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CBF tem novo presidente até o fim do caso Caboclo: Ednaldo Rodrigues

Ednaldo Rodrigues ao lado do Coronel Nunes na eleição da CBF em 2018 - Lucas Figueiredo/CBF
Ednaldo Rodrigues ao lado do Coronel Nunes na eleição da CBF em 2018 Imagem: Lucas Figueiredo/CBF

Igor Siqueira

Do UOL, no Rio de Janeiro

25/08/2021 12h12

A CBF tem novo presidente em exercício. Os vices da entidade decidiram hoje (25) pela saída do Coronel Nunes e escolheram o baiano Ednaldo Rodrigues para ocupar o cargo.

A ideia é que Ednaldo sente-se na cadeira até uma resolução do caso Rogério Caboclo, dirigente afastado e punido com 15 meses de suspensão pela Comissão de Ética do Futebol Brasileiro por "conduta inapropriada" com uma funcionária da entidade. Em nota, a CBF explicou que todos os vices "formalmente abriram mão de seu direito disponível de ocupar interinamente a presidência da entidade em razão do afastamento temporário" de Caboclo.

A entidade acrescentou que "como o estatuto social da CBF não prevê a forma de substituição do presidente em caso de afastamento temporário, como o que presentemente ocorre, visto que tal substituição não está contemplada nas hipóteses do art. 61 (ausência, licença ou impedimento), nem tampouco na hipótese do art. 62 (vacância) e considerando que, uma vez afastado, o presidente fica privado da prática de qualquer ato administrativo, todos os Vice-Presidentes da entidade - únicos possíveis substitutos - dispuseram formalmente de seu direito de substituição temporária em favor" de Ednaldo.

A escolha do ex-presidente da Federação Bahiana e a saída do Coronel Nunes compõem uma estratégia para garantir os votos contra Caboclo na assembleia das federações estaduais que irá deliberar sobre a aceitação ou não da pena imposta pela Comissão de Ética. Houve uma reunião com as federações após a nomeação de Ednaldo.

A figura do Coronel Nunes sempre foi muito atrelada a Marco Polo Del Nero. Nunes, inclusive, foi eleito inicialmente em 2015 para ser o vice-presidente mais velho e garantir que o poder ficasse com o grupo de Del Nero durante o afastamento decretado pela Fifa em decorrência do Fifagate.

Com Nunes, a CBF não trocou de grupo político, tanto que Rogério Caboclo foi eleito com a bênção de Del Nero, mas hoje ambos são inimigos declarados.

Ednaldo, por mais que tenha composto a chapa de Caboclo, agora também é seu opositor. Mas tenta se descolar da influência de Del Nero nos bastidores. O dirigente baiano, inclusive, chegou a fazer parte de um bloco classificado como "rebelde" em 2012, quando José Maria Marin, que tinha Del Nero a seu lado, herdou o comando da CBF de Ricardo Teixeira. Ednaldo era um dos contrários à passagem do poder a Marin.

A escolha dos vices por Ednaldo vem no dia seguinte à sanção da Comissão de Ética a Caboclo, mas a pena de 15 meses, que dá ao dirigente uma perspectiva de retorno ao poder para completar seis meses finais do mandato, deixou algumas federações temerosas. Houve quem chegasse a cogitar votar para o retorno imediato de Caboclo, temendo retaliações futuras.

A gestão atual da CBF tenta acalmar os ânimos desde a noite de ontem (24). A mudança de presidente em exercício é um recado claro. Opositores de Caboclo têm lembrado nos bastidores que ele ainda pode ser punido por conta de outras duas denúncias — uma de assédio moral e outra sexual — que estão em tramitação na mesma Comissão de Ética.

A CBF agora precisa marcar nova data para a assembleia das federações. A reunião aconteceria hoje (25), mas o edital foi cancelado por uma decisão da Câmara Brasileira de Mediação e Arbitragem, a pedido de Caboclo. O argumento é que o encontro foi marcado com a justificativa de deliberar sobre a eventual punição de Caboclo, mas antes mesmo de a Comissão de Ética ter se pronunciado. Para marcar a assembleia, a CBF precisa receber oficialmente a decisão do órgão, que comunicou a pena de 15 meses em uma sessão de julgamento virtual, ontem (24).