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Pessoa com ELA, torcedor do Galo comemora liderança com piscar dos olhos

Sr. Miltinho, de 74 anos, luta contra as dores diárias, mas não abandona o amor pelo Atlético-MG - Arquivo Pessoal
Sr. Miltinho, de 74 anos, luta contra as dores diárias, mas não abandona o amor pelo Atlético-MG Imagem: Arquivo Pessoal

Henrique André

Do UOL, em Belo Horizonte

13/09/2021 12h09

Os olhos já estão cansados, a fala deu lugar ao silêncio, a morfina se tornou indispensável para controlar as fortes dores, mas pequenos reflexos demonstram o amor pela família e pelo Atlético-MG, clube de coração. E é assim que Anilton Teixeira Neto, o Sr. Miltinho, leva a vida. Ontem (12), na vitória do Galo por 2 a 0 sobre o Fortaleza, ele teve mais um motivo para acreditar.

Diagnosticado em meados de 2017 com Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), doença do sistema nervoso que enfraquece os músculos e afeta as funções físicas, o torcedor de 74 anos hoje vive sob os cuidados da inseparável esposa, dona Eliana, e tem como combustível a presença dos netos Caio e Murilo, de 12 e 9 anos, respectivamente, e dos filhos Christiano e Leonardo.

Como não consegue mais ficar muito tempo com os olhos abertos, Miltinho tem o rádio como principal companheiro em dias de jogos. Sempre ligado na Itatiaia, ele sabe de tudo o que acontece no dia a dia do Atlético-MG. Quando as partidas são à noite, ele se atualiza no dia seguinte, com ajuda de Christiano, que o passa noticiário completo.

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Sr. Miltinho, ainda sem os sinais da ELA, ao lado da nora e dos netos Caio e Murilo
Imagem: Arquivo Pessoal

"A principal lembrança que tenho com ele foi a Copa do Brasil de 2014, naquele jogo em que eliminamos o Flamengo. Meu pai estava com o seu neto, o meu filho Caio, e depois daquela virada histórica comemos o tradicional tropeiro foi sensacional! Ele me levou a muitas partidas quando criança", conta o filho de Sr. Anilton ao UOL Esporte.

Ainda de acordo com Christiano, o que mais o incomoda é o fato de o pai, ex-representante comercial, não poder curtir 100% esta fase do clube de coração (o excelente momento dentro das quatro linhas e também a construção do estádio próprio (Arena MRV) são dois exemplos citados por ele).

Contudo, mesmo com todas as dificuldades, ter a presença de Miltinho no dia a dia dá forças à família para seguir no "Eu acredito". Apesar de ser uma doença sem cura e degenerativa, ainda há um turbilhão de emoções em jogo: principalmente quando Cuca e seus comandados estão em ação.

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