Famílias de vítimas do voo da Chape sobre mulher presa: 'Ponta do iceberg'
A prisão de Celia Castedo repercutiu entre os familiares das vítimas do voo da Chapecoense. Em entrevista ao UOL Esporte, Fabianne Belle e Mara Paiva, representantes da Associação dos Familiares do Voo da Chapecoense, falaram que a detenção da mulher responsável por assinar o plano de voo em 2016 é apenas a 'ponta do iceberg'.
Argumentando seu ponto de vista, Fabienne, presidente da Associação, disse que responsabilizar Celia seria uma forma de 'maquiar o cumprimento da investigação' e 'encobrir negligências anteriores'.
"A Celia é a ponta do iceberg em uma cadeia enorme de negligência das autoridades bolivianas. Acusando ela fica muito simples para o órgão que regula aviação civil na Bolívia, pois tira deles o peso da responsabilidade de revisar outras questões", começou por dizer Fabienne.
Ainda sobre o assunto, Mara Paiva, viúva do comentarista Mário Sérgio Pontes de Paiva, concluiu que Celia está na posição de 'bode expiatório', afinal, estão tentando culpar alguém que ela considera somente 'uma peça do quebra-cabeça'.
"Ela pode virar um salvo-conduto para empresas envolvidas - vira um bode expiatório - A atenção vai voltar para ela, mas ela é uma peça desse quebra-cabeça. Com esta prisão é possível com que muitas questões sejam reveladas. Não queremos um final feliz, queremos um final menos trágico. Aquelas pessoas entraram naquela aeronave para morrer, só não sabiam, mas entraram para morrer", completou Mara.
"Minha angústia vem desde o acidente, que sempre provocou diversos sustos no meio do caminho. Tenho medo que seja o susto final. A prisão dela não pode ser um símbolo de vitória. Ela sendo colocada em uma prisão e colocada como culpada, vai encobrir os culpados. Essa é a preocupação", finalizou.
Presa e extraditada:
A Polícia Federal confirmou hoje que Celia Castedo, responsável por assinar o plano de voo da Chapecoense em 2016, será extraditada para a Bolívia. Ela permanecerá presa em Corumbá (MS) para aguardar resolução dos trâmites legais até que seja entregue às autoridades bolivianas.
O UOL Esporte confirmou ontem a prisão de Celia Castedo na cidade de Corumbá, em Mato Grosso do Sul. Ela morava no Brasil desde 2016, quando solicitou asilo alegando ameaças por conta de suas declarações sobre o acidente.
"A boliviana era especialista em segurança de voo e, na ocasião, teria deixado, fraudulentamente, de observar os requisitos procedimentais mínimos para a aprovação do plano de voo da aeronave, eis que no programa apresentado a autonomia de voo não era adequada para a viagem", dizia a nota.
De acordo com informações do 'Jornal Nacional', a ordem de prisão foi assinada por Gilmar Mendes, ministro do Supremo Tribunal Federal. Conforme a sentença, Celia é dada como 'procurada pela Justiça boliviana para responder pela suposta prática do crime de atentado contra a segurança no espaço aéreo'.
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