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Como o Inter renasceu em goleada e mudou sua perspectiva no Brasileiro

Yuri Alberto comemora um de seus três gols pelo Inter contra o Flamengo - Ricardo Duarte/Inter
Yuri Alberto comemora um de seus três gols pelo Inter contra o Flamengo Imagem: Ricardo Duarte/Inter

Marinho Saldanha

Do UOL, em Porto Alegre

18/08/2021 04h00

Um time que oscilava, que não tinha vencido duas seguidas no Brasileirão e tentava se distanciar da zona de rebaixamento. Uma torcida irritada, que realizava protestos cada vez mais fortes contra jogadores e dirigentes. Um clube que vivia turbulência interna, com saída do vice de futebol e política 'fervendo' nos bastidores. Essa era a realidade do Internacional até o "renascimento" no Maracanã. A goleada sobre o Flamengo, combinada com a vitória sobre o Fluminense, por 4 a 2, trouxe um novo horizonte, alterando totalmente o cenário do Colorado.

O retorno aconteceu envolto em desconfiança. Quando partiu para a partida contra o Fla, poucos acreditavam de fato que o Inter faria o que fez: 4 a 0. E a partir dali uma série de mudanças no time consolidaram uma nova fase que já faz a equipe de Aguirre olhar para frente ao invés de se preocupar com quem vem atrás.

Taison revê "velhos tempos" com liberdade e arrancadas

O novo posicionamento de Taison foi importante no renascimento do Inter e começou no Maracanã. Até então, o experiente atacante de 33 anos atuava como "central da esquerda", com responsabilidades ofensivas, mas também defensivas. Não era estranho ver o camisa 10 recebendo a bola na defesa e marcando na frente da área. Agora, atua livre, suportado por dois volantes tradicionais. Com mais espaço a partir da mudança de comportamento do time, voltou a dar suas arrancadas características, fez gol e teve atuação destacada também no último jogo.

"Jogamos com dois volantes e liberamos o Taison para o ataque. Seguramente ele se sente bem nesta posição. Tivemos semanas de trabalho, ele se esforço muito, e seu crescimento é normal. Ninguém vai descobrir nada falando do Taison. Ele é um grande jogador e é um prazer imenso trabalhar com ele", disse Aguirre.

O resgate de Lindoso e Dourado

Um dos traumas recentes da torcida do Inter era ver juntos na escalação Rodrigo Lindoso e Rodrigo Dourado. A dupla, testada por Eduardo Coudet e repetida em alguns momentos por Miguel Ángel Ramírez, jamais tinha dado certo. Até que Diego Aguirre conseguiu unir os marcadores em um posicionamento conservador. Postados na proteção à defesa, ambos cresceram e garantem segurança ao setor.

"Foi uma opção muito boa. Usamos o Lindoso e o Dourado na proteção da defesa contra o Flamengo, que na época era talvez o melhor time que poderíamos enfrentar. Foi uma opção que deu certo, correspondeu ao que esperávamos e isso é importante para que o coletivo funcione", completou o treinador.

Defesa bem protegida também cresce

Com a defesa bem protegida por dois volantes mais tradicionais, jogadores que antes atuavam expostos puderam crescer. Neste ponto o destaque é Victor Cuesta, que recuperou seu melhor futebol nos últimos jogos. Com duas assistências contra o Fluminense, o zagueiro argentino também participou de um dos gols no Maracanã ao vencer uma disputa na intermediária com um carrinho, jogada característica de sua passagem pelo Colorado.

Além dele, Bruno Méndez conseguiu um ambiente positivo para desempenhar seu melhor futebol. Saravia, Heitor, Paulo Victor, Moisés, todos participaram sem falhas graves desde a retomada das vitórias.

Yuri Alberto se consolida no ataque

Yuri Alberto chegou a alternar titularidade e reserva com Thiago Galhardo. Foi deslocado para a ponta direita, ficou um mês sem marcar. Mas, a exemplo do time, recuperou sua melhor forma no jogo do Rio de Janeiro. Foram três gols ali, mais um contra o Fluminense, levando o jovem de 20 anos ao posto mais alto novamente. Em boa fase, com total confiança de Diego Aguirre, ele caminha para se consolidar na artilharia do time.

"É um menino incrível, de presente e futuro. Temos falado muito para ele ficar tranquilo, para trabalhar todas as coisas. Mas é tudo mérito dele, tudo que falamos ele faz, é um jogador de equipe, solícito, que todo jogador quer ter. Ele dá a vida com a bola e treina da mesma forma que joga. Está colhendo o que plantou. Ele merece e está começando uma fase de gols. Quando centroavante começa a fazer gols, muitas vezes não para, e tomara que seja assim", elogiou o treinador.

Bastidores se acalmam com vitórias

Com as duas vitórias seguidas, marcando oito gols, o Inter acalmou o ambiente interno. A pressão sobre a gestão diminuiu e até mesmo a possibilidade de contratação de um coordenador técnico é vista com cautela. Novo vice de futebol, Emílio Papaléo Zin foi anunciado em um ambiente positivo e propício para se ambientar à pasta e iniciar seu trabalho.

Nova perspectiva na classificação

E de nada adiantaria mudar o time e acalmar o ambiente se a arrancada não se refletisse a tabela. Mas se refletiu. O Inter pulou para o nono lugar e soma 21 pontos, apenas dois a menos que o último presente na zona de classificação para a próxima Libertadores. Hoje, o Colorado se vê refeito e novamente olhando para o tal espaço na tabela, distante do que ocorria até o duelo no Maracanã. Lá, a realidade era se distanciar da zona de rebaixamento.

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