Ontem, o mundo do futebol foi pego de surpresa com a notícia de que a história de Lionel Messi e Barcelona chegou ao fim. Quando tudo parecia encaminhado para um acordo pela permanência do craque argentino, o Barcelona anunciou que ele não continuaria no clube. A equação financeira para mantê-lo, mesmo com uma redução salarial, não fechou. Separados, resta saber qual rumo cada um deles deve tomar daqui para a frente.
No podcast Futebol sem Fronteiras #13 (ouça na íntegra no episódio acima), o colunista Julio Gomes e o correspondente internacional Jamil Chade receberam o correspondente Thiago Arantes e o jornalista German Bona, do diário espanhol Sport, para trazer detalhes da saída de Messi e o impacto desta notícia no cube catalão.
"Estava tudo certo e, de repente, no dia do fico, virou o dia do 'vai embora'. Pegou todo mundo de surpresa. Seis meses atrás, acho que não teria gerado tanta surpresa quanto ontem. Messi e Barcelona estavam em pé de guerra e o jogador estava livre para assinar com qualquer clube. Agora, passamos vinte dias lendo que estava tudo certo e, de repente, nada mais estava certo.", disse Julio
Para Jamil, a forma como ocorreu a saída de Messi evidencia o abismo cada vez maior entre o futebol "do mundo mortal" e o da elite financeira . "O que aconteceu foi fora das quatro linhas. Existia uma intenção do jogador em ficar e do clube em tê-lo. Não era o fim de namoro, um divórcio do time com seu principal astro. De uma certa forma, essa história revela como hoje, no século 21, é tão complexa a engenharia financeira do futebol de elite. Se o Messi não cabe no Barcelona, quantos clubes podem ter esses grandes jogadores? Estamos falando em uma distância cada vez maior entre o futebol e essa elite que se transformou em um enorme quebra-cabeça financeiro, moldando quem fica ou não", analisou.
Thiago resumiu como um clube tão rico como o Barcelona não conseguiu se enquadrar na regra do fair play financeiro da liga espanhola e, por isso, não teve condições de arcar com o salário de Messi. "Antes, o clube faturava mais, pagava mais, e a massa salarial chegava perto de 90%, 80% do que era o faturamento do clube. Com a pandemia e os vários problemas que o Barcelona teve de gestão nos últimos anos, o clube não consegue mais equalizar essa questão de quanto paga de salário e quanto tem de faturamento. Alguns jogadores aceitaram uma redução salarial, incluindo o Messi. Mesmo assim, a queda de faturamento foi tão grande que o clube não consegue mais acompanhar esses valores com a folha de pagamento", disse.
Quando estava tudo apalavrado e prestes a ser concluído, o acordo melou, como apontou German. "O acordo estava fechado por cinco anos. O pai do Messi havia viajado para assinar o novo contrato. O jogador só queria atuar pelo Barça. A janela de transferências termina em 2 de setembro. Há tempo para as coisas mudarem. Fala-se em uma medida de pressão do Barcelona para tentar forçar a situação. Não sabemos. [Joan] Laporta [presidente do Barcelona] tem sua maneira de trabalhar, mas a sensação é de que está tudo terminado", explicou o jornalista.
Para Thiago, a saída de Messi significa uma grande perda não apenas dentro de campo para o Barcelona, mas também um baque para suas finanças e administração. "Em uma análise bem fria, é o Barcelona ficando pequeno, chegando a limites que não tinha antes. Isso certamente vai se refletir dentro do campo. Obviamente, com menos dinheiro você tem menos capacidade de contratar grandes jogadores ", completou
Ouça o podcast Futebol sem Fronteiras e confira também o debate sobre os rumos que a carreira de Messi pode tomar e as perspectivas para o Barcelona após perder seu maior astro.
Não perca! Acompanhe os episódios do podcast Futebol sem Fronteiras todas as quintas-feiras às 15h no Canal UOL.
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