Camisa pesada? Campeões da Série A vivem dificuldade na Segunda Divisão
A atual edição da Série B do Campeonato Brasileiro reúne cinco clubes que já conquistaram pelo menos uma vez o título da Primeira Divisão Nacional, e, por isso, o torneio chama a atenção desde que começou. Um dos fatores mais chamativos diz respeito ao peso das camisas de grandes agremiações, que apesar de sua tradição e história na Primeira Divisão em tempos passados, passam por dificuldades importantes na Segundona de 2021.
Antigos campeões da Série A, como o Botafogo (campeão Brasileiro em 1968* e 1995) Coritiba [1985], Cruzeiro [1966*, 2003, 2013 e 2014], Guarani [1978] e Vasco [1974, 1989, 1997 e 2000] são a prova de que só o peso de camisa não garante bom desempenho quando há forte equilíbrio em uma competição. No caso do Bugre de Campinas — quinto colocado na Série B deste ano — o problema é ainda maior, já que nesta temporada a equipe completa uma década longe da Primeira Divisão.
Aquela que tem sido chamada de super Série B mostra o quanto as equipes grandes têm dificuldades para se impor diante daquelas consideradas de menor expressão. Dos cinco que venceram a Primeira Divisão, mas atualmente estão na Série B, somente o Coritiba figura entre os quatro melhores nesta Divisão de Acesso. O Guarani é o quinto colocado, Botafogo vem logo depois na sexta colocação, o Vasco é o 11º e Cruzeiro está na 14ª colocação.
Desses, o Cruzeiro é o clube que somou mais pontos nas últimas cinco partidas, com 11 pontos ganhos em 15 disputados. Mais até do que o líder Coritiba, que fez dez. Mesmo assim, a Raposa é a agremiação de pior classificação em relação aos que se encaixam no mesmo perfil. Agora sob o comando de Vanderlei Luxemburgo, o time cresceu de produção e o treinador mantém desde que chegou um discurso bem otimista.
"O Cruzeiro pertence à Primeira Divisão, e quem já trabalhou no Cruzeiro sabe o que estou falando. Nós vamos buscar isso, mas precisa de sacrifício, companheirismo. Temos muito caminho, então vamos trabalhar bem", disse o treinador aos atletas no vestiário do jogo após a vitória em cima do Confiança, na primeira rodada do returno.
No domingo o Cruzeiro enfrentará o CRB, segundo colocado na Série B. Partida que Luxa vai em busca de mais uma vitória.
"Desde que cheguei aqui, eu falei com vocês: eu não vim para passar o tempo, não vim para passear aqui. Vim com a proposta de levar o Cruzeiro, junto com vocês e com a diretoria, para a primeira divisão. Esse lugar [Série B] não pertence ao Cruzeiro", disse o comandante.
Equilíbrio na B
Fora do G-4, Cruzeiro, Vasco, Botafogo e também o Guarani evidenciam que as expectativas por uma Série B equilibrada estão sendo confirmadas.
Para Marcelo Segurado, executivo de futebol com dois acessos na carreira, pelo Goiás, em 2012, e pelo Ceará, em 2017, a principal armadilha para clubes de maior expressão é a ideia de que somente a camisa vai fazer com que o resultado venha.
"Quando uma instituição dessas cai, é em virtude de erros que vêm sendo cometidos por vários anos. Um time não cai pelo planejamento errado de um ano. Assim como os que ascendem de séries inferiores não chegam lá por um ano extraordinário", comentou em entrevista ao UOL Esporte.
O ano de 2021 é o que registra mais clubes [cinco] que já foram campeões da Série A disputando a Segunda Divisão. Antes o recorde era de quatro campeões brasileiros, nas edições de 2005 e 2006.
Quem conhece o campeonato
Pesidente do Juventude, Walter Dal Zotto lembra que o time gaúcho — que fez 61 pontos no ano passado — lutou bastante para terminar na terceira colocação e alcançar uma das vagas na Primeira Divisão no ano passado.
"Para ter êxito, é preciso buscar perfis de jogadores que tenham passado por conquistas de acesso e, principalmente, te deem qualidade e sejam aguerridos para circunstâncias que exigem. Na primeira divisão, há mais tática e você ganha as partidas nos detalhes. Já na segunda divisão, a força e vigor físico se sobressaem", disse ao UOL.
Dal Zotto ressaltou que o equilíbrio aumenta pelo fato de os grandes que caem terem diminuído seus orçamentos, diferente do que acontecia anteriormente, quando mesmo com o rebaixamento se mantinha cotas de Série A a esses clubes.
"Isso mudou, vemos mais dificuldades. Eles não podem jogar apenas com a camisa. Se compararmos as duas principais divisões do futebol nacional, a diferença de receita e orçamento de TV são significativas e isso representa um baque razoável às instituições, quando o rebaixamento acontece", analisou o presidente.
Agora na Primeira Divisão o Juventude faz um campeonato competitivo até aqui, está na 13ª colocação com 20 pontos [com um jogo a menos do que os demais clubes].
Se mantendo na Série A
Quem também conhece o caminho da Série B para a Série A é o Fortaleza. Campeão da Segunda Divisão em 2018, o time cearense está no terceiro ano consecutivo na Primeira Divisão. Nesta temporada, o Leão do Pici é uma das grandes sensações, tendo protagonizado partidas de alto nível contra equipes poderosas do futebol brasileiro, como Atlético-MG, Corinthians, Palmeiras, entre outras.
"Estamos no nosso terceiro ano seguido na Série A e entendemos que o processo de consolidação de um time na primeira divisão leva pelo menos cinco anos. O Fortaleza se preparou para chegar ao quarto ano seguido na elite do Campeonato Brasileiro ao investir muito na estrutura física do clube, em condições de treinamento e de tratamento de lesões, na logística para amenizar as viagens, além de rejuvenescer o elenco, considerado um pouco mais velho do que o recomendado no Brasileirão 2020" declarou o presidente do Fortaleza.
* Cruzeiro e Botafogo foram campeões da Taça Brasil nos anos 1960, competição que a Confederação Brasileira de Futebol igualou como Campeonato Brasileiro no ano de 2010.
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