Cafezinho lembra briga com Romário: 'Ficou na história. Pode dar um Google'
Já se passaram 24 anos desde aquele episódio e nesse intervalo está incluso um título do Brasileirão pelo Vasco, ao lado de craques como Edmundo e Evair. Porém, uma confusão com Romário em campo acabou virando o marco da carreira de João Cristiano Araújo, o Cafezinho. Foi durante um confronto entre Flamengo e Madureira, na Gávea, pelo Campeonato Carioca de 1997. Conformado com esta memória, o ex-lateral ainda brinca com a situação depois de tanto tempo.
"Fiquei marcado. Os caras não se lembram de mim no Náutico. Quando tinha os gols do Fantástico [da TV Globo], o [Fernando] Vannucci e o Léo Batista falavam: 'Cafezinho chegou no fundo e cruzou para fulano fazer o gol. Não lembram de mim jogando, só da briga com o Romário", disse aos risos o ex-jogador maceioense, atualmente com 56 anos e aposentado por invalidez, em 2005, após sofrer dura entrada de um jogador adversário pelo Campeonato Alagoano.
"A briga foi no primeiro semestre de 97. Quando eu fui para o Vasco da Gama no segundo semestre, os caras comentaram, o Edmundo, Evair: 'pô, brigaste com o Baixinho. Isso ficou na história, pode colocar no Google: 'briga com o Romário'. Já vem direto Cafezinho. Ficou na história, me marcou bastante isso aí", acrescentou em entrevista ao UOL Esporte.
Aquela goleada flamenguista por 7 a 0 se tornou uma briga generalizada. Tanto que o então técnico flamenguista Júnior, ex-lateral e hoje comentarista, também invadiu o gramado e acertou um soco no rosto do lateral do Madureira. Os envolvidos na baderna, no entanto, acabaram selando as pazes uma semana depois do episódio durante treinos das duas equipes na praia.
Cafezinho revelou que teve receio de ter as portas fechadas no futebol por causa do entrevo com um craque de fama mundial e recordou outro encontro, quase dez anos depois, com o tetracampeão mundial pela seleção brasileira, em 1994. Ele estava se recuperando de uma grave lesão, com receio até de que sua carreira pudesse ter terminado.
"Em 2005, fui Rio de Janeiro e passei em São Januário. O Romário estava jogando no Vasco, e o Renato Gaúcho era o treinador. O Baixinho me atendeu muito bem, me desejou boa recuperação, estava com parafusos e aquela gaiola na perna. Fiquei com medo por ter brigado com uma pessoa tão importante do futebol, do pessoal me rejeitar, de pegar no meu pé e eu não conseguir jogar bola mais. Mas, graças a Deus, depois daquilo ainda joguei no Vasco da Gama, CRB, CSA...", desabafou. "Mas ainda sonho em encontrar novamente com o Romário e dizer que aquilo foi um momento de cabeça quente. Não levo mágoa dele, pelo contrário, quero que Deus abençoe ele sempre."
Passagem pelo Vasco
Como a torcida vascaína ainda estava na bronca com Romário, acusando o atacante de ter traído o clube que o revelou ao fechar com o Flamengo em 1995, Cafezinho acabou se tornando xodó dos cruz-maltinos. Tanto que o lateral foi contratado para disputar o Brasileirão de 1997. Porém, foram apenas quatro jogos pelo time campeão daquela edição —ele acabou dispensado na temporada seguinte.
"Fui campeão brasileiro no Vasco, fiquei no banco de reservas, às vezes nem ficava. Tinha o César Prates, que tinha vindo do Real Madrid. É o título de maior expressão da minha carreira", disse. "Cheguei com 31 anos, com a idade já avançada. Comecei no futebol com a idade avançada também, aos 22 anos, isso atrapalhou. Se eu tivesse tido essa oportunidade de começar cedo, eu me garantia, porque eu tinha qualidade e tinha força. Quando fui dispensado do Vasco, tinha, além do César Prates, um rapaz chamado Maricá, que o [técnico] Antônio Lopes gostava muito. Também tinha o Válber, que jogava em todas as posições", completou.
Veja outros trechos da entrevista com Cafezinho:
UOL Esporte: Ter jogado no Vasco campeão brasileiro de 1997, que tinha no elenco Carlos Germano, Válber, Mauro Galvão, Felipe, Pedrinho, Juninho Pernambucano, Ramon, Edmundo e Evair, entre outros, foi o ápice da sua carreira?
Cafezinho: Sim, eu fui campeão brasileiro no Vasco da Gama. Foi o maior prazer da minha vida jogar ao lado de Evair, Edmundo... Ter jogado contra Romário, Túlio e Bebeto, foi um sonho realizado. Não fiquei rico com o futebol, mas, graças a Deus, estou contente por tudo aquilo que eu fiz. Fui destaque por vários anos no Náutico, no Santa Cruz. Joguei com um cara chamado Augusto, um meia que tinha muita qualidade e não sei como um cabra como aquele não vingou no futebol. Joguei com o Cláudio Adão no Santa Cruz, então é um sonho realizado.
UOL Esporte: Como foi a entrada dura que você recebeu e que o fez se aposentar?
Cafezinho: Foi em 2005, tomei um carrinho e quebrei a perna, quebrei o joelho. Fiz duas cirurgias na perna. Tirei os parafusos e comecei a fisioterapia. Mas o médico me perguntou o que eu tinha no joelho. Fiz uma ressonância e tive que fazer uma cirurgia no joelho, mas a minha perna ficou mole. Tenho platina na perna e no joelho, uma placa com parafuso. Tenho dificuldade para andar, não tenho firmeza na perna, não posso botar a perna firme no chão.
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