Há 60 anos, São Paulo encarou Racing eternizado em filme vencedor do Oscar
Um confronto cinematográfico marca a história de São Paulo e Racing. Há 60 anos, o elenco campeão no país vizinho veio ao Brasil para uma série de amistosos, um deles no Morumbi. Quarenta e nove anos depois do duelo, aquele Racing, que venceu a partida por 4 a 3, seria eternizado no filme "O Segredo dos Seus Olhos", ganhador do Oscar de Melhor Filme Internacional.
O Racing foi campeão argentino de 1961 com campanha em que liderou todas as rodadas e perdeu apenas duas partidas. A impressionante jornada foi lembrada junto com uma aula do que significa o futebol no premiado filme: uma paixão que não se muda.
Esse é o recado dado por Sandoval (Guillermo Francella) a Benjamín (Ricardo Darín), quando ele finalmente se dá conta de onde poderia estar o suspeito que eles tanto procuravam pelas ruas de Buenos Aires.
"As pessoas podem mudar tudo: de cara, de casa, de família, de namorada, de religião, de Deus. Mas tem uma coisa que não se pode mudar, Benjamín. Não se pode mudar de paixão", explica.
Na cena, Sandoval pede que Escrivão (David Di Nápoli), um fanático torcedor do Racing, ajude a decifrar os textos escritos pelo suspeito a sua mãe. "Eu queria te trazer, mãe. Vamos fazer uma bela dupla, como Anido com Mesías".
Norberto Anido e Juan Carlos Mesías compunham a defesa daquele Racing campeão, como explicou Escrivão no filme. Na sequência, ele escala todos os titulares: "Anido e Mesías; Blanco, Peano e Sacchi. Corbatta, Pizzutti. Mansilla, Sosa e Belén", diz, sem esquecer do "grande Negri", goleiro titular daquela campanha.
O São Paulo contra os campeões
O pedaço em que o São Paulo faz parte da história do mítico time contou com cinco titulares da formação escalada por Escrivão no filme: Anido, Mesías, Pizzuti, Mansilla e Belén. Naquele dia, quem estava no gol era Ataúlfo Sánchez, lembrado como "o eterno reserva do grande Negri".
Diz o filme que foram apenas 17 jogos em que Sánchez ocupou o gol do Racing, entre 1957 e 1961. Uma delas, justamente contra o São Paulo, naquele 4 de junho. Dois dias depois, ele entraria em campo novamente para um amistoso contra o Corinthians.
São Paulo e Racing se enfrentaram pela segunda vez naquele ano em 25 de junho, mas na Argentina. Na ocasião, foram sete dos titulares do filme presentes no duelo: Negri, Anido, Mesías, Peano, Pizzuti, Mansilla e Belén.
Na edição do dia seguinte à partida, o jornal "Folha de S. Paulo" relatou que o time brasileiro havia dominado um fraco jogo de futebol na Argentina. O empate por 2 a 2 teve gols de Canhoteiro e Gino Orlando, para o São Paulo, e Pizzuti e Héctor Berón, para os argentinos.
Amanhã (13), São Paulo e Racing voltam a se enfrentar. As duas equipes chegam às oitavas de final da Libertadores após momentos de turbulência nas ligas nacionais.
São Paulo 3 x 4 Racing - 4 de junho de 1961
São Paulo: José Poy; Deley, Vilásio (Geraldo) e Riberto; Roberto Dias, Victor; Faustino, Amaury, Baiano (Gino Orlando), Benê e Canhoteiro (Aylton). Técnico: Flávio Costa
Racing: Sánchez; Anido, Mesías (Murúa), Vargas, De Vicente, Peano, Borges (Mesías), Pizzuti, Mansilla; Zurita e Belén.
Racing 2 x 2 São Paulo - 25 de junho de 1961
Racing: Negri; De Vicente, Anido, Mesías, Peano Vargas Borges, Pizzuti (Berón), Mansilla Zurita e Belén.
São Paulo: José Poy, Deleu, Geraldo, Luiz Valente (Riberto); Benê, Dario; Faustino, Baiano, Gino Orlando, Canhoteiro (Pimentel) e Aylton (Célio). Técnico: Manoel Raymundo Paes de Almeida
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