Salgado diz que Vasco é "viável" e admite obstáculos na busca por reforços
Em entrevista coletiva realizada na manhã de hoje (20), a diretoria do Vasco fez um balanço sobre o momento do time na Série B do Campeonato Brasileiro, competição na qual encontra-se na 11ª colocação, e também no quesito financeiro, uma vez que, recentemente, a Justiça determinou a execução de R$ 93,5 milhões em dívidas trabalhistas.
O presidente Jorge Salgado afirmou que o Cruz-Maltino é um clube viável e reconheceu a necessidade de reforços para o elenco, mas ressaltou que não a cúpula não fará mudanças drásticas de rumo. Além do mandatário, estiveram à mesa o diretor executivo de Futebol Alexandre Pássaro, o 2º vice-presidente Geral Roberto Duque Estrada e o CEO Luiz Mello.
"O Vasco é um clube absolutamente viável. Vivemos um momento de dificuldade, a herança foi pesada na hora que chegamos ao clube, mas, aos poucos, estamos colocando o clube em ordem. Temos uma equipe muito competente, estamos trabalhando com afinco para resolver os inúmeros problemas. Estamos tirando da frente uma série de problemas, avançando em uma série de questões. Temos a certeza absoluta que vamos conseguir, ao final de tudo, resolver várias questões que nos afligem hoje", disse.
"No futebol, tivemos de dispersar em uma série de jogadores [entre uma temporada e outra] por conta de salários, contratar outros com bases que coubessem no nosso orçamento. E assim temos feito. No ponto de vista de reforços, não é uma situação muito confortável porque a gente encontra dificuldades. Queremos esse ou aquele jogador, e muitas vezes não conseguimos êxito na negociação por uma série de razões. Não só por ordem salarial, às vezes o clube em que está não ibera. Estamos procurando isso. Achamos que precisa de alguns reforços, estamos olhando isso, mas a nossa limitação financeira é grande. Não posso deixar de pontuar isso. Infelizmente, está difícil fazer isso, mas estamos buscando soluções", completou.
Ainda sobre novos nomes para o elenco, em uma tentativa para conseguir o acesso à Série A, Alexandre Pássaro salientou que, no futebol, não há relação direta entre investimento e resultado esportivo. Ele ainda exemplificou o atual cenário que Vasco enfrenta revelando uma recente recusa.
"Se o investimento fosse uma certeza absoluta, seria mais fácil, qualquer um faria futebol. Investiria o máximo e, um dia, paga a conta. Não é assim. Todo mundo acha que é só trazer 10, 15 nomes que as coisas vão girar. Vamos continuar agindo com tentando errar o menos possível, nos comprometendo com aquilo que podemos fazer. Se tivermos certeza de que investimento tem relação direta com sucesso, poderíamos fazer. No Vasco, há problemas passados que estão sendo solucionados, e que acaba não sendo o Vasco que controla. Lógico que queremos reforçar. Estávamos fechados com um jogador, com o empresário, e com o clube. Ele está cedido a um clube do Brasil, mas pertence a um clube de fora. E a resposta do clube de fora foi que preferia deixar ele no banco, que não queria que ele jogasse a segunda divisão. Essas são algumas barreiras que enfrentamos", apontou.
O presidente admitiu que a cúpula não está satisfeita com o desempenho até aqui, mas avisou que não haverá alterações no planejamento desenhado:
"Futebol não é ciência exata. Tem um planejamento, temos certeza absoluta que estamos fazendo as coisas certas, mas, muitas vezes, no campo, as coisas não acontecem. Do ponto de vista de satisfação, obviamente que a medida que perde um jogo, dois jogos, que podia estar no G4, satisfeito não estamos, mas não vamos parar de trabalhar, não vamos fugir das nossas convicções. Dentro da realidade, se puder ir ao mercado contratar, vamos contratar. Acreditamos no trabalho que esta fazendo. O resultado, às vezes a curto prazo, não parece, mas vai aparecer".
Questionado sobre resultados aquém do esperado, em uma comparação com participações anteriores na Série B, Pássaro lembrou, como um dos fatores, a ausência de público nos estádios devido aos cuidados sanitários em meio à pandemia de coronavírus.
"Tem uma questão de cenários [econômicos] diferentes. A performance menor, isso é claro, estamos trabalhando para que mude isso. Mas também tem uma questão da torcida. O Vasco é um time que sempre se apoiou na torcida. A torcida é quem sustenta o Vasco. E a torcida não pode estar no campo, se Deus quiser isso vai voltar com bastante segurança... Isso tem acontecido. Em uma Série B, o Vasco teria maioria da torcida em 80%, 85% dos jogos. Essa questão da torcida não estar presente, não poder empurrar, cobrar, estar junto, tem feito uma diferença gritante. Além, lógico, da relação do dinheiro. É diferente também pelo equilíbrio. O líder e o vice-líder estão com menos pontos que em edições anteriores", indicou.
