O que diz portaria que fez Anvisa tirar Willian do jogo do Corinthians
O Corinthians e o meia-atacante Willian foram surpreendidos ontem (11) pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). O órgão vinculado ao Ministério da Saúde informou que o jogador do Timão estava em período de quarentena e não poderia jogar hoje contra o Atlético-GO, pelo Campeonato Brasileiro.
O camisa 10 treinou a semana inteira e seria titular do Alvinegro, mas foi informado em Goiânia, já no hotel da delegação, que não poderia jogar. O que motivou a suspensão?
O que diz a Portaria 655?
No dia 23 de junho deste ano, motivados pelas novas variantes da covid-19 que circulam em países como Reino Unido, África do Sul e Índia, os ministros da Casa Civil, Justiça e Saúde publicaram no Diário Oficial a Portaria 655. No documento, o Governo Federal informa que, de forma excepcional e temporária, ficam restritas as entradas de estrangeiros no Brasil. A portaria também sanciona a proibição da entrada de não-brasileiros por vias terrestres ou em transportes aquaviários.
O artigo terceiro do documento informa que as restrições acima citadas não se aplicam aos cidadãos do Brasil, que é o caso do meia-atacante Willian, recém-contratado pelo Corinthians. Portanto, o jogador não tinha qualquer impeditivo em passar pela imigração no Aeroporto de Guarulhos e entrar em seu país-natal. O trecho, no entanto, nada diz respeito à necessidade do cumprimento de uma quarentena.
Quem trata deste assunto é o parágrafo sétimo do artigo sétimo da portaria. O trecho do documento deixa claro que os brasileiros que desembarcam no país vindos do Reino Unido (Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte), da África do Sul e da Índia serão obrigados a cumprir o isolamento social por duas semanas como medida de combate à pandemia da covid-19.
"O viajante que se enquadre no disposto no art. 3º, com origem ou histórico de passagem pelo Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte, pela República da África do Sul e pela República da Índia nos últimos quatorze dias, ao ingressar no território brasileiro, deverá permanecer em quarentena por quatorze dias", diz o documento.
Os 11 dias de Willian no Brasil
Como estava no Arsenal, da Inglaterra, Willian deveria cumprir quarentena imediata ao chegar no Brasil. O jogador, segundo informou a Anvisa, assinou um documento no dia 1º de setembro, data de sua chegada ao país, se comprometendo em cumprir os artigos da Portaria 655. Contudo, assim que desembarcou em Guarulhos, o atleta foi direto ao Parque São Jorge assinar seu contrato com o Corinthians.
Nos últimos dias, Willian preencheu as páginas do noticiário esportivo de todo o país, foi à Neo Química Arena no evento de aniversário do Corinthians, acompanhou o time em Itaquera na última terça-feira (7) e cumpriu uma rotina rigorosa de treinos no CT Joaquim Grava. A Agência, no entanto, alegou em nota não ter conhecimento prévio dos fatos.
"Considerando que notícias não oficiais recentes chegaram à Anvisa dando conta de que o jogador vem circulando em treinamentos e que participará de jogo neste domingo em outro estado da Federação, a Anvisa notificou de imediato o CIEVS (Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde Nacional) para que adote as ações necessárias junto à Vigilância Sanitária do Estado ou Município para o cumprimento das medidas sanitárias, com vistas a evitar que o jogador descumpra o período de quarentena", informou a Anvisa.
Ontem, na véspera do jogo contra o Atlético-GO e no 11º dia do atleta no Brasil, a Anvisa estabeleceu contato com Willian e com o Corinthians. O técnico Sylvinho relacionou o camisa 10 para a partida no Centro-Oeste, colocou Willian no avião e apenas no hotel em Goiânia é que o poder público, de fato, interferiu. O atleta foi informado que estava proibido de jogar. Ainda há a possibilidade do meia-atacante ser responsabilizado nas esferas civil, administrativa e penal.
Próximos passos
O que o futuro reserva a Willian e ao Corinthians ainda é uma incógnita. A Anvisa não informou se o atleta terá de cumprir quarentena ao retornar a São Paulo ou se apenas poderá retornar às atividades normais no CT Joaquim Grava até que complete os 14 dias no Brasil.
O departamento jurídico do clube do Parque São Jorge não se manifestou sobre a retirada de seu jogador do hotel da delegação. Inclusive, na nota de treino publicada ontem pela noite, o Corinthians não citou o nome de Willian em nem uma linha sequer e omitiu o caso.
A Agência foi procurada pela reportagem para explicar o que deve ser feito nos próximos dias, mas não atendeu aos telefonemas. O Corinthians promete se posicionar nas próximas horas.
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