mexicanos - Washington Alves/Lightpress/Cruzeiro
Riascos foi contratado pelo Cruzeiro em 2015, mas clube celeste não quitou dívida com mexicanos Imagem: Washington Alves/Lightpress/Cruzeiro

Guilherme Piu

Do UOL, em Belo Horizonte

09/07/2021 04h00

A atual diretoria do Cruzeiro tenta "vender o almoço para comprar o jantar", uma vez que a situação do clube, do ponto de vista financeiro, é catastrófica por causa das dívidas urgentes que o clube tem. Dentre tantas pendências existentes — boa parte sem ter sido paga — há uma que vencerá ainda neste mês, relativa ao negócio que envolveu em 2015 a contratação do atacante colombiano Duvier Riascos. E um novo calote por parte da atual diretoria já se desenha no horizonte nebuloso da equipe celeste.

O presidente Sérgio Santos Rodrigues admitiu que o Cruzeiro não tem dinheiro para pagar essa dívida com o Mezlatán, antigo Monarcas Morélia (MEX), hoje na casa de R$ 6 milhões, e por isso uma quarta punição da Fifa com impedimento de registros de atletas — "transfer ban" — será imposta ao clube mineiro nos próximos dias.

"Essas dívidas existem há muito tempo, infelizmente estourarão todas de uma vez em processos que tramitaram durante três, quatro, cinco, seis anos dependendo como foi a dívida. De atletas que foram vendidos e deram muito dinheiro para o Cruzeiro, e não foram pagas [dívidas], e veio acontecer tudo de uma vez agora. Tivemos essa do Arrascaeta que gerou o transfer ban, teremos outra do Riascos que gerará um transfer ban. Como eu falei antes, não existe em princípio um recurso para pagá-las, e a punição imediata para elas é o não registro de jogadores", confessou em entrevista gravada e divulgada na TV institucional estrelada.

Desde o fim de junho o Cruzeiro está impedido de registrar jogadores no sistema da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) por não ter quitado dívida de aproximadamente R$ 7 milhões com o Defensor Sporting, do Uruguai, ainda pela contratação do meia De Arrascaeta. O negócio aconteceu em 2015 e não foi quitado pelos mineiros.

Essa enxurrada de cobranças feitas por meio de processos ajuizados na Fifa, na visão do atual presidente, é fruto de erros administrativos de gestões passadas.

"Os problemas todos que hoje nos afligem, que não nos permite pagar salários em dia, por exemplo, são dívidas recentes de títulos conquistados nos últimos cinco, seis anos. Embora tenhamos tido alguns sucessos, alguns até relevantes, como diminuir a dívida em balanço, conseguir acordos relevantes, resolver pendências de muito tempo, de regularização de imóvel, de certificado de clube formador, dentre outros, ainda temos esses, sobretudo financeiros, que a gente herdou. É complicado, mas batalhamos todo dia com soluções diferentes", disse o presidente.

A dívida global do Cruzeiro é de quase R$ 900 milhões e a nova realidade do clube, que passa por um processo de reconstrução, na visão de Sérgio Santos Rodrigues, ainda não foi "digerida" pelo torcedor, que nas últimas semanas observou uma "corrida maluca" pela contratação de algumas peças para compor o elenco do técnico Mozart.

"O torcedor do Cruzeiro tem que entender a realidade. A gente fez as contratações chamadas de últimas antes de tomar o transfer ban. A realidade que o torcedor do Cruzeiro precisa encarar, vejo pedidos de contratação de atacantes, meia, não temos essa perspectiva a curto prazo, só se acontecer uma situação excepcional. Não existe essa realidade", frisou.

Queda para a Série C

O Cruzeiro ainda corre o risco de ser rebaixado sumariamente à Série C do Campeonato Brasileiro por não ter quitado cerca de R$ 5 milhões ao Al Wahda, dos Emirados Árabes Unidos, pela contratação do volante Denilson, em 2016. Assim como as duas negociações já citadas neste texto, de Arrascaeta e Riascos, essa que pode levar o clube para a Terceira Divisão também foi iniciada na gestão do ex-presidente Gilvan de Pinho Tavares.

"Quanto a [dívida] do Denílson que pode acarretar uma perda efetiva [rebaixamento à Série C], a grande questão é que conseguimos aprovar a alienação da sede Campestre 2 do Cruzeiro, o estacionamento, em uma reunião no ano passado, e desde então temos procurado compradores. Até conseguimos encontrar um comprador que pagará o valor de avaliação. O que a gente faz é correr com isso, porque resolvendo, essa dívida pior a gente vai conseguir salvá-la o quanto antes. Claro que estourou aqui a responsabilidade que nós assumimos o CNPJ Cruzeiro, mas nos culpar por tudo, eu creio que está equivocado", afirmou o presidente.

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