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Athletico acertou em iniciativa, mas ousou ao mudar o escudo, diz designer

Do UOL, em São Paulo

02/10/2021 04h00

O Athletico-PR tomou uma medida radical de modernização de marca, que incluiu mudança no nome, com a adoção da letra H, além da troca de escudo e também nos uniformes do clube. Foi um movimento semelhante ao que a Juventus já havia feito na Itália e que outros clubes têm buscado fazer para uma readequação da marca.

Em entrevista a Mauro Cezar Pereira no programa Dividida, do Canal UOL, o designer Glauco Diógenes elogia a adoção do nome Athletico para a diferenciação do Atlético-MG, mas considera que o clube acabou ousando demais em relação ao escudo e a camisa, além de achar equivocada a busca por empresas diferentes para cada peça.

"A tentativa do Athletico de se desgarrar do Galo já começa com o naming, que é o nome que a gente dá para o processo de concepção do nome da marca, então no naming eles voltam para a sua ancestralidade e fazem a inserção do H. Beleza, nisso aqui um golaço. Outra parte do projeto que eu acho que foi um golaço foi a contratação de uma empresa especializada em tipografia", afirma Glauco.

"Quando que começou a ter problema? Quando eles começaram a fazer separado por setor, então o nome foi uma empresa, a letra foi outra e quando eles foram fazer o escudo, foi uma terceira. Geralmente, eles teriam que ter feito o escudo com uma única, para você conseguir dar mais unidade, porque o escudo do jeito que está, a proposta era que ele fosse um furacão, que é o apelido do Athletico. Só que assim, ele é a estilização, ele é a representação com o mínimo de forma possível do que seria um furacão, para você inclusive usar em rede social. Só que na hora em que você encaixa com a fonte, alguma coisa fica sem conversar", completa.

Outro ponto negativo na análise do designer é a utilização de elementos do escudo replicados na camisa, assim como a mudança no escudo pareceu um processo acelerado, que não teve tempo para maturação, mas pode ser ajustado devido ao processo ser ainda recente.

"Uma coisa que para mim é um equívoco, é você pegar e usar os elementos do escudo e replicar o escudo dentro da estrutura de modelagem da camisa, que é um recurso meio que primário. Você tem o Flamengo, tem o Corinthians, tem o São Paulo, vários outros clubes que você tem elementos de identidade do símbolo e você vai reconhecer essas instituições pelo símbolo, mas para além disso, as cores, a combinação e a ordem que as cores aparecem, determinam, essa identidade. Por exemplo, se você pegar uma camisa do Flamengo, não precisa ter símbolo nenhum, pega uma gola olímpica, pode ser branca, com uma lista rubro-negra, dependendo da espessura, você sabe que é Flamengo", diz Glauco.

"O Athletico ainda carece desse melhor aprimoramento. Obviamente que está em um processo ainda que a gente pode classificar como inicial, porque faz pouco mais de três anos que fez isso, vai fazer quatro anos, mas é algo que para mim precisa ser mais trabalhado para você realmente conseguir construir essa identidade e se desassociar do Atlético-MG, do Flamengo, enfim, de outros clubes que você já esteve associado. Porque senão fica uma coisa muito pueril", conclui.

O Dividida vai ao ar às quintas-feiras, às 14h, sempre com transmissão em vídeo pela home do UOL e no canal do UOL Esporte no Youtube. Você também pode ouvir o Dividida no Spotify, Apple Podcasts, Google Podcasts e Amazon Music.