Caboclo manteve composição, mas agora abre guerra contra Comissão de Ética
Órgão responsável por definir os rumos de Rogério Caboclo após a denúncia de assédio moral e sexual, a Comissão de Ética do Futebol Brasileiro teve sua composição mais recente confirmada por uma assinatura do próprio presidente atualmente afastado da CBF.
Cinco dos seis membros atuais chegaram ao órgão em 2017, na gestão Marco Polo Del Nero. A portaria que confirmou a composição atual do órgão foi emitida em 13 de abril de 2021. Segundo esse documento, Carlos Renato Azevedo Ferreira foi eleito pela diretoria da CBF para cumprir o mandato de dois anos como presidente da comissão. A decisão foi unânime entre os diretores da entidade, inclusive Caboclo.
O dirigente, depois de ter negado o pedido de revogação do afastamento compulsório e temporário, abriu guerra contra a comissão. Além de cancelar o depoimento que daria na sexta-feira, na sede da CBF, Caboclo classificou a comissão de ética como um órgão "parcial e arbitrário, por conduzir um processo repleto de vícios e nulidades".
Na mesma portaria, houve a confirmação da composição da Câmara de Investigação da Comissão de Ética. É nas mãos dela que está hoje o processo no qual Caboclo é réu, após denúncia feita por uma funcionária.
Gladys Regina Vieira Miranda, delegada aposentada da Polícia Federal, Antônio Carlos de Aguiar Desgualdo, delegado da Polícia Civil de São Paulo, e Júlio Gustavo Vieira Guebert, diretor-geral da Academia de Polícia do Estado de São Paulo, compõem a Câmara de Investigação.
Guebert foi a adição mais recente à Comissão de Ética, substituindo Luiz Flaviano Furtado, coronel da reserva da Polícia Militar, preso durante operação contra jogos de azar em 2018 - fato que gerou o afastamento do órgão. Na Acadepol, Guebert trabalha com a filha de Del Nero, a delegada Carla Priscila, que é diretora-técnica.
Na Câmara de Julgamento, estão o próprio presidente da comissão de ética, Carlos Renato Ferreira e mais dois integrantes. Um deles é Marco Aurelio Klein, que foi diretor da Federação Paulista e ex-Secretário Nacional da Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD), órgão na época ligado ao extinto Ministério do Esporte. O outro é Amilar Fernandes Alves, advogado que trabalhou na CBF por seis anos, entre meados de 2009 e janeiro de 2016.
Foi por uma decisão conjunta deles que Rogério Caboclo foi afastado da presidência da CBF em 6 de junho, inicialmente por 30 dias. Depois, em 3 de julho, veio outra medida: prorrogar por mais 60 dias a saída dele do cargo, dando tempo de concluir o processo de investigação e julgamento.
Em setembro de 2020, durante uma reunião de diretoria, Rogério Caboclo entregou uma placa com um diploma de "voto de louvor" a Carlos Renato Azevedo Ferreira pelo trabalho da Comissão de Ética.
Agora, em julho de 2021, Rogério Caboclo afirmou que a Comissão de Ética "trata-se de um verdadeiro tribunal de exceção, que a toda evidência já possui um pré-julgamento a respeito dos fatos, tendo aplicado a ele um afastamento provisório sem qualquer fundamento regulamentar, estatutário, legal e constitucional".
Caboclo foi denunciado por uma funcionária, que anexou áudios ao processo. Ela, inclusive, já prestou depoimento. Em uma das conversas gravadas, o então presidente da CBF chegou a indagar: "Você se masturba?".
Segundo a defesa protocolada por Caboclo no Comitê de Ética, "o presidente da CBF não cometeu nenhum tipo de assédio".
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