Corinthians e São Paulo conseguiram contratações importantes no fim da janela de transferências, com o clube alvinegro confirmando a chegada de Willian para a lista que já tinha Roger Guedes, Renato Augusto e Giuliano, enquanto o Tricolor fechou com o uruguaio Gabriel Neves e o argentino Jonathan Calleri, que retorna ao time pelo qual jogou em 2016. Negociações que Mauro Cezar Pereira aponta que devem elevar o nível técnico do Brasileirão, mas também aprofundar os problemas financeiros de muitos dos clubes, como no caso dos dois rivais paulistas.
Em sua participação no UOL News Esporte, Mauro Cezar aponta que as negociações, inclusive com a chegada de estrangeiros, mostra ao mesmo tempo uma superioridade econômica do futebol brasileiro em relação ao de outros países sul-americanos, mas também escancara em muitos casos a irresponsabilidade de dirigentes que seguem contratando enquanto seus clubes devem, o chamado doping financeiro.
"Muitos nomes e isso deixa evidente a disparidade entre times brasileiros e times da América do Sul e também evidencia a irresponsabilidade na gestão de muitos clubes aqui no Brasil. Você vê São Paulo e Corinthians com dívidas enormes, dívidas de curto prazo no caso do Corinthians na casa de meio bilhão vencendo em menos de um ano e ainda assim contratando jogadores caros e um certo silêncio de boa parte da imprensa, que realmente adora fazer festa com contratações, mas olha muito pouco para algumas questões como o doping financeiro, que volta a bombar", diz Mauro Cezar.
"O Corinthians está montando um time que é só olhar o balanço, que está acima das suas condições, foi assim que ganhou o Brasileiro de 2015, atrasando salários e tudo mais. O São Paulo a mesma coisa, não consegue pagar o Daniel Alves, mas contrata jogadores internacionais, tudo isso para tentar se aproximar de Palmeiras, de Flamengo, dos times que trabalharam para construir uma situação mais confortável. Isso tudo porque no Brasil não existe o famoso fair play financeiro, que muitos torcedores não entendem como funciona, acham que o fair play financeiro vai brecar os investimentos dos clubes. Não, ele breca os investimentos que não são justificados", completa.
Mauro Cezar destaca a chegada de Willian ao Corinthians como aquela que ele considera a melhor contratação da janela em termos técnicos pelo que o jogador já apresentou atuando por tantos anos na Premier League, mas o problema é a consequência nas finanças corintianas. Ao mesmo tempo, cita as dívidas que o São Paulo tem com Daniel Alves não sendo um impeditivo para seguir contratando.
"Willian é uma excepcional contratação do ponto de vista técnico, sem dúvida alguma, é um jogador de Premier League, já com mais de 30 anos, mas ainda em forma, não tem grande histórico de lesões, jogador de Copa do Mundo, é inegável a qualidade do jogador e a qualidade do reforços do Corinthians, mas a que preço? Contratações que são feitas como se não houvesse o amanhã, como se tudo fosse ficar maravilhoso, e no médio prazo isso deve custar muito caro para os clubes que não medem consequências na hora de contratar", diz Mauro.
"Chega a ser esquisito você ver o São Paulo não pagar o Daniel Alves, uma contratação também muito questionável e ao mesmo tempo contratar um jogador como o Calleri, que está lá na Espanha, ganhando em euros. Esse cara não vem para cá por pouco dinheiro, evidentemente. O Willian, claro, vai abrir mão de uma boa grana ao deixar a Inglaterra para jogar aqui no Brasil, mas ainda assim, será um jogador muito caro, evidentemente. E tudo é feito sem nenhum planejamento e ainda há quem use a expressão engenharia financeira", completa.
Mauro Cezar pontua que os clubes com um modelo mais responsável na gestão das finanças como Palmeiras, Flamengo, Grêmio e Athletico-PR, além de Bahia, Fortaleza, entre outros, como aqueles que deveriam ser um modelo a seguir, mas vê alguns clubes cometendo erros na mesma linha do Cruzeiro, que foi campeão com grandes times quando não tinha condições financeiras e hoje está em sua segunda temporada seguida na Série B.
"É legal ver tantos jogadores no futebol brasileiro, tem esse aspecto que é positivo, claro, eleva o nível do campeonato, pelo menos em tese, a qualidade, com bons jogadores, jogadores brasileiros, jogadores estrangeiros, mas eu acho que o modelo do Palmeiras, do Flamengo, do Grêmio, que está em crise técnica, mas que caminha com mais cuidado, o próprio Athletico-PR, Bahia, o Ceará e o Fortaleza, que fazem ótimas campanhas no Brasileiro e têm dívidas pequenininhas, bem proporcionais à capacidade de arrecadação de cada um deles. Eu acho que esse é o modelo ideal, mas infelizmente no Brasil a gente tem a torcida que se empolga muito facilmente, que dá carta branca para dirigentes que agem de forma inconsequente", diz Mauro.
"A tendência no médio e curto prazo é quem tem as coisas controladas ter uma vida útil mais longa com estabilidade. Em contrapartida, você pode ter, por exemplo, um time campeão sem condições de ter aquele time. O Cruzeiro que está lá na Série B e não consegue de lá sair, foi bicampeão da Copa do Brasil em 2017 e 2018 com um time que não podia pagar", conclui.
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