Crise na Evergrande pode quebrar mais um time chinês cheio de brasileiros
O mercado financeiro vive dias de tensão diante do possível calote da gigante chinesa Evergrande, incorporadora que deve cerca de US$ 300 bilhões a credores e não tem como pagar. A crise em gestação pode se tornar mundial e culminar em problemas dos mais variados, a começar pela possível quebra de um clube de futebol, o Guangzhou FC, maior campeão da Superliga chinesa e destino de vários jogadores brasileiros.
O clube era apenas a segunda força da cidade de Guangzhou, no sudeste da China, quando a Evergrande se tornou acionista majoritária em 2010. Já no ano seguinte, o time fez manchetes internacionais por pagar o terceiro maior salário do futebol mundial para Darío Conca —só Cristiano Ronaldo e Messi ganhavam mais. Era o início de uma injeção de recursos milionária, que bancou vários títulos e projeção, mas já está dando prejuízo.
Em uma década, o Guangzhou Evergrande (que hoje já não usa o nome da empresa) ganhou oito vezes o Campeonato Chinês, foi bicampeão da Ásia e chegou a enfrentar Bayern de Munique e Barcelona no Mundial de Clubes. Neste processo, quis ser o "Chelsea Asiático", nas palavras de seus dirigentes, contratou uma legião de brasileiros e começou a construir um estádio para 100 mil pessoas, mas pode acabar quebrando.
Uma carta supostamente escrita por dirigentes do Guangzhou FC viralizou nos últimos dias. O documento pede ao governo local um plano de aquisição para impedir a falência do clube, pois a Evergrande já não seria capaz de financiar o futebol. O apelo ao Estado de fato foi feito, segundo a revista Bloomberg, que ainda ouviu de um dos dirigentes, Gao Han, que "não pode confirmar nem negar a veracidade da carta".
Os problemas financeiros do Guangzhou FC vêm de antes da crise na Evergrande: a imprensa chinesa calcula que o prejuízo anual do clube seja de até US$ 310 milhões (cerca de R$ 1,6 bilhão). Com a crise da incorporadora, a situação piora ainda mais. Até a construção do novo estádio deve ser paralisada, como todas as demais obras feitas pela empresa.
Atualmente, os brasileiros Alan Carvalho, Aloísio "Boi Bandido", Elkeson, Fernando e Ricardo Goulart defendem o Guangzhou FC —os quatro primeiros se naturalizaram chineses. O técnico é o italiano Fabio Cannavaro. Todos eles ficam sem contrato se o clube chinês interromper suas atividades, a exemplo do que aconteceu no ano passado com Alex Teixeira, Éder e Miranda no Jiangsu Suning.
Para além de um clube de futebol, o efeito dominó de um calote da Evergrande pode resultar em problemas muito mais sérios, inclusive em uma possível crise mundial. A imprensa especializada reporta que o governo chinês estuda uma quebra controlada da empresa, evitando assim um colapso como na ocasião do banco norte-americano Lehmann Brothers, em 2008.
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