Corinthians: Lula Molusco, Acosta diz que faria sucesso ao lado de Ronaldo
Passando por um momento inconstante no Brasileirão, mas ainda sete pontos à frente da zona de rebaixamento, o Corinthians recebe hoje (17) o embalado Atlético-MG, às 19h, na Neo Química Arena, para tentar se aproximar um pouco mais do pelotão de frente e afastar a sina de um dos piores mandantes da atual edição do torneio. O fraco desempenho nas 11 primeiras rodadas deixa a torcida em alerta, tanto que alguns até temem a possível nova queda à Série B.
Em entrevista ao UOL Esporte, o atacante Beto Acosta, ainda em atividade aos 44 anos, recordou a campanha corintiana na Segundona na temporada 2008, a dupla que formou com Ronaldo Fenômeno, a grave lesão que o fez perder espaço na equipe paulista, o apelido carinhoso de Lula Molusco que ganhou no Recife e a forte identificação que tem com outro clube que briga para voltar à elite: o Náutico (atual líder da Série B).
Apesar da campanha irregular do Náutico no Brasileirão de 2007 —cinco pontos à frente do rebaixado Corinthians—, o jogador uruguaio foi um dos destaques daquela temporada ao ser o vice-artilheiro, com 19 gols, um menos que Josiel, então no Paraná Clube. O bom desempenho despertou a atenção de clubes do eixo Rio-São Paulo, inclusive, abrindo um leilão à época entre Corinthians e São Paulo, que havia se sagrado campeão nacional naquele ano.
"Tinha várias propostas em cima da mesa, Corinthians, São Paulo, Flamengo, Fluminense, Santos, Palmeiras... Meu empresário me disse para escolher onde queria jogar, e escolhemos o São Paulo. O Andrés Sanchez [então presidente do Alvinegro] sabia que eu ia fechar com o São Paulo e falou comigo. O Corinthians veio com dinheiro a mais. Escolhi quem me pagava mais, e o Corinthians me pagou tudo, me ajudou pra caramba, aprendi a ser vencedor com três títulos", disse Acosta, recordando as campanhas vitoriosas da Série B (2008), do Paulistão e da Copa do Brasil (ambos em 2009).
"Fui contratado como um dos melhores jogadores na ocasião, demorei um pouco para me adaptar porque o Corinthians é outro mundo, outro ambiente, mas quando eu peguei a manha foi bom", acrescentou
A passagem do uruguaio pelo Parque São Jorge, no entanto, não foi das melhores. O jogador tinha um dos salários mais altos do elenco, não repetiu as atuações que havia feito no Timbu e ainda sofreu com uma fratura na tíbia da perna esquerda.
"Você nunca sabe quando vai se machucar. Eu quebrei a tíbia no jogo contra o Criciúma, em 2008 [pela Série B], e era para me recuperar em quatro meses, mas fiquei quase oito meses [parado]. Tenho uma plaquinha e houve rejeição", contou o atacante, que encontrou forte concorrência ao retornar aos gramados.
"O Corinthians estava bem. Quando eu voltei já estava o Ronaldo Fenômeno, tinha o Dentinho, Jorge Henrique e eles estavam voando, fiquei meio para trás. Se eu não tivesse me machucado, eu ficaria mais no Corinthians porque todos os jogadores gostavam de mim, dirigentes, o presidente... Mas foi uma opção minha ter saído, estava voltando da lesão e preferi sair para pegar ritmo de jogo no Náutico", disse o atacante, que fez 39 jogos e nove gols com a camisa corintiana.
Ronaldo Fenômeno parou aniversário da filha
No período em que se recuperava da lesão, o Corinthians fez uma contratação bombástica ao anunciar o acerto com Ronaldo Fenômeno, em 9 de dezembro de 2008, considerado até hoje como maior negócio de marketing da história do clube. Segundo Acosta, eles poderiam ter feito uma dupla de sucesso caso não tivesse se lesionado.
"Com certeza [iria ter sucesso], tive a oportunidade, joguei pouco com ele porque fiquei muito no banco de reservas, mas treinei com ele, que é um cara de outro mundo. Ele é um cara simples, humilde, levei um choque, nunca imaginei isso [jogar ao lado dele]. Foi legal conviver com ele, é um fenômeno dentro e fora de campo", elogiou o uruguaio, que chegou a receber em sua casa o melhor jogador do mundo em três temporadas (1996, 97 e 2002).
"Conheci a família, ele foi no aniversário da minha filha. Ele foi na minha casa, parou a festa, imagina. Tinha fãs dele e ele parou [risos]."
Confira outros trechos da entrevista com Acosta
UOL Esporte: Você já se aposentou ou ainda está jogado?
Acosta: Joguei este ano [pelo Penarol-AM, mas atuou por apenas 63 minutos] e fomos campeões [do Amazonense 2020, que encerrou apenas em março deste ano]. Estou pensando em me aposentar, não queria jogar mais, mas se chegar uma ótima proposta quem sabe. Tenho propostas para jogar a Série D, mas são muitas viagens e, se não aparecer alguma coisa mais interessante, vou me aposentar.
UOL Esporte: Você se identifica mais com o Náutico ou com o Corinthians?
Acosta: Mais com o Náutico, sou torcedor do Náutico, já me chamaram para trabalhar no clube, vou pensar nisso mais para frente. Tive anos espetaculares no clube. Não lembro de um jogo ruim com a camisa do Náutico, ou fazia gol ou dava passe para gol. Tive alguns jogos marcantes contra Botafogo, São Paulo, Goiás e Corinthians, quando ganhamos por 3x0 no Morumbi [pelo Brasileiro de 2007]. Não fiz gol, mas joguei pra caramba [risos]. Depois teve o jogo no Pacaembu, pela Copa do Brasil de 2007, contra o Corinthians. No Recife, empatamos em 2 a 2, e no Pacaembu, vencemos por 2 a 0 [pelas oitavas de final] e eu marquei o segundo gol.
UOL Esporte: Faltou um título pelo Náutico?
Acosta: Faltou, não fui campeão, mas lá ganhei prêmio sozinho [foi eleito um dos melhores atacantes e entrou na seleção do Brasileirão de 2007]. Trocaria todos os prêmios que eu ganhei por um título pelo Náutico. Título deixa marca, mas fiquei marcado pelos prêmios que ganhei sozinho.
UOL Esporte: Mas você acompanha os jogos do Corinthians?
Acosta: Acompanho mais o Náutico, mas também assisto, às vezes, os jogos do Corinthians. Falo muito com o Chicão [ex-zagueiro], com o Alessandro Guerreiro [ex-lateral e hoje gerente de futebol do clube paulista], aquela turma do Corinthians [de 2008/2009]. Mas não sou aquele torcedor fanático de ficar vidrado, vejo alguma coisa.
UOL Esporte: O apelido de Lula Molusco incomoda você, acha parecido?
Acosta: Sim, é igualzinho [risos]. Eu brinco muito com isso. No Recife, até fizeram uma bandeira minha como Lula Molusco. Começou com a torcida do Náutico e pegou. Mas eu não sou de assistir o Bob Esponja [risos].
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