A final do Brasileirão Feminino, vencida pelo Corinthians sobre o Palmeiras neste domingo (26), pode ter uma importância ainda maior do que a disputa do jogo em si. A visibilidade da partida, ampliada por se tratar de um clássico estadual, renova as esperanças para uma evolução na modalidade.
No Fim de Papo, live pós-rodada do UOL Esporte - com as jornalistas Isabela Labate, Milly Lacombe, Marluci Martins e Natália Andrade - as comentaristas expuseram seus desejos por mudanças na modalidade. E não se trata apenas da valorização e do reconhecimento do futebol feminino, mas também pela maior presença de mulheres em comissões técnicas e cargos diretivos nos clubes.
"Meu sonho é ver o futebol feminino tendo uma comissão técnica mais feminina. Aí a gente vai conseguir colocar um monte de coisa que ficou represada e que pode levar ao futebol e até está chegando, mas a conta-gotas. A estrutura é toda masculina ainda. A gente depende da benevolência da CBF para fazer com que os times da Série A tenham um time feminino. Temos comissões técnicas que montam times retranqueiros, que não driblam, não matam a bola no peito", disse Milly.
Para Marluci, o desenvolvimento do futebol feminino no Brasil também passa pela inclusão das mulheres em outras funções dentro dos clubes. "Para que ele consiga sucesso, de fato, as mulheres profissionais desse entorno têm que ter oportunidade, e também no futebol masculino. Por que não se pode ter uma médica ortopedista? Você não vê uma mulher em comissão técnica. Por que não se tem uma técnica? Não seria um absurdo. Não é por fata de profissionais. Talvez uma técnica seja mais difícil por ser uma profissão relativamente nova", observou a colunista.
Natália lembrou que a presença de uma mulher ocupando um cargo dentro da CBF para cuidar da modalidade foi suficiente para acelerar o desenvolvimento da modalidade. "Temos que pensar que o futebol feminino foi proibido por muito tempo. Mesmo depois que acabou essa proibição, houve um boicote muito grande. Não havia competições no Brasil. Havia pouquíssimos times. Agora temos um Brasileiro. A [Aline] Pellegrino [ex-jogadora e atual coordenadora de competições femininas da CBF] e isso está fazendo uma diferença enorme", comentou.
O grande interesse despertado pela final do Brasileirão Feminino animou Marluci por novas mudanças. "Alguma coisa precisa acontecer nas comissões técnicas. As mulheres precisam ocupar espaços também. Se não puderem ser técnicas porque estão estudando, pelo menos é importante ter a mulher inserida nesse entorno. Esse Brasileiro foi muito bem disputado e organizado. A visibilidade está aumentando. Quem sabe os clubes não abram a porta para que outras profissionais possam atuar", destacou.
Para Natália, é uma questão de tempo para que a presença das mulheres no futebol, não apenas no feminino, aumente de forma considerável. "Tem muita coisa a ser mudada, mas é uma história que está sendo construída. Há poucas treinadoras, mas isso não vai mudar de uma hora para outra porque não tivemos tempo para formá-las. A tendência é termos mais mulheres treinando, como dirigentes, apitando e no futebol como um todo", frisou.
Milly demonstrou seu otimismo com o crescimento do futebol feminino no Brasil e torce para que a modalidade conquiste ainda mais espaço. do "A gente está só começando e isso me dá muito ânimo. O jogo foi transmitido pelo TikTok, que tem uma audiência muito jovem. É maravilhoso ver o que está acontecendo. Estamos no meio de uma revolução, que é um processo, e não um evento. Ela está acontecendo e é muito bom ver isso", finalizou.
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