Conmebol teria acordo com Ministério da Saúde, mas pasta diz apoiar Anvisa
A Anvisa interrompeu a partida entre Brasil e Argentina na tarde deste domingo (5). O intuito da ação foi impedir que os quatro jogadores argentinos que vieram da Inglaterra disputassem o confronto. O jogo foi suspenso depois de uma hora de paralisação.
No alto escalão da Conmebol, a versão é que houve um acordo com as autoridades brasileiras para que os jogadores participassem da partida mesmo sem ter seguido a quarentena. Segundo o UOL apurou, o discurso que vem da entidade sul-americana é que ontem o ministro da Saúde deu as garantias que o jogo fosse disputado.
Procurado pela reportagem, o Ministério da Saúde evitou responder se, de fato, fez algum acordo com a Conmebol. Se limitou a dizer, em nota, apenas que "apoia e reconhece as recomendações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), autoridade em saúde responsável pelas ações de vigilância sanitária do país."
"Risco sanitário grave"
No início da tarde, a Anvisa chegou a emitir um comunicado no qual apontou "risco sanitário grave, e por isso orientou às autoridades em saúde locais a determinarem a imediata quarentena dos jogadores, que estão impedidos de participar de qualquer atividade e devem ser impedidos de permanecer em território brasileiro".
Segundo a Anvisa, os quatro jogadores declararam não ter passagem por nenhum dos quatro países com restrições nos últimos 14 dias — entre eles a Inglaterra. Os viajantes chegaram ao Brasil em voo de Caracas/Venezuela com destino a Guarulhos. Porém, notícias não oficiais chegaram à Agência dando conta de supostas declarações falsas prestadas por tais viajantes.
De acordo com as regras brasileiras, os visitantes que estiveram no Reino Unido 14 dias antes de entrar no país devem ficar em quarentena por 14 dias na chegada.
A CBF intercedeu junto ao Governo Federal em apoio à Conmebol e à AFA e tinha como garantido um acordo com as autoridades, tanto que os argentinos escalaram como titulares três dos quatro que vieram da Inglaterra há menos de 14 dias.
Durante a transmissão da Globo, o diretor-presidente da Anvisa, Antônio Barra Torres, disse que houve uma série de descumprimentos por parte dos argentinos. "Chegamos a esse ponto porque tudo aquilo que a Anvisa orientou antes e não foi cumprido. Esses jogadores tiveram orientação de ficarem isolados para serem deportados. O isolamento poderia ser até mesmo no hotel. Mas isso não é cumprido. Eles entram em campo ainda. Há uma sequência de descumprimentos", disse ele.
Portaria especial
A mesma portaria já havia sido oferecida pelo poder público para a CBF para os atletas que foram convocados e pertencem a times ingleses. Nomes como Roberto Firmino, Richarlison e Gabriel Jesus, por exemplo, não precisariam fazer quarentena ao desembarcar no Brasil. O artigo 3 do documento cita que brasileiro nato ou naturalizado não precisa se submeter às restrições de que trata a portaria.
Antes do apito inicial, ainda no estádio, o secretário de Saúde do Estado de São Paulo, Jean Gorinchteyn, insistia a proibição de participação dos quatro jogadores na partida.
"Ninguém está à margem disso, nem eu. É imprescindível que todas as medidas sanitárias sejam cumpridas para garantir segurança a todos —a outros jogadores, a colaboradores e ao público", afirma. Médico infectologista, ele disse ainda ao UOL Esporte que intercedeu para que os jogadores que chegaram da Inglaterra e não cumpriram a quarentena ficassem de fora da partida. "Os jogadores não poderiam jogar, por determinação da Anvisa e do Ministério da Saúde.
Nota da CBF
A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) lamenta profundamente os fatos ocorridos e que acabaram por provocar a suspensão da partida entre Brasil e Argentina, válida pelas Eliminatórias da Copa do Mundo FIFA Catar 2022.
A CBF defende a implementação dos mais rigorosos protocolos sanitários e os cumpre na sua integralidade. Porém ressalta que ficou absolutamente surpresa com o momento em que a ação da Agência Nacional da Vigilância Sanitária ocorreu, com a partida já tendo sido iniciada, visto que a Anvisa poderia ter exercido sua atividade de forma muito mais adequada nos vários momentos e dias anteriores ao jogo.
A CBF destaca ainda que em nenhum momento, por meio do Presidente interino, Ednaldo Rodrigues, ou de seus dirigentes, interferiu em qualquer ponto relativo ao protocolo sanitário estabelecido pelas autoridades brasileiras para a entrada de pessoas no país. O papel da CBF foi sempre na tentativa de promover o entendimento entre as entidades envolvidas para que os protocolos sanitários pudessem ser cumpridos a contento e o jogo fosse realizado.
A CBF reitera sua decepção com os acontecimentos e aguarda a decisão da CONMEBOL e da FIFA em relação à partida.
*Com informações de Danilo Lavieri
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