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Bianchesi vê Palmeiras forte e pondera 'maior erro': cotovelada em Ruggeri

Careca Bianchesi defendeu a Atalanta por três anos depois de ter deixado o Palmeiras - Alessandro Sabattini/Getty Images
Careca Bianchesi defendeu a Atalanta por três anos depois de ter deixado o Palmeiras Imagem: Alessandro Sabattini/Getty Images

Augusto Zaupa e Vanderlei Lima

Do UOL, em São Paulo

16/07/2021 04h00

Com mais de 100 jogos vestindo a camisa do Palmeiras ao longo de três temporadas, Careca Bianchesi, o Carlos Alberto Bianchesi, fez sucesso pelo clube no início dos anos 1990, tanto que chegou a ser convocado à seleção brasileira para disputar a Copa América de 1991. Mas uma agressão a um zagueiro argentino encurtou a sua trajetória com a amarelinha.

Em entrevista exclusiva ao UOL Esporte, o ex-atacante contou sobre a carreira como comentarista no México, apontou o Alviverde como favorito para conquistar o tri da Copa Libertadores e não apontou o Brasil como candidato ao hexa no Mundial do Qatar-2022.

Revelado pelo Marília, Careca Bianchesi chegou ao Palestra Itália em 1989, junto com Neto, atualmente apresentador e comentarista do Grupo Bandeirantes. Depois de uma temporada sem grande brilho, foi o principal jogador do clube. As boas atuações pelo Alviverde chamaram a atenção do então treinador da seleção brasileira, Paulo Roberto Falcão, e posteriormente da Atalanta ao ser envolvido na troca por Evair.

Para o ex-jogador, hoje com 56 anos, ele poderia ter se tornado ídolo da torcida palmeirense, assim como fez Evair, caso tivesse continuado no Palmeiras.

"Como centroavante, sempre somos dependentes de ter atrás de nós um bom time, um time que gera um futebol ofensivo, um time que pisa na área rival constantemente, que gera oportunidades de gol. Mas eu não sei se faria a mesma coisa. Mas, seguramente, eu também teria feito um grande trabalho, mas é uma pergunta impossível de responder", disse, que não se arrepende de ter se transferido para a Itália em um momento que fazia sucesso no Brasil.

Foi o momento, encontrei a oportunidade e tomei a decisão de jogar no melhor futebol que havia em todo o planeta naquele momento, não podia pensar muito, eu tinha um sonho de jogar na Europa e eu fui jogar no futebol mais exitoso que tinha naquele momento. Foi uma oportunidade e as oportunidades sempre serão os melhores momentos. Você tem que aproveitar e creio que aproveitei bastante bem."

Ex-jogador Careca Bianchesi hoje atua como comentarista em rádio mexicana - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Ex-jogador Careca Bianchesi hoje atua como comentarista em rádio mexicana
Imagem: Arquivo pessoal

Mesmo morando há cerca de três décadas no México —ficou no país após se aposentar no Monterrey—, Careca costuma acompanhar os jogos do Palmeiras. Tanto que disse acreditar que o time dirigido pelo português Abel Ferreira tem tudo para conquistar o seu terceiro título da Libertadores da América.

"O Palmeiras sempre vai ser favorito em qualquer torneio que jogue, um time grande, um dos maiores times do país, é um bom time e sempre quando jogam times com estas características tem que jogar para ser campeão. Não tem outra forma de pensar, como palmeirense e tendo vivido lá, a ordem é ser campeão em todos os torneios que joga, seja Libertadores, Campeonato Brasileiro, Copa do Brasil, Paulista... Tem que ser campeão, é um time que sempre se arma pra isso", opinou.

Confira outros trechos da entrevista com Careca Bianchesi

UOL Esporte: Qual seu jogo marcante com a camisa do Palmeiras?

Careca Bianchesi: Contra o Vasco da Gama, no Parque Antarctica, foi um jogo que eu me lembro bem, tive uma boa participação. Teve também um pelo Campeonato Brasileiro contra o Cruzeiro, foi um jogo onde eu gostei do meu desempenho, fiz os três gols na vitória por 3x2. São os jogos que eu mais lembro.

