Reinaldo e Landim pediram antecipação da intervenção na CBF; ato pegou mal
Os presidentes da Federação Paulista, Reinaldo Carneiro Bastos, e do Flamengo, Rodolfo Landim, tiveram uma parcela de participação no roteiro que culminou com a intervenção — ainda que relâmpago e derrubada por um efeito suspensivo — no comando da CBF. Eles só assinaram o termo de aceitação da nomeação como interventores na segunda-feira (2) porque solicitaram a antecipação à Justiça. O ato não foi bem recebido pela cúpula da CBF. Inicialmente, o dia fixado pelo juiz Mario Cunha Olinto Filho, em decisão na semana anterior, era a terça-feira (3).
Landim e Reinaldo foram nomeados pela Justiça para essa missão a reboque da anulação da eleição de 2018, que levou Rogério Caboclo ao poder. A alegação do Ministério Público do Rio, autor da ação, foi de que a definição das regras do pleito se deu de forma ilegal — sem a presença dos clubes da Série A. Olinto Filho aceitou a argumentação e definiu que a função primárias dos interventores seria convocar a assembleia geral para revisar o estatuto, revendo o peso dos votos de federações e clubes, e outras regras eleitorais. Por fim, um novo pleito deveria ser convocado em até 60 dias.
Ao enviarem uma petição na manhã de segunda-feira, o movimento de Reinaldo e Landim foi uma tentativa de evitar que a assembleia geral da CBF, convocada para o dia seguinte, pudesse "retirar e desacreditar judicialmente a intervenção e causar embaraços aos interventores". A assembleia reuniu as 27 federações estaduais e foi convocada no mesmo dia em que a decisão original de anular a eleição de Caboclo foi publicada (26 de julho).
Na petição de segunda-feira, a qual o UOL Esporte teve acesso, Landim e Reinaldo questionaram em juízo um dos itens da pauta da assembleia, que era referendar o Coronel Nunes como presidente interino da entidade. Vice-presidente mais velho entre os oito eleitos em 2018, Nunes está no cargo porque Rogério Caboclo está afastado por ter contra si uma denúncia de assédio moral e sexual tramitando na Comissão de Ética do Futebol Brasileiro.
Landim e Reinaldo alegaram que a permanência do Coronel Nunes seria um conflito "com o poder atribuído pelo juízo aos interventores", já que a dupla poderia indicar um novo presidente entre os vices, segundo decisão anterior do mesmo Mario Cunha Olinto Filho.
Quando o juiz concordou com o pedido de antecipação da assinatura do termo de intervenção, na segunda-feira, ao mesmo tempo ele sentenciou que a deliberação da assembleia da CBF sobre Nunes — àquela altura — seria ineficaz, diante do que já fora decidido: os interventores deveriam indicar o vice que responderia no momento de transição pela presidência da CBF (até a conclusão da eleição que seria convocada).
Com o termo assinado, Landim e Reinaldo foram à sede da CBF acompanhados por um oficial de justiça para fazer valer a intervenção. Gustavo Delbin, advogado que é vice-presidente de Registros, Transferências e Licenciamento da Federação Paulista de Futebol, estava com eles.
Mas a mobilização foi em vão, já que cerca de 20 minutos depois que eles chegaram à sala da presidência, a CBF recebeu a informação de que um efeito suspensivo tinha sido concedido. Sendo assim, toda decisão sobre anulação da eleição de Caboclo e a nomeação dos interventores tinha caído por terra.
Entre as federações, o efeito desse movimento de Reinaldo junto a Landim gerou uma perda de confiança — embora os interventores não pudessem participar da eleição que organizariam. Na terça-feira, antes da assembleia geral e já com a intervenção derrubada, houve uma reunião entre os dirigentes na CBF. Reinaldo disse aos pares que os procedimentos foram muito atropelados na semana anterior, que a escolha da Justiça para ser interventor não foi imaginada e que ele só aceitaria novamente ser interventor — caso ocorresse uma decisão posterior — se as federações quisessem.
O efeito suspensivo foi muito comemorado internamente na CBF. Por ora, Nunes segue no cargo. E todos estão à espera de um veredito da Comissão de Ética a respeito de Rogério Caboclo. A assembleia geral de terça-feira está aberta até o desfecho do caso, já que ela precisa referendar a decisão final sobre o presidente agora afastado.
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