Em carta, Federações pedem a Caboclo que renuncie à presidência da CBF
As 27 federações estaduais enviaram hoje (25) uma carta a Rogério Caboclo pedindo que o dirigente afastado da CBF renuncie ao cargo de presidente da entidade.
No texto, os cartolas "fazem um apelo a Caboclo, que tenha a sensibilidade de reconhecer o momento e, em prol do futebol brasileiro", decida pela renúncia. O mandato do dirigente, eleito em 2018 e que foi empossado em 2019, vai até abril de 2023.
A carta foi construída depois de uma reunião entre as federações pela manhã, como contou o blog do Rodrigo Mattos. O pedido a Caboclo se dá no dia em que a CBF passou a ser presidida interinamente por Ednaldo Rodrigues, substituindo o Coronel Nunes em uma medida tomada pelos vices da entidade.
No documento, os presidentes das 27 federações citam que "o momento exige de todos grandeza. O bem do futebol brasileiro deve estar acima de quaisquer questões individuais".
Ontem (24), Caboclo foi punido pela comissão de Ética do Futebol Brasileiro por um total de 15 meses de suspensão por conta de "conduta inapropriada" com uma funcionária. A denúncia inicial dela apontava assédio moral e sexual por parte do dirigente. Por isso, o tempo da sentença surpreendeu e foi considerado baixo para muitos cartolas. A punição ainda precisa ser confirmada pela assembleia geral da CBF, composta pelas mesmas 27 federações estaduais, ainda sem data marcada.
A redação da carta com todas as assinaturas é um baque nas pretensões de Rogério de voltar ao poder de imediato. Se conseguisse ao menos o apoio de sete delas contra a sanção da Comissão de Ética, o dirigente poderia voltar à cadeira de imediato. Agora, a carta une as entidades filiadas à CBF em um caminho de oposição ao dirigente, que pode ser punido em outras duas denúncias que tem contra si na mesma Comissão de Ética, por assédio moral e sexual.
Caboclo, legalmente, tem a opção de ignorar o pedido das federações e rejeitar a hipótese de renúncia, levando o processo até o fim. Mas os dirigentes filiados à CBF esperam que o documento mude a ideia do dirigente e a entidade possa avançar para um novo momento político e de imagem.
A carta das federações a Caboclo
As 27 Federações Estaduais de futebol, legítimas filiadas da Confederação Brasileira de Futebol, por seus presidentes ou representantes legais abaixo assinados, vêm, respeitosamente, manifestar sua visão unânime e consensual sobre o grave momento por que passa o futebol brasileiro.
Nos termos do Código de Ética e Conduta do Futebol Brasileiro, "todos os segmentos do futebol devem estar comprometidos com o repúdio ao racismo, à xenofobia e a quaisquer outras formas de discriminação e intolerância social, política, sexual, religiosa e socioeconômica". Assim, o ambiente do futebol deve ser inclusivo e seguro a todos que nele atuam.
Além disso, são diretrizes fundamentais de conduta, previstas no Código, o respeito à vida, ao bem estar no trabalho, à saúde, à segurança das pessoas, observados os interesses das Federações, das Ligas, dos clubes, patrocinadores e demais entidades, bem como a organização, administração, divulgação e fomento do futebol brasileiro.
Nós, como responsáveis pela condução dos rumos do futebol em cada uma das unidades da Federação, temos o dever de garantir que esses valores sejam preservados e protegidos.
Pela história e representatividade social do futebol brasileiro, temos convicção que atos isolados não podem prejudicar a manutenção da estabilidade do nosso esporte, dos milhares de empregos gerados e do seu papel na construção da cidadania em nosso país.
O momento exige de todos grandeza. O bem do futebol brasileiro deve estar acima de quaisquer questões individuais.
Diante de todo o exposto, vimos, pelo presente, fazer um apelo ao Sr. Rogério Caboclo, que tenha a sensibilidade de reconhecer o momento e, em prol do futebol brasileiro, renunciar ao cargo de presidente da CBF.
Resposta de Rogério Caboclo
Em primeiro lugar, registro que a indicação para o ocupante interino do cargo de Presidente da CBF cabe exclusivamente ao presidente afastado, de acordo com a inequívoca redação do estatuto da entidade.
O Conselho de Administração, extrapolando suas funções, indicou, nesta quarta-feira, o Vice-Presidente Ednaldo Rodrigues para esse cargo.
Contudo, era exatamente esse mesmo Vice-Presidente que, na condição de presidente da CBF, indicaria para o cargo, por acreditar que ele, neste momento, irá conduzir a CBF com serenidade, evitando um golpe que mancharia a história da instituição.
Registro minha surpresa ao receber, nesta data, carta dos representantes das federações, concitando minha renúncia.
A surpresa decorre do fato de que tenho recebido o vivo apoio de muitas federações, que se manifestam de forma contrária ao golpe que se busca armar.
De toda sorte, esclareço que não irei renunciar ao cargo, para o qual fui eleito com 96,4% dos votos. Ainda tenho muito a contribuir para a CBF.
Tenho convicção de que a legalidade será restabelecida. Com os fatos examinados de forma objetiva pela Assembleia da entidade, franqueando-se a liberdade de defesa, meu legítimo mandato será restituído.
Nenhuma instituição sobrevive à politicagem vil, aos golpes. A CBF tem que ser maior do que isso e respeitar as suas próprias regras.
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