Reinaldo vai a almoço da CBF em meio à tensão sobre papel de interventor
Nomeado pela Justiça um dos interventores da CBF, o presidente da Federação Paulista, Reinaldo Carneiro Bastos, esteve hoje (1) em um almoço organizado pela entidade — o convite foi assinado pelo Coronel Nunes, presidente em exercício.
O almoço aconteceu em um restaurante no Jockey Club do Rio, no Jardim Botânico, bairro da Zona Sul. O encontro se dá em meio a um clima tenso nos bastidores e envolve o equilíbrio de poder na CBF.
O cenário geral gera desconfiança. Reinaldo ainda não disse se vai aceitar a função de interventor, ao lado de Rodolfo Landim, presidente do Flamengo. Eles têm até terça-feira (3) para dar uma resposta à Justiça. Uma resposta positiva implica em um compromisso de não concorrer à eleição presidencial da CBF a qual a dupla precisa organizar, conforme decisão judicial em vigor que anulou o pleito que levou Rogério Caboclo ao poder, em 2018.
No almoço de hoje, o UOL Esporte apurou que Reinaldo não ficou na mesma mesa do Coronel Nunes. O cartola da Federação Paulista teve ao seu redor alguns diretores da CBF e dois dos vices, Marcus Vicente (que depois foi para outra mesa) e Antônio Aquino. Durante a semana, a Justiça deu poderes aos interventores para demitir, se necessário, quem tem alto cargo na CBF e por acaso atrapalhar o processo de revisão do estatuto e a realização da eleição na entidade.
Presidentes das Federações de Goiás e Mato Grosso do Sul também ficaram nos assentos mais próximos a Reinaldo. Em outra mesa estava o Coronel Nunes, acompanhado de alguns familiares, como a filha. Fernando Sarney e Francisco Novelletto, dois dos vices da CBF, também tomaram assento nesse grupo.
Em outra parte do salão, se juntaram os dirigentes de Alagoas, Ceará, Sergipe e Rio Grande do Norte, além de outros dois vices da CBF, Castellar Neto e Gustavo Feijó. Marcus Vicente depois se juntou a esse grupo. Presidentes das federações de Roraima e Santa Cantarina também apareceram no almoço.
A CBF já se manifestou publicamente contra e prometeu recorrer da decisão judicial que anulou a eleição e trouxe a intervenção a reboque. A entidade aposta que conseguirá reverter a sentença proferida pelo juiz Mário Cunha Olinto Filho, da 2ª Vara Cível do Tribunal de Justiça do Rio. A decisão ainda diz que os clubes da Série A devem participar da definição das regras eleitorais.
Os integrantes do tabuleiro político se voltam para Reinaldo e Landim porque, caso a decisão continue em pé, eles podem nomear o vice-presidente que — no lugar do Coronel Nunes — pode responder pela entidade até a posse do novo presidente, que, pelo cenário atual, deve ser eleito em até 60 dias.
Os cenários
Se a decisão de anular a eleição se sustentar, a diretoria da CBF até se livraria de Rogério Caboclo — afastado atualmente porque é alvo de denúncia na Comissão de Ética por assédio moral e sexual. Ao mesmo tempo, uma ruptura tão ampla assim do sistema assusta alguns dirigentes.
No andamento anterior relacionado a Caboclo — um cenário no qual ele seria condenado na Comissão de Ética e teria a saída definitiva referendada pelas federações em uma assembleia geral marcada para terça-feira —, o passo seguinte seria convocar uma eleição para completar o mandato até 2023. E desse pleito só poderiam participar os atuais oito vices da CBF. Na nova eleição a ser organizada por determinação judicial, o horizonte de candidatos aumenta.
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