Topo

Seleção termina Copa América sem casos de Covid-19 e com assunto "frio"

Funcionário da CBF passa álcool em gel nas mãos do técnico Tite antes de jogo da seleção brasileira - Wagner Meier/Getty Images
Funcionário da CBF passa álcool em gel nas mãos do técnico Tite antes de jogo da seleção brasileira Imagem: Wagner Meier/Getty Images

Danilo Lavieri e Gabriel Carneiro

Do UOL, no Rio de Janeiro

10/07/2021 04h00

Quando a Conmebol se alinhou ao governo do Brasil e definiu a mudança de sede da Copa América, o país tinha 462.966 mortes por Covid-19 desde o começo da pandemia. Ontem, chegou a 531.688. Dada a gravidade do problema de saúde pública, o assunto sempre rondou o dia a dia da competição, que termina hoje (10), numa final entre Brasil e Argentina que terá público de mais de 5 mil pessoas no Maracanã — quando o Brasil topou sediar o evento, a Casa Civil soltou uma nota dizendo que isso não aconteceria.

Na seleção brasileira não houve qualquer resultado positivo para o vírus nos 760 testes realizados com atletas, comissão técnica e equipes de apoio. Ao todo, desde a apresentação do grupo para dois jogos das Eliminatórias da Copa do Mundo do Qatar até hoje (10) foram 45 dias reunidos numa tentativa de bolha sanitária. Externamente, apesar da manutenção dos protocolos, a visão é de que o assunto "esfriou" com o passar das semanas.

Três movimentos do elenco chamaram atenção para o tema ao longo do período: as postagens do lateral direito Danilo se solidarizando com as mortes por Covid-19 a cada jogo da seleção, a entrevista em que o meia Everton Ribeiro pediu mais vacinas e amparo do governo no dia em que o Brasil chegou a 500 mil mortos e a doação da chuteira usada na semifinal pelo atacante Richarlison para arrecadar fundos ao programa USP Vida, que existe desde abril de 2020 e foi criado para receber doações, que são direcionadas para pesquisas na área de Covid-19.

O técnico Tite também foi questionado diversas vezes ao longo da campanha do Brasil na Copa América sobre casos positivos para a doença em outras seleções e seu comportamento a respeito do significado de colocar o time em campo no país em meio à pandemia. Entre discursos mais e menos profundos, decidiu reforçar a cada manifestação apelos pela vacinação, como fez ontem.

Vacinem-se, por favor. Vacinem-se, por favor. Isso tudo vai proporcionar saúde, volta ao emprego, economia e dignidade, a gente pede isso. Todas as pessoas de bom senso têm colocado [sobre a importância da vacinação]."

Os verdadeiros efeitos da realização da Copa América no Brasil em relação à pandemia ainda não são conhecidos. Foram 168 casos notificados, mas houve sequenciamento genético de uma parte pequena deles — este exame identifica qual o tipo do vírus em circulação. Há nos bastidores o temor por uma omissão de dados que atrapalha os estudos sobre o impacto do torneio. O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou nesta semana que um documento detalhado sobre o assunto será divulgado, sem precisar a data.

O médico da seleção Rodrigo Lasmar comemora o fato de que nenhum destes casos foi detectado no ambiente da Granja Comary: "Lidar com a Covid-19 no futebol é um desafio para todos nós. Por isso, é tão importante contar com um grupo como esse, que respeitou os protocolos passados pelo departamento médico e entendeu que cuidar de si é cuidar do próximo também", disse.

FICHA TÉCNICA:

BRASIL x ARGENTINA
Competição: Copa América, final
Local: estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro (RJ)
Data/hora: 10 de julho de 2021 (sábado), às 21h
Árbitro: Esteban Ostojich (Uruguai)
Assistentes: Carlos Barreiro e Martin Soppi (ambos do Uruguai)
VAR: Andres Cunha (Uruguai)

BRASIL: Ederson; Danilo, Marquinhos, Thiago Silva e Renan Lodi; Casemiro, Fred e Lucas Paquetá; Éverton Cebolinha, Neymar e Richarlison. Técnico: Tite

ARGENTINA: Emiliano Martínez; Nahuel Molina, Pezzella, Otamendi e Tagliafico; Rodrigo De Paul, Guido Rodríguez e Lo Celso; Messi, Lautaro Martínez e Di María. Técnico: Lionel Scaloni