Careca Bianchesi ao lado do Pelé antes de jogo comemorativo pelos 50 anos do Rei do Futebol - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Careca Bianchesi ao lado do Pelé antes de jogo comemorativo pelos 50 anos do Rei do Futebol
Imagem: Arquivo pessoal

UOL Esporte: Qual a maior lembrança que você tem do futebol brasileiro?

Careca Bianchesi: Do meu segundo ano pelo Palmeiras, foi um ano maravilhoso, o time foi bem, não conseguimos ser campeões, mas o time foi bem. Teve também o jogo [da seleção brasileira] que nós fizemos em Milão, no estádio San Siro [em 31 de outubro], quando o Pelé fez 50 anos e a festa foi lá no estádio San Ciro cheio, contra uma equipe do resto do mundo. Os jogadores puderam conviver com o Pelé durante uma semana, foi um dos momentos mais belos e que eu desfrutei muitíssimo.

UOL Esporte: Em 1991, você foi convocado à seleção brasileira pelo Falcão para a Copa América. Você entrou no meio do jogo e foi expulso em seguida por ter dado uma cotovelada no zagueiro Oscar Ruggeri. Você acabou não sendo mais convocado. Este é o maior arrependimento da sua carreira?

Careca Bianchesi: Acho que foi o maior erro que eu cometi dentro do futebol. Sim, eu me arrependi, eu não sou acostumado a arrepender-me do eu fiz. Assumo o que eu faço. Foi um erro que eu cometi e sofri por isso, não gosto nem de falar do tema.

UOL Esporte: Depois de ter se aposentado no Monterrey, você seguiu morando no México, onde está há 29 anos. Se sente mais mexicano do que brasileiro?

Careca Bianchesi: A terra onde você tem as suas raízes, você jamais esquece. Sempre vou me sentir brasileiro, vivo aqui no México, me encanta viver aqui, mas é difícil esquecer. Por mais que viva longe da minha terra, vou sempre me sentir brasileiro, não importa onde eu viva.

UOL Esporte: Ainda trabalha na imprensa mexicana?

Careca Bianchesi: Sim, tenho um programa de rádio AM e FM e também no Facebook Live. Já não estou participando tanto todos os dias como eu fazia antes, vou duas, três vezes por semana. No Campeonato Mexicano eu participo da transmissão do Monterrey como local, quando joga em casa, mas já com menos intensidade como antes.

UOL Esporte: Você está gostando do trabalho do Tite na seleção brasileira?

Careca Bianchesi: O Tite está fazendo bem as coisas. Na Copa América chegou, perdeu a final, mas é um time que quase não perde jogos. Nas Eliminatórias [Sul-Americanas] são seis jogos e seis vitórias. O trabalho de um treinador é isso. Gosto do Tite como treinador, acho que ele é o treinador ideal para seleção brasileira atualmente.

UOL Esporte: O Brasil é favorito para ganhar a Copa do Mundo do Qatar?

Careca Bianchesi: Não descarto a possibilidade que ganhe, mas não é o favorito, não. Tem outras seleções da Europa melhores, outras seleções mais completas em cada posição que podem ser a campeã. Mas não descarto a possibilidade de o Tite levar essa equipe para final e ganhe o Mundial.

UOL Esporte: Neymar é o jogador brasileiro mais prestigiado no México atualmente?

Careca Bianchesi: O Neymar é o jogador brasileiro mais prestigiado em todas as partes do mundo, no México também, como podemos imaginar. Eu não sei se é o melhor jogador ou se está dentro dos melhores jogadores do mundo, ele é um jogador que eu gosto de ver jogar, é divertido, pena que se deixa cair demais, faz muita finta quando tocam nele e parece que romperam a sua perna. Acho que ele poderia evitar muitas coisas e seria melhor jogador. Tocar mais rápido, se mover mais rápido pelos espaços... Poderia estar entre os três melhores do mundo se pensasse mais no jogo coletivo e utilizasse sua habilidade, sua rapidez em prol da coletividade, e não só pra si.