A Comissão de Ética da CBF anunciou ontem uma punição de 15 meses de afastamento para Rogério Caboclo na presidência da entidade após as denúncias de funcionárias de assédio sexual cometido pelo dirigente, que foi afastado temporariamente enquanto o caso era apurado.
No programa UOL News Esporte, Alicia Klein cita a apresentação de provas e áudios do assédio e que ainda assim a entidade considerou que o seu presidente teve conduta inapropriada, quando o termo a ser utilizado seria outro, e aponta que casos como esse tornam mais difícil que as mulheres possam denunciar assédios sofridos.
"Quando a gente vê que tem prova, tem áudio, tem tudo isso e a gente está dizendo que foi chato, foi inapropriado. Não, foi assédio. Assédio moral, assédio sexual e a gente não usar esses termos e ver punições que ao nosso ver, olhando de fora, parecem leves porque pode voltar, então tudo bem, você desculpa, fica aí um ano de molho e depois volta e volta a assediar pessoas? Porque há outras denúncias já, a gente está falando potencialmente de um assediador em série e é muito frustrante", afirma Alicia.
"Desestimula porque quem está acompanhando fala, nem que eu tenha as provas, e a gente sabe o quanto é difícil provar casos de assédio, nem com a ajuda do Fantástico, eu não consigo derrubar uma pessoa que esteja no poder, um homem branco em uma posição de poder", completa.
A jornalista afirma que a CBF tem um histórico complexo e antiquado e este episódio só aprofunda a situação da entidade, opinião que é compartilhada por José Trajano.
"É difícil, a CBF é um mundo muito complexo, antiquado e triste nesse momento. A gente tem aí a assembleia que pode derrubar e de repente tentar trazer de volta agora, é uma coisa que fica até difícil entender, mas eu acho que quando a gente abre uma notícia e vê um caso de assédio sendo tratado como uma conduta inapropriada dá bastante desânimo mesmo", diz Alicia.
"A CBF é um covil, se a gente pegar os homens que dirigiram a CBF, desde o João Havelange, João Havelange não era bonzinho, passava uma imagem de bonzinho, tem vários livros que você pode ler e ver a atuação dele à frente da Fifa. E depois ele coloca o genro, um cafajeste do Ricardo Teixeira e aí vem uma sequência de outros cafajestes, do Marin, do Del Nero e ficando esse Caboclo. Isso que aconteceu na CBF é vergonhoso, é uma coisa triste, tem provas, tem gravações. Como diria o Juca Kfouri, é a casa bandida do futebol mais uma vez se manifestando", conclui.
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