Dúvida na seleção põe em debate: é possível Gabigol e Hulk jogarem juntos?
É certo que a seleção brasileira terá um trio de ataque inédito no jogo de amanhã (2), contra o Chile, pela nona rodada das Eliminatórias da Copa do Mundo do Qatar. O veto dos times da Inglaterra às convocações dos jogadores que atuam no país tirou do técnico Tite três opções que frequentemente eram escaladas: Gabriel Jesus, Richarlison e Roberto Firmino. Isso além de Raphinha, que poderia fazer sua estreia.
Entre as alternativas reais estão quatro jogadores que atuam fora do Brasil — Neymar, Matheus Cunha, Vini Jr e Malcom — e dois dos principais artilheiros da temporada no país: Gabigol, do Flamengo, e Hulk, do Atlético-MG. Autores de 35 e 20 gols neste ano, respectivamente, os atacantes têm algumas características parecidas e levantam uma dúvida no torcedor: é possível que eles atuem juntos num suposto trio com Neymar?
Para começo de conversa, Tite ainda não divulgou a escalação do próximo jogo. Ontem ele dirigiu o primeiro treino com elenco completo e escondeu a parte tática, que revelaria os 11 titulares.
Hierarquicamente, Gabigol está bem cotado por ter feito parte do grupo das duas últimas rodadas das Eliminatórias e do vice-campeonato da Copa América. Ele foi titular em três de nove jogos e não saiu do banco só em dois. Já a situação de Hulk é diferente, porque ele foi convocado na lista suplementar da última sexta-feira (27) como substituto dos vetados da Premier League. Não ia para a seleção há cinco anos, mas carrega reconhecimento e os bons números da temporada pelo Atlético-MG.
O desafio passaria então a ser tático para o encaixe destas peças. Hulk, assim como Gabigol, joga de centroavante no futebol brasileiro e gosta disso: "O que mudou em mim nesses cinco anos [sem ser convocado] foi que hoje tenho mais experiência, que vamos adquirindo ao longo do tempo. Estou mais confiante e jogo mais próximo do gol, acho que é isso. Volto maduro e confiante do que posso fazer."
Mas há uma diferença de perfil entre os dois centroavantes: Gabigol é mais móvel do que Hulk. O flamenguista se movimenta para encontrar espaços e assim é que entra na defesa adversária. Esse é o famoso conceito do "atacar espaço". Não é daqueles que fica fixo centralizado entre os zagueiros, ele sai da área para o meio e para os lados para dar opções. Hulk no Atlético-MG também é um infiltrador nas defesas, mas prefere fazer isso com tabelas e não atacando espaço. É uma movimentação diferente em que ele busca a posse de bola para gerar espaços ao seu jogo físico em que é difícil ser desarmado corpo a corpo.
Apesar da atual condição de camisa 9, Hulk tem boa parte de sua trajetória na seleção e no futebol internacional como ponta pela direita. Há uma chance de ele voltar à posição no Atlético-MG, que contratou Diego Costa. Nos 30 minutos em que a dupla jogou junto contra o Red Bull Bragantino, no domingo (29), o reforço foi centroavante e Hulk deslocado justamente à ponta. Segundo apurou o UOL Esporte, ele não é mais visto na seleção como ponta, ou externo.
Tite tem algumas dinâmicas de jogo definidas na seleção que exigem que os pontas sejam jogadores com responsabilidades defensivas, principalmente nos conceitos de perde-pressiona e marcar atacando, já explicados pelo UOL. Quase sempre um dos pontas é de velocidade, característica marcante de Vini Jr e Malcom, mas não de Gabigol ou Hulk. Isso acontece porque, quando o time recupera a posse de bola quase sempre haverá um pivô central ou um ponta abrindo para sair em velocidade do lado oposto da jogada.
Como Neymar tem sido escalado com mais liberdade no ataque, sem ficar preso na ponta, mas por dentro, partindo do centro do campo — e isso dá certo —, é difícil imaginar que seria mudado em poucos dias de treino. Como nem Gabigol, nem Hulk, têm essa característica de partir em velocidade, visto que o segundo sempre foi um ponta de mais vigor físico e imposição, é raro um cenário em que possam atuar juntos.
Uma ideia possível para dar mais equilíbrio à formação dependeria de o time ter outros dois jogadores de lado, sendo um com perfil mais de armador e outro de ponta, mesmo, para dar profundidade e fazer as transições defensivas tão exigidas. Também seria necessária a escalação de um volante com mais capacidade de construção, algo que os dois centroavantes não têm como maior característica. E aí vai a resposta da pergunta da manchete: seriam necessários tantos ajustes que esse cenário fica improvável.
As escalações recentes da seleção mostram uma lógica: nos dois últimos jogos, Neymar livre, Richarlison de pivô e Éverton Cebolinha de ponta.
A dupla Gabigol/Hulk até pode ser uma opção para o decorrer do jogo, mas dificilmente terá espaço desde o início às custas de princípios táticos que fazem a seleção brasileira construir sua campanha perfeita nas Eliminatórias, com 100% de aproveitamento nos seis primeiros jogos. Um artilheiro por vez?
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