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Vice com o Atlético-MG em 99, Curê torce de longe por caneco do Brasileiro

Curê fez 26 jogos com a camisa do Atlético-MG e marcou 5 gols pelo Alvinegro em 1999 - Arquivo Pessoal
Curê fez 26 jogos com a camisa do Atlético-MG e marcou 5 gols pelo Alvinegro em 1999 Imagem: Arquivo Pessoal

Henrique André

Do UOL, em Belo Horizonte

25/08/2021 13h45

Líder isolado da atual edição do Campeonato Brasileiro, o Atlético-MG luta para levantar o caneco da competição mais importante do país pela segunda vez em sua história. A única volta olímpica foi em 1971 e em dezembro completa 50 anos. Batendo na trave em diversas oportunidades, o Galo viveu em 1999 uma das campanhas mais especiais e que não saiu da memória dos torcedores.

Vice-campeão, o time teve Darío Pereyra e Humberto Ramos como comandantes durante o caminho e só foi parado pelo Corinthians. No elenco, um atacante de apelido curioso vivia um dos momentos mais importante da carreira. Carlos Antônio Chaves, o Curê, que chegara no início da temporada junto com Beletti e outros dois reforços, foi campeão estadual e, na decisão da Série A, acabou acionado para a vaga de Marques, fora do terceiro jogo em São Paulo por lesão.

Atualmente com 52 anos e residindo em Foz do Iguaçu, onde nasceu, o hoje professor de escolinha acompanha a brilhante temporada do Alvinegro de longe e, como conta em entrevista ao UOL Esporte, também vibrou com as conquistas da Libertadores, Copa do Brasil e Recopa Sul-americana.

Ao contrário de boatos que circularam nas redes sociais, dizendo que o ex-jogador estaria vivendo em situação de rua na capital mineira, onde estaria catando latinhas, Curê tem vida tranquila na cidade paranaense, ao lado da esposa Nathalie e dos três filhos.

"Depois que eu parei de jogar bola, fiquei aqui em Foz do Iguaçu. Comecei a trabalhar na prefeitura com escolinha de futebol; depois surgiu um chinês aqui em Ciudad del Este (Paraguai), querendo montar um time de futebol. Não cobrava mensalidade, nem nada. Fui dando dicas para ele, isso em 2009, se não me engano.

Trabalhei com ele durante 5 anos. Como tinha muitos gastos, ele acabou passando pra frente. Estou por aqui, com uma escolinha no bairro e, graças a Deus, tranquilo. Esse boato é mentira", conta Curê.

"Me lembro que chegamos eu, Belleti, Robert e Walmir ao Atlético-MG, no mesmo dia. Fomos campeões (estaduais) e o jogo mais difícil, acho que um dos mais importantes da minha vida, foi contra o Cruzeiro. Eles jogavam por um empate. Fomos fazer a final contra o América", acrescenta.

Sobre a importância do Atlético-MG em sua vida, Curê não pensa duas vezes ao responder: a força da torcida foi o que mais o marcou.

"O Atlético representa muito pra mim, pelo carinho que a torcida tinha por mim. Eu tinha acabado de casar. Ia em restaurantes com minha esposa e dava até gosto, porque a gente não tinha tranquilidade de almoçar. Muita gente pedindo fotos e autógrafos. Muita gente até brincava que a gente não podia ir ao shopping. Sinto muita saudade", destaca o ex-atacante.

atlético-mg 1999 - Reprodução - Reprodução
Em pé: Walmir, Gallo, Ronildo, Caçapa, Emerson e Neguette. Agachados: Curê, Robert, Lincoln, Marques e Belleti.
Imagem: Reprodução

Time de 1999

Ao contrário das vacas gordas que vive o clube atualmente, principalmente com a ajuda de mecenas, o Atlético-MG enfrentava momento de dificuldades financeiras no ano daquele vice nacional. A Cidade do Galo, um dos centros de treinamentos mais modernos do mundo, inclusive, ainda não era realidade.

"Treinávamos na Vila Olímpica e depois fomos treinar na Cidade do Galo quando tinha apenas um campo. Estava começando a construção da sede lá. Sempre acompanho os jogos. Na época, o clube não estava bem financeiramente e treinávamos em vários campos, como numa sede do Banco do Brasil. A gente ganhava até almoço para passar o dia lá. Não tínhamos o que tem hoje, com o alto rendimento de prevenção de lesões. Não tinha isso de poupar. Era um elenco limitado e isso dificultava muito", volta ao tempo o baixinho que era opção de banco no Brasileirão.

"O carinho que a torcida tinha quando saímos para jogos fora, no aeroporto, aquilo nos motivava. Vi a final (contra o Corinthians) numa reprise durante a pandemia e pensei que não tinha ido tão bem. Mas meus colegas disseram que toda vez que eu ia pra cima dos caras, sofria falta. E teve aquela mão quando o Índio escorregou e o árbitro não deu o pênalti", vai além.

curê - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal
Ex-atacante do Atlético-MG, Curê vive com a família em Foz do Iguaçu, no Paraná
Imagem: Arquivo Pessoal

Cerro Porteño

Além do Atlético-MG, outro clube que marcou a vida de Curê foi o Cerro Porteño. Pela equipe Paraguaia, em 1993, ele realizou sonho do pai e, num elenco que até hoje é considerado o melhor de todos os tempos, acabou fazendo a semifinal da Libertadores contra o São Paulo, na época comandado por Telê Santana (técnico que deu ao Galo seu único título do Brasileiro).

"Meu pai era torcedor do Cerro, da época do radinho. Quando vim do Rio Branco de Americana, me convidaram para fazer um teste e encontrei essas feras, como Gamarra e Arce. Ele usava bandeira no pescoço e cada jogo do Cerro, colocava o radinho de pilha no portão de casa", volta ao passado.

"Quando assinei contrato, foi uma alegria imensa. Ele faleceu em 93, quando chegamos às semifinais contra o São Paulo. Aqui deu um temporal e a bola não rolava. Ele foram à final e acabaram sendo campeões da Libertadores", finaliza.

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