CBF diz que avisou três vezes sobre exigência a 'ingleses' da Argentina
A CBF publicou mais uma nota oficial hoje (6) a respeito do imbróglio que culminou com a suspensão do jogo entre Brasil e Argentina, pelas Eliminatórias da Copa do Mundo. Além de explicar sua participação na reunião com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a entidade diz ter avisado pelo menos três vezes a respeito das exigências da legislação brasileira aos jogadores argentinos que viriam da Inglaterra para a partida.
A CBF diz que "cumpriu rigorosamente seu papel institucional como entidade anfitriã do jogo, informando todos os envolvidos no jogo a respeito das leis sanitárias em vigor no país em ofício enviado, por meio da Secretaria Geral da entidade, no dia 5 de julho, e reenviado posteriormente em 11 de agosto e 2 de setembro". Ou seja, isso inclui a Conmebol também.
O relato da CBF ainda dá conta de que os argentinos quebraram a orientação passada pela Anvisa na reunião de sábado ainda enquanto encontro acontecia, em São Paulo.
A determinação do órgão sanitário nacional era colocar em quarentena os quatro jogadores que atuam no futebol inglês, o goleiro Emiliano Martínez, o zagueiro Cristian Romero, o volante Giovani Lo Celso e o meia-atacante Emiliano Buendia. Posteriormente, eles seriam retirados do país.
O relato da Anvisa dá conta de que houve informação errada nos documentos apresentados pelos argentinos na chegada ao Brasil, sexta-feira. Eles não informaram que vieram da Inglaterra a menos de 14 dias. A portaria interministerial 655, de 23 de junho, estabelece que quem chega do Reino Unido deve cumprir 14 dias de quarentena — o documento prevê excepcionalidades, que poderiam ter sido acionadas pela AFA com antecedência.
"Após a reunião, quando solicitada a presença dos atletas, os agentes da Vigilância de Saúde foram informados que os jogadores haviam saído para o treinamento, descumprindo orientação passada durante a reunião. O órgão informou o descumprimento à Agência Nacional de Vigilância Sanitária e ao Ministério da Saúde, responsáveis pela análise do pedido de excepcionalidade encaminhado pela CONMEBOL em nome da AFA", descreveu a CBF na nota.
A entidade brasileira afirmou ainda que o presidente em exercício, Ednaldo Rodrigues, não "interferiu em qualquer ponto relativo ao protocolo sanitário estabelecido pelas autoridades brasileiras para a entrada de pessoas no país". "O papel da CBF foi sempre na tentativa de promover o entendimento entre as entidades envolvidas para que os protocolos sanitários pudessem ser cumpridos a contento e o jogo fosse realizado", explicou a entidade.
Nota oficial da CBF na íntegra
Em relação à reunião ocorrida na tarde de sábado, 4 de setembro, no Hotel Marriot, onde estava hospedada a delegação da Seleção Argentina, a CBF esclarece:
1 - A CBF enviou representação à referida reunião como ouvinte, atendendo a pedido da Vigilância de Saúde do Estado de São Paulo, onde estiveram reunidos representantes do referido órgão, do Ministério da Saúde, da Anvisa, da Conmebol e da Associação Argentina de Futebol (AFA).
2 - A CBF esteve representada pelo Dr. Roberto Nishimura, Coordenador Operacional da Comissão Médica Especial, não tendo havido, de sua parte, nenhuma interferência em relação a aspectos administrativos ou sanitários. Essa reunião se encerrou por volta das 18h.
3 - Por entender não se tratar de assunto de sua atribuição, em nenhum momento houve qualquer manifestação por parte do representante da CBF às autoridades quanto à questão sanitária dos quatro atletas argentinos, seja no sentido de liberar ou de vetar sua participação no jogo.
4 - Nesta reunião, os representantes da Seleção Argentina foram informados de que havia uma irregularidade no ingresso dos jogadores, que eles deveriam ficar em quarentena e receberam a orientação das autoridades para solicitarem, junto aos órgãos competentes, a autorização especial para que os jogadores tivessem sua situação regularizada. Tratou-se de uma discussão técnica entre Anvisa, Ministério da Saúde e Associação Argentina.
5 - Após a reunião, quando solicitada a presença dos atletas, os agentes da Vigilância de Saúde foram informados que os jogadores haviam saído para o treinamento, descumprindo orientação passada durante a reunião. O órgão informou o descumprimento à Agência Nacional de Vigilância Sanitária e ao Ministério da Saúde, responsáveis pela análise do pedido de excepcionalidade encaminhado pela CONMEBOL em nome da AFA.
6 - Todos esses passos estão descritos detalhadamente pela Anvisa em nota oficial publicada no domingo, 5, e atualizada nesta segunda-feira, 6, conforme íntegra ao final desta.
7 - Já no domingo, 5, esse pedido teve resposta oficial negativa, por parte do Ministério da Saúde à CONMEBOL, tendo sido notificada a Seleção Argentina, diretamente na NeoQuímica Arena, com tempo suficiente para adotar os procedimentos necessários.
8 - Quanto à informação que circulou sobre a presença do Diretor de Competições da CBF, Manoel Flores, no hotel da delegação argentina, a CBF informa que de fato ele esteve no hotel no sábado, por volta das 15h, unicamente para falar sobre detalhes operacionais do jogo com o atachê (membro da equipe de organização da partida) que acompanhou a Seleção da Argentina, permanecendo no local por cerca de 15 minutos e não tendo tratado de nenhum assunto relativo aos jogadores argentinos. Visitar o hotel da delegação visitante é rotina habitual em toda operação de jogo.
A CBF esclarece ainda que cumpriu rigorosamente seu papel institucional como entidade anfitriã do jogo, informando todos os envolvidos no jogo a respeito das leis sanitárias em vigor no país em ofício enviado, por meio da Secretaria Geral da entidade, no dia 5 de julho, e reenviado posteriormente em 11 de agosto e 2 de setembro.
A CBF reitera que defende a implementação dos mais rigorosos protocolos sanitários e os cumpre na sua integralidade, tanto no território nacional quanto em países em que a Seleção Brasileira atua como visitante.
A CBF destaca ainda que em nenhum momento, por meio do Presidente interino, Ednaldo Rodrigues, ou de seus dirigentes, interferiu em qualquer ponto relativo ao protocolo sanitário estabelecido pelas autoridades brasileiras para a entrada de pessoas no país. O papel da CBF foi sempre na tentativa de promover o entendimento entre as entidades envolvidas para que os protocolos sanitários pudessem ser cumpridos a contento e o jogo fosse realizado.
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