Andarilho do futebol, brasileiro já recebeu proposta até pelo Facebook
O zagueiro Walter Ventura tem 31 anos e está no 18° time da carreira, que é o Puntarenas FC, da Segunda Divisão da Costa Rica. Brasileiro, ele é um daqueles jogadores conhecidos como andarilhos do futebol, que rodam por diversos clubes e países com contratos curtos e sem criar muitas raízes. Já foram cinco Estados brasileiros e cinco diferentes países —de um deles, carrega uma história inusitada para contar.
Entre junho e dezembro de 2018, o brasileiro jogou no Al-Merrikh, time do Sudão. O curioso é a forma como ele chegou lá, atendendo a um convite do treinador da equipe pelo Facebook. "Um treinador tunisiano chamado Yamen Zalfani me contatou pela rede social quando assumiu o clube, conversamos, os valores eram bons, era uma experiência nova e acabei aceitando. Fizemos pré-temporada em Dubai e tudo", diz, antes de completar:
"Eu até hoje não sei como meu vídeo de melhores lances chegou nas mãos desse treinador [risos]. Ele é jovem, mas já tem nome lá. Recebeu, se interessou e me achou no Facebook. Foi tudo muito rápido. Eu estava no Brasil depois de encerrar o Estadual pelo Operário de Dourados-MS e em dois dias viajei para a África, num país que jamais pensei em conhecer. Foi uma boa experiência e eu até voltaria, mas aí tive uma proposta boa da Guatemala."
A passagem pelo Al-Merrikh foi a única que começou de um jeito tão inusitado. A maioria das andanças ocorre de uma maneira mais convencional, com trabalho de empresários, envio de vídeos com lances para dirigentes, contatos ou indicações de treinadores com quem ele já trabalhou. É o caso da atual experiência na Costa Rica.
"Em 2017, eu joguei num clube da Costa Rica chamado Limón. Cheguei lá com aval de um empresário e fiquei só três meses porque deu problema de contrato. Só que eu criei uma boa relação com o treinador Horacio Esquivel. Ele chegou esse ano ao Puntarenas e entrou em contato comigo e outros jogadores do Limón que já conhecia. Estou aqui desde o começo da pré-temporada em julho e já disputamos seis rodadas. São oito times na chave, se classificam quatro e hoje estamos em quarto", explica.
O contrato é de seis meses, mas Walter Ventura deseja ampliar o período de permanência no país porque se sente à vontade: "Estou num time de primeira que está na Segunda, mas o projeto é subir. Eu sempre gostei da América Central, é minha terceira passagem. A cultura deles é parecida com o Brasil, povo é receptivo, sobre comida também tem de tudo. É como se fosse o Nordeste, uma cidade praiana em que quase não faz frio. Meu objetivo agora é fazer um bom campeonato aqui, conquistar o acesso e me acomodar um pouco mais pela primeira vez [risos]."
No Brasil, Walter jogou em São Paulo (Comercial de Registro e AD Guarulhos), Tocantins (Interporto), Mato Grosso do Sul (Serc, Comercial e Operário, Rio Grande do Norte (Palmeira) e Pernambuco (Petrolina, Araripina, Flamengo de Arcoverde, Pesqueira e Vitória das Tabocas). Já fora, além da Costa Rica e do Sudão, esteve na Guatemala, na Croácia e em Kosovo. Sempre em contratos curtos e cheios de indefinição.
"O futebol é muito incerto. Você faz contratos de alguns meses e não sabe onde estará no dia seguinte. Eu recebi essa ligação da Costa Rica na terça-feira para viajar sexta e fui, porque é minha profissão. Você pensa em ter uma vida mais cômoda, mas é muito difícil. Conforme Deus vai abrindo as portas eu vou."
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