Presidente da Anvisa nega 'espetacularização' em Brasil x Argentina
O presidente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), o médico Antonio Barra Torres, rebateu as críticas sobre "espetacularização" na ação que paralisou a partida entre Brasil e Argentina, no último domingo, pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2022. Ele falou sobre o assunto em entrevista ao jornal O Globo nesta quarta-feira.
O médico destacou que a Anvisa não teve a intenção de agir somente após o início da partida. O jogo foi paralisado após cinco minutos na Neo Química Arena.
"Cansei de assistir depois às mais ferozes críticas, inclusive dos comentaristas de futebol (...) Alguns questionaram: 'Por que a Anvisa fez isso? É uma tentativa de espetacularização.'", disse.
"A Anvisa tem o interesse de continuar no trabalho silencioso que fazia antes da pandemia, porque é muito mais simples, menos desgastante e produz efeitos de maneira mais tranquila para nós. [Não houve] nenhuma intenção de esperar jogo começar para entrar em campo. Absolutamente. É um comentário profundamente infeliz", acrescentou.
Na conversa, o Antonio Barra Torres disse ainda que não teve contato com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ou alguém do Planalto no dia da ação da Anvisa.
"Eu tive contato com a Polícia Federal no domingo. Não para solicitar o apoio, porque isso foi solicitado através de documento oficial, mas a gente gosta de pegar o telefone e reforçar. Então tive contato com delegados da PF daqui de Brasília por telefone naquela manhã. [Mas do Planalto] não", destacou.
Nesta quarta-feira, a Anvisa divulgou uma linha do tempo das ações que levaram à autuação de jogadores argentinos durante a partida contra o Brasil. A entidade, porém, não apresentou provas de que os quatro atletas da Argentina mentiram ao entrarem no país, sob alegação de que não poderia tornar públicos os dados pessoais deles.
Relembre o caso
A confusão à beira do campo começou aos cinco minutos de partida. Funcionários responsáveis pela operação do jogo tentaram impedir a entrada dos fiscais da Anvisa no campo, mas não conseguiram. Minutos depois, toda a seleção argentina deixou o gramado, apesar de os quatro jogadores envolvidos serem o goleiro Emiliano Martínez, o zagueiro Cristian Romero, o volante Lo Celso e o meia-atacante Emiliano Buendía — os três primeiros estavam entre os titulares.
No início da tarde de domingo, a Anvisa chegou a emitir um comunicado no qual apontou "risco sanitário grave, e por isso orientou às autoridades em saúde locais a determinarem a imediata quarentena dos jogadores, que estão impedidos de participar de qualquer atividade e devem ser impedidos de permanecer em território brasileiro".
Segundo a Anvisa, os quatro jogadores declararam não ter passagem por nenhum dos quatro países com restrições nos últimos 14 dias —entre eles, a Inglaterra. Os viajantes chegaram ao Brasil em voo de Caracas/Venezuela com destino a Guarulhos. Porém, notícias não oficiais chegaram à Agência denunciando supostas declarações falsas prestadas por tais viajantes.
De acordo com as regras brasileiras, os visitantes que estiveram no Reino Unido 14 dias antes de entrar no país devem ficar em quarentena por 14 dias na chegada.
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