Em nova queda com erro individual, Flu mostra falhas em montagem do elenco
Como em um filme repetido, o Fluminense viu mais uma eliminação em competições de mata-mata com erros individuais. A repetição de falhas, desta vez na Copa do Brasil, teve atores diferentes, e o contexto de desfalques e inferioridade em relação ao Atlético-MG expõe fraquezas na montagem do elenco tricolor.
O "infelizmente não deu" de Marcão, que admitiu que sua equipe foi até o próprio limite diz mais que a simples frase. Se as declarações de "luta até o fim" e "cabeça erguida" também se repetem à exaustão, o clube precisa abrir os olhos para dentro de si mesmo. Embora as dificuldades financeiras pesem, as escolhas ruins não foram poucas na condução do futebol.
Preso em um ciclo de falta de dinheiro na tentativa de reestruturação e apostas no futebol, o clube se vê longe de seus dias de maiores glórias e fora do papel de protagonista no futebol brasileiro. Dentro do que se desenhou a temporada, com azar em sorteios e desfalques em momentos decisivos, o Tricolor ficou relegado a brigar por vaga na Libertadores no Brasileirão.
Sem Manoel, Egídio, Hudson, André, Martinelli, Ganso, Cazares, Gabriel Teixeira e Lucca, lesionados, além de Nenê, que deixou o clube na véspera do confronto decisivo, o técnico optou por uma estratégia excessivamente conservadora. E quase surpreendeu no primeiro tempo.
Marcando bem e sabendo a hora de pressionar a bola, o Flu poderia ter aberto o placar com Fred ou Luiz Henrique, mas desperdiçou as chances que teve. Mais uma vez, a velha máxima do futebol apareceu, e o Atlético-MG abriu o marcador com Hulk, aproveitando falha infantil de Danilo Barcelos em pênalti anotado pelo árbitro de vídeo — a 15ª penalidade máxima do Tricolor em 51 jogos na temporada.
No fim, o Fluminense não teve força ou repertório para bater um adversário mais forte. Mesmo com aumento no investimento no futebol para a disputa da Libertadores em 2021, o Tricolor viu boa parte de suas apostas não renderem conforme o esperado.
"Tentamos de tudo mas não conseguimos empatar. Lógico que queríamos sair daqui com um resultado muito positivo, voltar com essa classificação para o Rio de Janeiro, mas infelizmente não deu. Fizemos uma boa partida diante de uma equipe muito bem treinada", resumiu Marcão, resignado. A eliminação não compromete seu bom início de trabalho, embora o treinador tenha tomado decisões ruins contra o Galo.
A escalação de jogadores como Danilo Barcelos e Wellington é resultado de poucos testes de Roger Machado no Carioca. Jovens como Jefté e Wallace, que agradavam internamente à época nem entraram em campo. André, que pouco jogou, só virou solução com a lesão de Hudson, por pouco não deixou o clube e hoje é titular absoluto. Decisões equivocadas no comando do futebol que não são erros de Marcão.
Peças que fortaleceriam o elenco como Abel Hernández, Bobadilla e Cazares ainda não deram retorno em campo, e a equipe caminha para o fim da temporada com os mesmos defeitos que em 2020: dificuldades no setor ofensivo e falhas na defesa.
As mexidas do técnico contra o Atlético-MG, precisando vencer, evidenciam que ainda faltam jogadores mais decisivos nas pontas, um problema que o Flu já tinha no último ano. Sem Nenê, em fase ruim e já no rival Vasco, o poder de fogo diminuiu ainda mais.
"Temos pecado nesse último passe, naquele detalhezinho, na hora de finalizar. Vamos continuar trabalhando muito isso. Diante de uma grande equipe, a oportunidade que tivermos temos que tentar matar, para mudar o jogo, fazer a equipe adversária correr atrás do placar. Vamos trabalhar ainda mais por isso", explicou o técnico, sem tocar em um ponto claro: a falta de qualidade.
Entre erros de Muriel, Marcos Felipe, Egídio, Danilo Barcelos, Samuel Xavier ou Luccas Claro, o elenco mostrou mais uma vez que precisa de reforços para fazer mais do que as campanhas dos dois últimos anos. Ainda assim, com Marcão, o time é competitivo o suficiente para repetir o ano que passou, com o mesmo comandante e Odair Hellmann, e voltar à Libertadores.
Em mais um Brasileirão nivelado por baixo, o Tricolor, adversário duro, tem boas chances de emplacar mais um ano na principal competição de clubes da América. Mas para voltar a gritar "é campeão", o que não faz desde 2016, quando venceu a Primeira Liga, ou 2012, quando conquistou Carioca e Brasileirão, o Fluminense precisará de mais acertos na montagem e condução do elenco e comissão técnica.
Com a eliminação na Copa do Brasil, o Flu tem apenas o Campeonato Brasileiro em disputa até o fim da temporada. Na 7ª posição do Brasileirão, com 28 pontos, o Tricolor volta a campo na próxima segunda (20), às 20h, contra o Cuiabá, na Arena Pantanal.
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