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Cruzeiro amarga drama, e vê ex-técnicos do clube à frente na Série B

Mozart e Felipe Conceição deixaram o Cruzeiro, e estão melhores na tabela que a Raposa na Série B - Divulgação CSA e Remo
Mozart e Felipe Conceição deixaram o Cruzeiro, e estão melhores na tabela que a Raposa na Série B Imagem: Divulgação CSA e Remo

Guilherme Piu

Do UOL, em Belo Horizonte

29/09/2021 04h00

Mais perto do Z4 do que do G4 do Campeonato Brasileiro da Série B, o Cruzeiro —15º colocado com 31 pontos— completou 64 rodadas fora da zona de classificação à Primeira Divisão no último fim de semana. A derrota de virada para o CSA em Belo Horizonte voltou a escancarar problemas latentes do clube, que desde o ano passado não consegue emplacar na competição.

Em seu sétimo técnico desde 2020 —e ainda teve um interino—, a equipe estrelada, que enfrenta o Guarani, hoje (29), às 19h, no estádio Brinco de Ouro da Princesa, muito provavelmente amargará mais um ano na Segunda Divisão. As chances de acesso são de 0,11%, segundo o departamento de matemática da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). E os problemas estão longe de serem depositados apenas nos treinadores que passaram pela equipe.

Dois dos "professores" que trabalharam na Toca II neste ano —Vanderlei Luxemburgo é o terceiro—, e que sofreram críticas pelo desempenho ruim da equipe, estão à frente de outros times e mostram resultados melhores longe de Belo Horizonte. Casos de Mozart e Felipe Conceição, por exemplo.

O primeiro, inclusive, arrancou pontos do Cruzeiro no Independência no último domingo com a vitória do CSA, e vê o Azulão alagoano distante oito pontos do G4 (tem 38), com um jogo a menos e na oitava colocação. Já o segundo está em nono lugar com o Remo, com 36 pontos em 26 jogos. E quando reencontrou o clube também venceu —1 a 0 na 13ª rodada—, quando Mozart era o comandante da Raposa.

Rendimento dos ex-técnicos

O desempenho de Felipe Conceição quando o treinador foi demitido no Cruzeiro era de 47,3%, com oito vitórias, três empates e oito derrotas em 19 jogos. No Remo, o aproveitamento do treinador é melhor com menos jogos disputados em relação ao trabalho que fez na Raposa. Em 17 jogos, o treinador somou nove vitórias, dois empates e seis derrotas (54,9% de rendimento).

Quando deixou o Cruzeiro, Mozart, tinha 33,3% de aproveitamento, um número baixo. Em 13 jogos, o treinador venceu apenas dois, empatou sete e perdeu quatro. Já no comando do CSA, ele dobrou seu rendimento, com 66,6% em cinco jogos —três vitórias, uma derrota e um empate.

Erros da diretoria

Ao contratar técnicos no atacado desde que assumiu o comando do clube em junho de 2020 —foram seis acordos firmados no período até aqui—, a diretoria cruzeirense evidencia que não tem um bom planejamento visando o acesso. Os erros cometidos em 2020 voltaram a se repetir em 2021, quando Felipão, um profissional experiente, deixou o clube para a chegada de uma aposta —Felipe Conceição— que não teve respaldo para seguir o seu trabalho.

"Infelizmente, a performance não era a esperada. Time da grandeza do Cruzeiro não pode estar assim", criticou Sérgio Santos Rodrigues após a demissão de Conceição, em junho.

No momento da demissão de Felipe Conceição, o empresário Pedro Lourenço, maior investidor do clube atualmente, pediu a contratação de um treinador experiente. Porém, ele não foi ouvido, e Mozart chegou à época no clube. O que deixou o investidor contrariado. Pedrinho queria Luxemburgo, que acabou sendo contratado, mas com muitas "rodadas de atraso".

Números do atual treinador

Luxemburgo sofreu sua primeira derrota no comando do Cruzeiro nesta terceira passagem do treinador no clube. O revés diante do CSA interrompeu uma sequência de 12 jogos de invencibilidade da Raposa na competição. Dez desses com Luxa, que tem aproveitamento de 54,54%, mais do que os seus antecessores apresentaram no comando do time.

"É ter muita tranquilidade nesse momento. Responsabilidade. Sabemos que o clube passa por um momento de dificuldade, o time também. Precisamos ter bastante calma para tomarmos as decisões que acharmos ser as mais acertadas. Trabalhar sabendo que faltam alguns jogos para terminar. Existe uma pontuação, cada vez que você se afasta, fica mais difícil", comentou Luxemburgo logo após o revés para o CSA.

Matemática

Nos cálculos da UFMG, um time tem mais de 99% de chance de garantir o acesso se atingir 65 pontos. Nos últimos seis anos, essa foi a pontuação de corte (limite do quarto colocado) apenas uma vez, em 2015, quando o América-MG fechou o grupo dos quatro classificados à Série A. No ano passado, o Cuiabá terminou na quarta colocação e subiu com 61 pontos.

Trabalhando em cima dos números apontados pela UFMG, o UOL Esporte traçou cenários para o Cruzeiro. Para atingir 64 ou 65 pontos, o que muito provavelmente daria uma vaga na Primeira Divisão, o time celeste —que tem 31 pontos e está na 13ª colocação— precisaria vencer 11 partidas e empatar outra, das 12 que lhe restam. Ou seja, os comandados de Vanderlei Luxemburgo precisariam de uma campanha superior a 94% de aproveitamento para atingir o objetivo do acesso. O que podemos chamar de milagre caso aconteça.

Para chegar aos 63 pontos, que de acordo com os estatísticos da UFMG dariam a um clube 96,55% de chances de acesso, o Cruzeiro precisaria no mínimo de 10 vitórias e dois empates nas próximas partidas, o que também seria uma missão bem complicada —necessidade de 88,88% de aproveitamento.

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