Palmeiras inicia plano científico para a final da Libertadores; entenda
O Núcleo de Saúde e Performance (NSP) do Palmeiras quer atingir na final da Libertadores, em 27 de novembro, o mesmo índice de jogadores lesionados que teve para as quartas de final, contra o São Paulo, e para a semifinal, contra o Atlético-MG: zero (o caso de Mayke foi um trauma isolado). Não foi coincidência Abel Ferreira ter conseguido contar com o elenco completo nos dois momentos mais agudos do time na temporada até agora.
Conforme explicou ao UOL Daniel Gonçalves, coordenador científico alviverde, o trabalho do núcleo é contínuo. Mas avaliando as tabelas dos campeonatos, a equipe multidisciplinar define momentos-alvo na temporada, que duram entre duas e três semanas, e os estabelece como meta. E todos os departamentos que compõem o NSP definem seus cronogramas visando entregar o grupo inteiro a Abel, seja do ponto de vista de força, nutrição e até mesmo psicológico.
"A ideia é chegar a duas semanas do jogo com os atletas precisando fazer apenas polimentos, pequenos trabalhos, para chegar ao 100%", explica ele. O monitoramento é individual é constante e vai de exames laboratoriais a ultrassonografias, passando por questionários de bem-estar, observação nos treinamentos e análise de dados de GPS.
"Precisamos saber se o atleta está com o sono regulado"
Até mesmo questões externas, como o tempo de sono dos atletas em casa, precisam ser do conhecimento do Núcleo.
"De repente o jogador tem filhos pequenos em casa, ou está um pouco mais ansioso com alguma questão. Tudo isso impacta", explica Daniel. "Nossa nutricionista e nossa psicóloga vão para a beira do campo nos treinos, para observar em ação questões como a interação dos jogadores com os colegas, se está cansando mais ou menos rápido", conta.
Somando fatores de todos os itens observados pelos profissionais de cada área, que incluem ainda medicina, fisioterapia e preparação física propriamente, o NSP chega a uma nota de 0 a 10 que indica qual é o nível de recuperação física de cada jogador. E, em cima disso, Abel Ferreira e sua comissão definem qual tipo de treino que os atletas terão e com qual intensidade será feito o trabalho. Assim como quem deve jogar cada jogo e por quanto tempo. .
Só que o Palmeiras não está vivendo um período de pré-temporada. Muito longe disso, aliás. Ao longo das cerca de oito semanas até a partida em Montevidéu, o clube tem nada menos que 14 jogos no Campeonato Brasileiro, competição na qual ainda é o vice-líder e, por mais que tenha desperdiçado pontos, ainda briga pelo título. Mas se quiser chegar ao jogo com o elenco completo, Abel Ferreira não terá como escapar de ter de poupar alguns jogadores.
"A decisão final é sempre dele. Mas nós dizemos, ‘olha, se o jogador Y jogar 45 minutos, a chance de ele se lesionar é tanto. Se ele jogar 60, já triplica", exemplifica Gonçalves.
Daniel tem reuniões quase diárias com Abel Ferreira
"O Abel é muito aberto ao nosso trabalho", diz Daniel, que costuma ter reuniões diárias com o treinador, normalmente meia hora antes dos treinos, quando são apresentados a eles os índices e as recomendações. Para chegar a esse encontro, toda cúpula do NSP, o que inclui o auxiliar João Martins, que também é preparador físico, já teve uma reunião uma hora antes, para chegar às definições do que será levado a Abel.
"É claro que, pelo lado do técnico, o foco deveria ser total o tempo inteiro. Mas a gente que trabalha com a parte científica sabe que por mais que a gente tente manter o foco durante a temporada, é normal que haja oscilações de performance e foco", diz.
Abel não apenas acata como também colabora com o trabalho do NSP. A promoção da psicóloga Gisele Silva, que só atuava com a base, para o time profissional, já era prevista, mas foi acelerada a pedido do treinador português. Na Europa, é comum que todas as equipes tenham equipes numerosas de profissionais de psicologia para os times.
Ex-velocista, Daniel chegou ao clube com Vanderlei Luxemburgo
Mas é interessante ressaltar que Daniel Gonçalves chegou ao grupo por indicação de Vanderlei Luxemburgo, com quem trabalhara no Vasco. "O Vanderlei foi o primeiro técnico no Brasil a entender a questão da multidisciplinaridade", diz Daniel.
Também vale ressaltar que Daniel, bacharel em educação física com mestrado em motricidade humana, entende bem o lados dos jogadores por também ter sido atleta. "Eu era velocista de 100m, 200m, e 400m rasos", contou. Depois disso, foi treinador da seleção brasileira de atletismo.
Técnico de futebol com as licenças para trabalhar profissionalmente, ele já foi treinador e auxiliar no Duque de Caxias e no Bonsucesso, entre outros. Passou também pelo Criciúma e pelo Flamengo.
No Vasco, além de coordenador científico, foi técnico da equipe feminina de futebol, cargo que também exerceu na seleção feminina militar de futebol. Com a equipe das Forças Armadas, conquistou o ouro nos Jogos Militares de 2011: "Goleamos a Alemanha por 5 a 0 em São Januário", relembra-se orgulhoso, o homem que hoje, em última instância, faz o Palmeiras correr mais, melhor e com menos riscos.
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