Caboclo pede cancelamento de assembleia e vê 'ânsia' para tirá-lo da CBF
O presidente afastado da CBF, Rogério Caboclo, enviou na semana passada uma carta ao Coronel Nunes, presidente em exercício da entidade, na tentativa de convencê-lo a cancelar a assembleia geral marcada para quarta-feira (25). A reunião com as 27 federações foi convocada com o objetivo de deliberar sobre "sanções eventualmente aplicadas" a Caboclo pela Comissão de Ética do Futebol Brasileiro. O dirigente é alvo de uma denúncia de assédio moral e sexual feita por uma funcionária e vê na entidade uma "ânsia" para tirá-lo do cargo.
A sentença da Câmara de Julgamento da Comissão de Ética será dada amanhã (24), véspera da assembleia. Na carta, Caboclo argumentou que a convocação da assembleia se deu para tratar de uma decisão "que não existe até o momento". No documento ao qual o UOL Esporte teve acesso, o dirigente, então, argumenta que há uma violação do Código de Ética porque a convocação só deveria acontecer se e quando houver uma sanção.
"Na hipótese de não aplicar a mim qualquer sanção, a assembleia não apenas ficará esvaziada do ponto de vista prático e terá sido convocada para algo não previsto regimentalmente, como terminará por violar o sigilo próprio dos procedimentos que tramitam na Comissão de Ética", escreveu Caboclo.
O momento é de tensão no ambiente político da CBF. Caboclo se movimenta em busca de apoio suficiente de algumas federações para voltar à cadeira, enquanto a atual gestão da CBF tenta manter a série recente de decisões favoráveis a seu favor. Nos bastidores, não se vislumbra uma absolvição a Caboclo na Comissão de Ética. A questão é como será a resposta das federações. É necessário três quartos dos votos (21 dos 27) para referendar a sentença que será publicada.
Na carta ao Coronel Nunes, Caboclo alega ainda que o intervalo de um dia entre amanhã (24) e quarta (25), data da assembleia, revela um "ato açodado, que inviabiliza por completo a necessária familiarização dos membros da assembleia com o processo, a eventual sanção e a respectiva formação de convicção sobre o caso".
Caboclo aponta uma "ânsia" por aquilo que classifica como um "desfecho relâmpago" do processo contra si. Em outra ocasião, ele acusa o ex-presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, de articular o cenário para sua saída. Del Nero nega.
Sobre o mérito da denúncia, o presidente afastado da CBF reforça que considera remota a hipótese de ser destituído do cargo definitivamente por "absoluta ausência de elementos e de precedentes" nos julgamentos da Comissão de Ética.
A gestão da CBF mantém a convocação da assembleia para quarta-feira. Alguns presidentes de federação já estão no Rio e outros chegam ao longo desta terça. Como praxe, os dirigentes farão uma reunião prévia à assembleia.
Se Caboclo for mesmo destituído, o Coronel Nunes segue como presidente, mas com a tarefa prevista no estatuto de convocar nova eleição em até 30 dias e desse pleito só poderão participar os oito vice-presidentes da CBF. Se Caboclo voltar, a tendência é que ele demita todos os diretores da CBF, a quem considera como traidores.
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