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'Hoje, eu sou o Nilmar de novo', diz ex-jogador sobre depressão

Nilmar durante treino do Santos, em 2017; jogador foi diagnosticado com depressão no mesmo ano - Divulgação Santos
Nilmar durante treino do Santos, em 2017; jogador foi diagnosticado com depressão no mesmo ano Imagem: Divulgação Santos

Do UOL, em São Paulo

19/07/2021 22h50Atualizada em 20/07/2021 00h31

Nilmar já tinha passado por grandes clubes, como Corinthians, Internacional, Villareal e Lyon, além de ter disputado uma Copa do Mundo com a seleção brasileira, em 2010, quando decidiu voltar ao Brasil para encerrar sua carreira no Santos, em 2017. Em Minas Gerais com a equipe para uma partida contra o Cruzeiro, ele se sentiu mal. A tristeza profunda, que já era um sentimento comum nos dias anteriores, acompanhou uma paralisia em todo o lado direito do corpo. Era o primeiro sinal físico da depressão.

"Vivi na pele, e só fui diagnosticado porque senti no corpo, foi físico. Eu não dividia com ninguém, era muito retraído, nem com a minha esposa. Sempre fui muito "vim do interior, não tinha nada, por que estou triste? Vai melhorar". Acho também prejudicou muito eu não externar para alguém mais próximo, procurar ajuda profissional", relembrou em entrevista ao canal do jornalista Duda Garbi no Youtube.

"Eu fui entender que é um 'pote' que encheu no momento eu tive uma paralisação depois de um jogo em Minas Gerais. Na concentração eu estava tão estressado que não tinha vontade de treinar, de jogar, tinha perdido o prazer daquilo que eu mais amava. Paralisou todo meu lado direito do corpo, fui para o hospital e fiquei dois dias. Exames no corpo todo e não tinha nada. Coração a 200 por hora e não era 'nada', mas muito stress e ansiedade", detalha.

Sem vontade de continuar sua rotina no esporte, o contrato com o Santos foi rescindido poucos meses depois, dando espaço para o tratamento e o acompanhamento psicológico com a ajuda de profissionais, e principalmente, o apoio da família.

"Procurei ajuda, foram seis meses sem fazer nada, só deitado no sofá. Eu tinha vergonha. O que me conformou foram pessoas que passaram pelo problema, conhecidas, treinadores famosos, jogadores, que tiveram e não veio a público. Aquilo foi me confortando, fui conversando com eles. É uma coisa química. Procurei ajuda, psicólogo, tomei medicamentos. Foi difícil aceitar me medicar", conta. "O apoio da família foi muito importante também. É difícil para quem está próximo que uma pessoa alegre, feliz, realizada, que tinha voltado para o Brasil para os últimos dois anos da carreira para um time legal, com estrutura".

Aos 37 anos, o ex-jogador, que está longe dos gramados desde então, diz que se sente bem, e que continua se cuidando. "Até hoje tenho acompanhamento. Eu me conheço", diz, satisfeito.

"Não me sinto curado, me sinto bem. Me sinto realizado em conseguir entender essa doença. Não é que não acreditava, mas achava muito difícil uma pessoa que tem tudo... Eu, pai de família, joguei na seleção, Copa do Mundo, ganhei dinheiro, aquela coisa. Pensamento bobo. Hoje eu sou o Nilmar de novo, e até melhor do que eu jogava - porque quando jogava vivia no automático. É difícil se reencontrar. Eu trabalharia nessa parte do futebol, com um olhar... É outro mundo. O que a gente vive lá dentro, a gente vê muito jogador se perdendo porque é muito tentador o poder que é dado, ainda mais para nós, brasileiros".