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ANÁLISE

Mauro Cezar: "Corinthians se apequenou nos últimos anos"

Do UOL, em São Paulo

12/07/2021 04h00

As dificuldades exibidas pelo Corinthians em campo são um reflexo dos problemas pelos quais o clube passa nos bastidores. Dívida elevada, crise financeira, contratações equivocadas de reforços e problemas administrativos ajudam a explicar as limitações da equipe, distante da briga por títulos e com desempenho discreto.

No Fim de Papo, live pós-rodada do UOL Esporte - com os jornalistas Isabela Labate, Mauro Cezar Pereira, Menon e Maria Victoria Poli - os comentaristas falaram sobre a situação atual do Corinthians e apontaram alguns dos problemas que ajudam a entender como o time perdeu a condção de protagonismo nos últimos torneios que disputou.

Para Mauro, a principal questão está no extracampo. "A realidade do Corinthians tem que ser enfrentada de forma bem direta e franca pelo próprio torcedor. Ela não é casual, circunstancial. Foi construída com a desconstrução do futebol do clube, com endividamento, má gestão, contratações equivocadas, com todo o péssimo trabalho feito pelo grupo político que continua no poder. Tudo isso vai para dentro do campo. Quando você tem o Corinthians dependendo do Mosquito pode parecer pitoresco, mas a realidade é essa. O Corinthians se apequenou nos últimos anos", analisou.

Mavi ressalta que o torcedor corintiano precisa de paciência, pois o clube passa por um período de reconstrução - e esse processo demora para ficar pronto. "O que define essa temporada do Corinthians é a reconstrução, para quem sabe o torcedor volte a sonhar com um título ou lugares mais acima na tabela a partir do próximo ano. Tem que organizar o caixa e a diretoria já deixou claro que não tem dinheiro para investir em grandes contratações. Tem trabalhado na base, buscando soluções. Com o clube quebrado, não dá para fazer loucuras no mercado. Não tem jeito, é trabalhar com o que tem, a exemplo do que fez o Flamengo e outros clubes que conseguiram se organizar para voltar a ser mais competitivos", disse.

Menon citou algumas contratações feitas pelo clube para mostrar como as fahas comprometeram a equipe. "Times com uma folha salarial menor contratam melhor do que o Corinthians. Todo mundo fala em scout hoje em dia, em departamento de análise. O do Corinthians analisou e contratou o Leo Natel e o Jonathan Cafu, que está no Cuiabá. É terrível isso. Dava para ser melhor, com tudo o que está devendo, e contratar melhor. Eles foram buscar o Otero e o Cazares no Atlético-MG, mas tiveram que abandoná-los, com um navio afundando e que precisa jogar peso para se manter", comparou.

Para Mauro, a escolha pela contratação de Sylvinho como treinador também ajuda a entender como o Corinthians chegou ao ponto atual. "A dívida se multiplicou pela má gestão. Que títulos o Corinthians ganhou além de estaduais? Nas duas últimas temporadas, nem isso ganhou. É muito pouco. A própria presença do Sylvinho no comando técnico explica um pouco isso. O Sylvinho não tem cacife para ser o técnico do Corinthians, que estava com o Mancini até outro dia. Vai colocar quem? Qual a condição que o clube tem para buscar um treinador compatível com o seu tamanho? Procurou um, não; procurou outro, não. Aguirre e Renato Gaúcho, um no Inter e outro acabou de acertar com o Flamengo, mas não quiseram o Corinthians. O Sylvinho abraçou a causa e é com ele que vai o time tentar fazer o melhor possível no campeonato", comentou.

Menon demonstra pessimismo quanto ao desempenho do Timão nesta temporada. O colunista também não se mostrou confiante em uma possível redenção de Luan, capaz de fazer o jogador reencontrar o bom futebol. "Acho preocupante. A única coisa que poderia fazer o Corinthians dar um salto de qualidade é o que não existe há três anos: Luan. Se alguém conseguir fazê-lo jogar bola como antes, talvez o time pudesse melhorar bastante. Acho que é uma causa perdida. Acho que esse ano do Corinthians vai ser muito ruim", finalizou.