Veja outras respostas:
Lisca e responsabilidade da diretoria (resposta de Pássaro)
"Estamos satisfeitos com os trabalho do Lisca, mas não estamos satisfeitos com os resultados. Se tínhamos convicção no trabalho do Lisca naquele momento, temos ainda mais agora, com um mês aqui. Conhecendo agora mais de perto, temos ainda mais convicção. Tudo que o treinador quer é semana cheia e tempo para trabalhar. Poder descansar os jogadores, mas também poder dar uma carga maior. Precisamos utilizar esse tempo da melhor maneira possível. Quanto a isso, estamos completamente convictos do trabalho dele. Nossa responsabilidade é total. Sempre estive aqui nessa mesa em todas as apresentações. A divisão de responsabilidade dentro do departamento de futebol não existe. Lisca é 100% responsável pelo time, assim como eu sou, assim como o médico é na área dele"
O time do Vasco vem aceitando pacificamente as derrotas? (Resposta do Salgado)
"Você disse que parece que eles perdem e está tudo bem, não acontece nada. Discordo um pouco, sinto exatamente o contrário. Os jogadores ficam bastante chateados quando perdem os jogos. Ninguém pode ter reação positiva logo após uma derrota. Se vocês têm essa impressão de longe, eu, de perto, não tenho. Sabemos que uns sentem mais, outros sentem menos. Alguns são mais experientes, outros mais jovens, mas não passa pela cabeça do jogador essa conduta de não sentir a derrota"
Possibilidade de chegar um vice-presidente de Futebol (Resposta do Salgado)
"Na campanha, quando estudamos o organograma do futebol, tinha, sim, uma posição de alguém mais acima de comando, mas no decorrer do processo, conversando, entendemos que podíamos abrir mão dessa pessoa. Até por razões financeiras. Em um primeiro momento, abrimos mão. Quem sabe, em um futuro próximo, possamos recompor isso. O único cargo que ficou vago é esse [vice-presidente], que na minha visão não é uma função tão relevante. A gente vê casos de ex-jogadores que exerceram essa função e os resultados não vieram. Talvez a gente precise de alguma pessoa mais vinculada ao Vasco para nos ajudar. Talvez a gente executa isso"
Há comodismo no time? (resposta do Pássaro)
"A distância e a completa falta de conhecimento e percepção do que acontece internamente é quem externa um cenário completamente diferente para os torcedores. Lógico que, dentro do campo, entregamos, controla esforço, carga de intensidade. A gente quer que os jogadores se dediquem. Olhando um pouquinho para trás, o Vasco já teve todo tipo de estrutura. Com vice-presidente, sem vice-presidente, com gerente e sem gerente, com ex-jogador e sem ex-jogador. Podemos pegar o exemplo do Fernando Miguel. Externamente, ele não prestava para o Vasco e hoje é o melhor goleiro do Brasileiro. Pikachu é um dos melhores jogadores do Brasileiro. O Henrique hoje é titular do Lyon [da França]. Do lado que as pessoas tomam para se fazer análise, a gente fica dividido. Metade vai para A, metade vai para B. A entrega existe, ninguém é maluco de trabalhar... Nenhum treinador disse que foi embora porque os jogadores não se dedicam. Não há um comodismo, não há falta de entrega, não há falta de respeito com a camisa do Vasco. Houve questão de aglomeração [Michel e MT], mas é algo muito mais social e que não se restringe ao Vasco".
Após abatimento na última coletiva, há temor por pedido de demissão do Lisca (Resposta do Pássaro)
"A gente teme que qualquer profissional gabaritado, com bom trabalho, peça demissão. A gente evita isso a todo tempo. Só nos últimos dias, tivemos propostas para três profissionais deixarem o clube, e eles prefiram ficar sem que a gente mexesse em salário. Que bom que o Lisca sente daquele jeito a derrota, ele sente demais a derrota. Não vejo como defeito. Acho que se ele viesse com um papo todo animado, não tinha como. Ficamos até tarde aqui [São Januário]. Ele foi o único, por questão regulamentar, que teve de se expor. Exatamente por causa disso que ele estava daquela forma. A gente entrega os gols em falhas individuais. Contra o Remo, ele disse que agiu errado estrategicamente, e eu não concordo. Ele não teve controle absoluto pelas ações tomadas. Não temo, pelo contrário. Lisca sempre reforça o prazer e a alegria que tem em estar no Vasco. A gente acredita em tudo que ele sempre quis e colocou para nós".
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