Topo

Chegou pra ficar? Gérson é candidato a resolver problema da seleção no meio

Gérson conduz a bola sob os olhares de Eduardo Vargas durante Chile x Brasil, em Santiago - Lucas Figueiredo/CBF
Gérson conduz a bola sob os olhares de Eduardo Vargas durante Chile x Brasil, em Santiago Imagem: Lucas Figueiredo/CBF

Gabriel Carneiro

Do UOL, em São Paulo

04/09/2021 04h00

A convocação de Gérson para a seleção brasileira é esperada desde que o Flamengo engrenou sob o comando de Jorge Jesus em 2019. Os outros jogadores criativos de meio e ataque daquele time — nascidos no país, é claro — foram testados pelo técnico Tite, mas a chance do camisa 8 só apareceu nos três jogos deste mês de setembro válidos pelas Eliminatórias da Copa.

Nos 52 minutos que marcaram sua estreia com a Amarelinha, na vitória por 1 a 0 sobre o Chile, o volante exibiu algumas das razões que fizeram ser alto o coro por sua convocação nos últimos meses, de torcedores e analistas. Agora, Gérson é o candidato que se apresenta para ajudar a resolver os problemas da criação de jogadas da seleção no meio-campo.

Tite admitiu pela primeira vez que a seleção precisava "melhorar o processo criativo" no dia 13 de agosto, quando convocou a primeira leva de jogadores para enfrentar Chile, Argentina e Peru. Na ocasião, ele mencionou que podia propor novidades "no espaço do camisa 8 e do 10". Em termos de nomes, os escolhidos foram Bruno Guimarães e Claudinho.

O problema é que os vetos de times da Inglaterra e da Rússia causaram o corte de 12 jogadores e desfiguraram a seleção brasileira pouco antes dos jogos. Em início de trajetória no Olympique de Marselha, Gérson foi convocado às pressas na semana passada para substituir Fred. Ele começou o jogo contra o Chile no banco de reservas, mas Bruno Guimarães não conseguiu agarrar a chance nos 48 minutos iniciais.

Gérson - Lucas Figueiredo/CBF - Lucas Figueiredo/CBF
Gérson durante treino da seleção; atividade de hoje (4) definirá a escalação de amanhã
Imagem: Lucas Figueiredo/CBF

Acionado no intervalo da partida, o ex-flamenguista melhorou o tal "processo criativo".

Curiosamente, com base num conceito defensivo: avançado em relação a Bruno Guimarães, ele passou a tentar roubadas de bola dos volantes chilenos, que jogaram com liberdade no primeiro tempo. Posicionado mais pela esquerda, o volante ajudou a seleção brasileira a sufocar o adversário e conseguir a posse de bola no campo de ataque. Em relação às estatísticas, teve um índice de acerto de passes de 92% que permitiu a criação de pé em pé.

Ele [Tite] pediu para que eu entrasse e continuasse fazendo o que eu faço, que é jogar normal, jogar tranquilo. Me passou muita confiança e isso ajuda bastante no meu primeiro jogo na seleção principal. Me senti confortável e bem, mas preciso trabalhar para estar sempre melhorando, tenho que estar sempre focado, porque nunca estamos nos 100%."

Tite viu em campo durante 52 minutos uma atuação que reuniu dois princípios importantes para o segundo volante: bom passe e capacidade de articulação, mas sem deixar de lado a obrigação defensiva. É o equilíbrio de que tanto se fala na posição em que ninguém se firmou desde a queda técnica de Arthur.

Gérson espera ser titular amanhã (5), às 16h, contra a Argentina, na Neo Química Arena, mas a condição não está garantida. A entrada de Everton Ribeiro no lugar de Vini Jr fez até mais diferença do que a ação do volante em campo, então duas mudanças poderiam mexer excessivamente num time que já vem desfigurado das últimas semanas. O treino de hoje define a estratégia.

Para Gérson, independentemente se for para sair jogando ou começar do banco de reservas, há a certeza de que pode se tornar um jogador útil para a seleção brasileira e deixar no passado a turbulência que sempre ligou seu nome à Amarelinha.