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Herói da última eliminação palmeirense sobre o SPFC luta jiu-jitsu nos EUA

Palmeiras campeão paulista 2008 - Eduardo Knapp/Folhapress
Palmeiras campeão paulista 2008 Imagem: Eduardo Knapp/Folhapress

Diego Iwata Lima

Do UOL, em São Paulo

17/08/2021 04h00

Faz pouco mais de 13 anos que o Palmeiras conseguiu, pela última vez, algo que busca repetir nesta terça (17), no Allianz Parque. Foi na semifinal do Paulista de 2008, que viria a conquistar sobre a Ponte Preta, que o Alviverde eliminou o São Paulo pela última vez em um duelo de mata-mata. E o homem que abriu caminho para a vaga, com um chute de fora da área, hoje dá chutes e outros golpes, mas sobre o tatame. Léo Lima, 39, tornou-se lutador de jiu-jítsu e muay thai, conforme confirmou ao UOL Esporte.

"O Muay Thai eu já praticava há dez anos, mais ou menos", contou ele em entrevista. "Meu filho é faixa marrom de jiu-jítsu", acrescentou ele, mostrando que a luta não é mero acaso na família. Mas Léo não tem pretensões profissionais nos esportes de contato. "Até porque, nem tenho mais idade para isso", conta o ex-jogador, que fica no Brasil até quinta-feira (19), a passeio.

Léo mora atualmente em Orlando, nos Estados Unidos, e enquanto falava com a reportagem, corria para fazer os exames PCR para detecção de coronavírus e poder retornar ao país onde ficou residência. É lá que se arrisca nas duas modalidades, sem deixar de também jogar futebol. Mas nada sério. O também ex-jogador de Vasco, Flamengo, Grêmio, Santos, Madureira, Goiás e do próprio São Paulo, entre outros, atua em times amadores. Em seu perfil no Instagram, há fotos do ex-meia com troféus conquistados, alguns em parceria com o também ex-jogador Renato Abreu.

Léo está nos EUA desde 2020, onde mora com sua atual esposa Michelle Lima, que já havia morado no país da América do Norte anteriormente. Léo e Michelle se casaram em 2018, um ano e meio depois de Nathalia Solano, sua primeira esposa, morrer em decorrência de um câncer. O último clube de Léo foi a Anapolina, de Goiás, de onde foi dispensado em 2019.

Inicialmente, Léo tinha planos de jogar por mais uns dois anos, mas depois de deixar o futebol goiano, o meia não conseguiu mais espaço para seguir jogando e, até por isso, passou a se dedicar mais às artes marciais. "Mas é só por hobby mesmo", garante.

Jogo de 2008 teve de tudo

Até porque as eliminações para o São Paulo nas Libertadores de 2005 e 2006 eram mais frescas na memória, a semifinal de 2008 contra o São Paulo foram encaradas como questão de honra e chance de desforra pelos palmeirenses. Os brios alviverdes ficaram ainda mais exaltados depois de o São Paulo ter vencido o jogo de ida no Morumbi, com um gol de mão de Adriano.

O velho Parque Antárctica estava lotado. Entre as mais de 30 mil pessoas presentes naquele dia, pouco mais de 1.500 eram torcedores tricolores. Foi bem diante deles que Rogério Ceni falhou, aos 21 do primeiro tempo, e aceitou chute de longe de Léo Lima. A bola fez uma curva no caminho e ainda quicou à frente do camisa 1 são-paulino antes de estufar a rede.

"Aquilo ali foi uma sensação única", disse ele ao UOL, sobre ter feito o gol que abriu caminho para a conquista da vaga. Com o gol de Léo Lima, O Palmeiras foi para o intervalo em vantagem. O São Paulo, em desvantagem, nem conseguiu chegar ao seu vestiário. Pouco depois de descer, jogadores e outros membros da comissão técnica subiram de volta ao gramado, alegando que gás pimenta havia sido liberado no vestiário de visitantes do estádio.

Léo garante que o incidente do gás foi invenção da equipe rival. "Eles inventaram aquilo ali, não teve gás de pimenta coisa nenhuma", afirma com a autoridade de quem jogou no São Paulo dois anos depois.

No segundo tempo, o jogo ficou mais equilibrado, mas o Palmeiras ampliou sua vantagem num lance até hoje inesquecível para os alviverdes. Wendel arrancou com a bola da área palmeirense, praticamente, e avançou até a linha da área, quando rolou para Valdivia fazer o segundo, aos 39. Enquanto o estádio explodia, o chileno fazia uma dancinha em frente aos jogadores do São Paulo e chegou a levar encontrão de Miranda.

Pouco após o gol confirmado, na hora em que o São Paulo iria dar a saída, um forte estrondo foi ouvido do lado de fora do estádio: um transformador também havia explodido, e o Parque Antárctica ficou no escuro — por pouco tempo. Eufóricos, palmeirenses rodavam suas camisas e acendiam as luzes de seus telefones celulares, nada smart à época, fazendo a festa. Em meio a tudo isso, houve ainda tempo para Rogério Ceni empurrar Valdivia novamente, no círculo central, antes de as luzes se reacenderem e o Palmeiras despachar o rival.

"Aquele time não foi também campeão brasileiro por detalhes", afirma Léo, que levantou o campeonato paulista com o clube naquele ano, batendo a Ponte Preta duas vezes na final (1 a 0 e 5 a 0, em São Paulo). "Era um dos grupos mais fortes em que trabalhei", afirma. Sobre as quartas de final desta terça (17), Léo primeiro diz que será difícil torcer, para depois confessar: "Tenho mais apreço pelo Palmeiras".

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