Athletico x São Paulo sem TV preocupa torcedores surdos: "nos excluem"
O duelo entre Athletico e São Paulo hoje (7), às 18h (de Brasília), na Arena da Baixada, não terá transmissão de nenhuma emissora de televisão, o que levará muitos torcedores de volta ao rádio. Uma parte da torcida, no entanto, não tem essa opção: os surdos.
O são-paulino Marcos Meireles, 37, tinha a ajuda do pai nessas situações. Ouvinte, ele acompanhava pelo rádio e descrevia ao filho pela linguagem dos sinais. Desde que Marcos se casou, porém, isso ficou mais complicado. A mulher dele também é surda.
"Fico muito decepcionado quando os jogos não passam na TV. No rádio eu não consigo escutar. Desde que deixei de morar com meu pai, eu uso os aplicativos que exibem jogos online para tentar assistir, mas é uma sensação bem fria", explica.
Situação semelhante acontece na zona sul de São Paulo, com Alexandre Cavalcanti, 60, que é surdo, e o filho Fred, 36. Enquanto o pai fica de olho nos tempos reais de sites, Fred detalha o máximo que dá sobre o que está ouvindo no rádio.
"Não é tudo que a gente consegue falar que está acontecendo, porque é muito rápido. Mas eu falo quando o São Paulo está no ataque, quem fica mais com a bola e alguma opinião dos comentaristas. Mas se para a gente que ouve não é muito legal acompanhar pelo rádio, imagina para ele", diz Fred.
O jogo "fantasma" acontece porque o Athletico não chegou a um acordo com o Premiere para exibir seus jogos no pay-per-view. Outra opção seria a TV fechada, mas o clube paranaense tem acordo com a TNT, enquanto o vínculo do São Paulo é com o SporTV.
Em jogos dentro de casa, o Athletico tem feito transmissões via streaming pela "Furacão Live". O plano mensal do serviço sai por R$ 24,90. Para os torcedores dos visitantes, a oferta acaba não sendo tão atrativa. "Eu até cogitei assinar, mas não vale a pena só por dois jogos. Se fosse uns R$ 5 até poderia pensar, mas desse jeito não compensa", opina o são-paulino Herick Bomtorin, 39.
Em casos assim, Herick costuma recorrer aos tempos reais para acompanhar o jogo do São Paulo. Mas a experiência nem se compara com torcer com imagens. "É difícil ver o sofrimento de parte da comunidade de torcedores surdos nesses momentos. Nos excluem. Faltou empatia conosco", diz.
Marcos, Herick e Alexandre fazem parte de um grupo de WhatsApp de torcedores surdos do São Paulo, com quase 140 membros. Durante partidas "fantasmas", eles tentam se ajudar com links de transmissões piratas na internet.
Quando Athletico e São Paulo se enfrentaram em 2019, o UOL Esporte encontrou pelo menos dois perfis transmitindo o duelo na arquibancada. Dessa vez, no entanto, nem isso será possível. Os jogos do Brasileirão seguem ocorrendo com portões fechados por causa da pandemia da covid-19.
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