Como troca da diretoria mudou relação com São Paulo e magoou Dani Alves
As críticas feitas por Daniel Alves, ontem (29), ilustram como a relação entre o lateral direito e o São Paulo mudou drasticamente durante os seus 13 meses no clube. Chegou a estar as mil maravilhas durante o Brasileirão 2020, mas se transformou de forma irreversível com a gestão do presidente Julio Casares. Promessas antigas não foram cumpridas, o tratamento mudou, o jogador se sentiu exposto, perdeu a confiança na diretoria, e a rescisão chegou como um alívio.
O próprio Daniel Alves deixou seu descontentamento bem claro nas declarações de ontem. "Com a outra gestão a gente estava para ser campeão brasileiro. Esta [de Casares] chegou tentando mudar, mas entrou em um momento que não era adequado", afirmou ao podcast Flow Sport Club.
"Esperasse acabar e depois mudava", chegou a dizer o ex-tricolor, resumindo o desconforto que as saídas de Alexandre Pássaro, Lugano e Raí causaram em parte do departamento de futebol do São Paulo. As trocas aconteceram com o Brasileirão em curso, na época da demissão de Fernando Diniz, e foram a face mais pública do fim do mandato de Leco. Não foram, porém, o único fator que incomodou Daniel Alves.
Tratamento mudou, e a confiança acabou
Integrantes da gestão Casares disseram ao UOL Esporte que a mudança de diretoria mudou a relação entre clube e jogador. A versão é de que o São Paulo era muito flexível nos tempos de Leco e fazia concessões demais a Daniel Alves, mas a troca no poder teria alterado este cenário.
Exemplos práticos estão na dívida que o clube sempre teve com o camisa 10: as negociações eram sigilosas nos tempos de Leco, Daniel era tratado de forma especial e tinha exigências cumpridas. Com Casares, a relação jogador-diretoria ficou distante, terminou a flexibilidade da gestão anterior e os valores foram abertos ao público, em meados de abril (R$ 11 milhões na ocasião). Ontem, Daniel confirmou que a indiscrição o fez se sentir exposto.
À dívida enorme somou-se a descrença do camisa 10 nos novos planos do São Paulo: "não tem um plano", disse o jogador. No fim, Daniel Alves deu o ultimato: só jogaria se recebesse o dinheiro que o clube lhe devia. O rompimento era inevitável, e a rescisão foi recebida com alívio, como o desfecho óbvio de uma relação desgastada.
Do ponto de vista institucional, o São Paulo dá o capítulo Daniel Alves como encerrado e quer deixar tudo no passado. Procurada pela reportagem, a atual diretoria tricolor preferiu não se posicionar oficialmente.
Projeto de marketing nunca decolou
O primeiro aborrecimento já tinha acontecido meses antes, com uma promessa não cumprida. Na contratação, São Paulo e Daniel Alves tinham um projeto de marketing ambicioso, com ações, cotas de patrocínio e todo um plano para explorar a imagem do capitão do Tricolor e também da seleção brasileira. O projeto ficou bem conhecido, justamente por nunca ter saído do papel.
Empresas como Fiat e DAZN chegaram a se interessar na ocasião, mas a ideia nunca deu em nada. A meta de levantar até R$ 25 milhões naufragou em poucas semanas, e o clube teve que se virar sozinho com o custo do jogador. O fracasso desapontou Daniel Alves, pois era a pedra fundamental para pagar seus salários em dia, o que nunca aconteceu.
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