Palmeiras: sala de troféus é viagem pela evolução do futebol e da sociedade
O torcedor que visitar a nova sala de troféus do Palmeiras, localizada no Allianz Parque, a partir de meados de setembro, vai se emocionar assim que entrar no espaço —num primeiro momento, de saudade. O UOL visitou o local na segunda-feira (30) e passou horas vendo a história do Palmeiras e do próprio futebol ser contada por meio de uma sucessão de peças reluzentes e restauradas com esmero para brilharem como novas.
O som ambiente da torcida, captado em jogos, toca incessantemente, evocando nostalgia naqueles que já que não veem seu time ao vivo há mais de ano. Pouco depois, o visitante se depara com uma foto gigante do antigo Parque Antárctica, que o transporta para 2009. A foto em questão foi tirada em 29 de novembro daquele ano, no dia em que Diego Souza fez um gol com um sem pulo do círculo central contra o Atlético-MG pelo Campeonato Brasileiro (2 a 0).
O caprichoso trabalho dos curadores e historiadores, embora ainda não seja definitivo e tenha espaço para melhoras, já é mais completo e organizado do que todas as encarnações anteriores de salas de troféus do clube. Não é por acaso que a Taça Savoia, a primeira conquistada pelo Palmeiras, em 1915, é uma das primeiras expostas.
Peças têm ordenamento lógico
Dos anos 1960 até 1990, quando a antiga sala de troféus foi atacada por torcedores depois de uma eliminação no Campeonato Paulista daquele ano, as taças ficavam espalhados por um salão acarpetado, sob as então numeradas cobertas, com pé direito altíssimo e um silêncio respeitoso que dava ao ambiente uma atmosfera um tanto sacra. Cristaleiras, pedestais e vitrines, meio desordenadamente, abrigavam os troféus das diversas modalidades disputadas pelo clube, além de outras relíquias.
Na sala atual, houve o cuidado de se agrupar os troféus por um ordenamento lógico. Os maiores destaques são os dez troféus de campeonatos brasileiros, dispostos lado a lado em ordem cronológica em um setor separado. Chama a atenção as diferenças de estilos de design entre as peças. A taça do Torneio Roberto Gomes Pedrosa de 1967, um dos títulos brasileiros conquistados no ano, por exemplo, é uma espécie de ânfora estilizada feita totalmente de mármore.
Após o ato de vandalismo de 90, a sala ficou fechada por dois anos, até ser reaberta em 1992, no mesmo local, com os vitrais restaurados e piso de mármore. Foi lá que os palmeirenses puderam ver e tocar, por exemplo, o troféu do Campeonato Paulista de 1993, que reproduz a fachada do Palácio dos Bandeirantes. A nova sala tem uma réplica da peça, já que a peça original tinha posse transitória e está na sede da Federação Paulista de Futebol. Naquele ano de 1993, uma outra taça também foi entregue ao Palmeiras, de posse fixa. Esta peça, no entanto, ainda não está na sala de troféus, pois passa por uma restauração.
Observar a evolução dos troféus em termos de formato e valor mercadológico também faz parte do passeio. A maioria das taças mais antigas, pequenas, eram produzidas em material nobre, como prata e bronze. Já as atuais têm proporções bem maiores, mas são feitas de materiais menos nobres, como o latão. Um sinal dos tempos atuais, talvez, em que a aparência se sobrepõe ao valor intrínseco das coisas. Tentar estimar o valor das peças, aliás, é uma tarefa complicada, pois além dos materiais em que foram confeccionados, os troféus têm valores artísticos e contextuais.
O espaço ainda traz um painel com a evolução das camisas do Palmeiras desde seus primórdios, uma galeria com as fotos de todos os presidentes do clube e dos fundadores, além de um bem bolado mirante para os bustos dos ídolos do passado que ficam expostos nos jardins do clube. Por meio de um círculo adesivado, o visitante consegue distinguir qual o homenageado em cada busto, mesmo à distância.
Bolas de jogos marcantes disputados pelo time, como as finais do Paulista, da Copa do Brasil e da Libertadores de 2020, que perfazem a Tríplice Coroa, também estão por lá.
Clube vai disponibilizar mais informações sobre os troféus
De acordo com o historiador do clube Fernando Galuppo, um dos responsáveis pelo espaço, o importante num primeiro momento era recolocar os troféus de volta no Palmeiras, após mais de uma década de idas e vindas entre depósitos nos bairros de Perdizes e Limão. "Futuramente, haverá mais informações, que podem aparecer com QR code, realidade aumentada ou outro tipo de tecnologia. Mas o mais importante agora era dar esse primeiro passo", explica ele.
É fácil perder noção do tempo em meio a tantas conquistas, inclusive de modalidades além do futebol. Futsal, bocha e judô, por exemplo, ocupam enormes espaços na área reservada aos esportes amadores. A reportagem do UOL vagou pelo espaço por mais de duas horas antes de se dar conta da passagem do tempo.
Se os planos do Palmeiras derem certo, antes do fim do ano, alguns ajustes precisarão ser feitos no local. "Quando o Abel Ferreira veio conhecer a sala, disse a ele que adoraria ter de mexer no espaço para poder acomodar mais uns dois troféus", revelou Galuppo, que arrancou risos do português.
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