Cruzeiro acentua crise e sofre com debandada de diretores estratégicos
O Cruzeiro acumula problemas, dentro e fora de campo, e tenta nos bastidores encontrar soluções viáveis para o caos pelo qual passa o clube. O encaminhamento da Sociedade Anônima do Futebol, possibilidade aprovada na última terça-feira pelo Conselho Deliberativo celeste, tem sido uma grande esperança por dias melhores. Enquanto o projeto não ganha forma e força na prática, o clube testemunha uma debandada de funcionários que ocupavam cargos estratégicos na instituição.
Diretores, gerentes e funcionários administrativos de várias pastas importantes anunciaram nos últimos dias o desligamento de seus cargos. Isso deixa o Cruzeiro ainda mais fragilizado do ponto de vista institucional em um momento crucial para a agremiação, que visa migrar do modelo associativo sem fins lucrativos para o clube-empresa. Afinal, no gramado o desempenho esportivo está muito aquém do esperado, já que a Raposa é apenas a 18ª colocada, frequenta a zona de rebaixamento da Série B e tem pouquíssimas perspectivas de acesso à Primeira Divisão,
Todas essas saídas acontecem em um período de maior atraso salarial, já que o clube tem enormes dificuldades para honrar compromissos com os seus funcionários. Tanto que ações foram lançadas com o intuito de angariar dinheiro com o torcedor de forma direta, como o CruPix, baseado na nova modalidade de transferências utilizadas por bancos [PIX].
"Recentemente perdemos colaboradores, que recebem propostas de ir para outro lugar. A gente queria reter, mas eu falo que, infelizmente, a realidade é essa. Peço, sempre aos que estão aqui, e continuo agradecendo pelo carinho e dedicação, mas para confiarem que isso [atraso salarial] incomoda a gente. Trabalhamos o dia inteiro para resolver e vamos resolver", disse em entrevista recente o presidente do Cruzeiro, Sérgio Santos Rodrigues.
Quem saiu?
Dentre saídas recentes e de pessoas que ocupavam cargos estratégicos, o mais recente adeus foi do diretor de controladoria e finanças Matheus Rocha, que exerceu o papel de diretor de finanças entre junho de 2020 e março de 2021, quando passou à função de diretor de contabilidade até sua saída, anunciada ontem.
"Deixei uma multinacional para encarar este importante desafio no Cruzeiro, com o intuito de ajudar a instituição que amo da melhor forma possível. A caminhada ainda é longa, mas creio que desempenhamos um bom papel dentro deste ciclo (...) tivemos ótimos feedbacks de instituições como a Itaú BBA em seus estudos rotineiros. Volto agora para a arquibancada e continuarei torcendo para que o Cruzeiro retome seu caminho de glórias", destacou Rocha em sua despedida, publicada em nota oficial do Cruzeiro.
Trabalhar "por amor"
Recentemente, o presidente Sérgio Santos Rodrigues chegou a dizer que os funcionários que permaneciam no Cruzeiro mesmo com a dificuldade pelo não recebimento dos salários, estavam no clube "por amor".
"Quem está no Cruzeiro, está por amor, está porque quer. Eu faço uma analogia com o meu escritório. Eu não deixo de advogar para empresa que não me paga, ou para pessoa física que não me paga. A gente tem que ir com o mesmo carinho e dedicação, porque o meu prazer é advogar", disse em meados de junho deste ano.
Outras saídas
Antes de Matheus Rocha outros funcionários de cargos importantes deixaram o clube. Como por exemplo o diretor comercial e de inteligência Matheus Gonzaga, que se desligou da função no fim de julho alegando motivos particulares.
"O profissional tinha um acordo com a gestão na condução de um processo de reestruturação da área de negócios, fechando o ciclo de forma positiva para ambas as partes, o que de fato aconteceu", informou o Cruzeiro à época por meio de nota.
"Foi também um prazer muito grande participar do processo de profissionalização na instituição, implementação de processos, e por ter contribuído junto ao time para sermos o quarto clube com maior arrecadação comercial do Brasil em 2020, além de sermos o sétimo com maior arrecadação em sócio torcedor, mesmo em cenário de pandemia", se despediu Gonzaga na ocasião.
Outras peças que deixaram o clube foram a diretora de marketing Luiza Guimarães, o gerente de marketing Thales Mendes e o gerente de conteúdo digital Daniel Hott.
O UOL Esporte solicitou ao Cruzeiro um posicionamento sobre o novo organograma da instituição com as devidas substituições pelas saídas recentes de diretores e gerentes. A reportagem aguarda uma resposta, que não chegou até a publicação da matéria. Assim que forem esclarecidas tais mudanças as explicações serão incluídas no texto.
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