Conselho do Vasco sugere reprovação das contas de Campello e faz denúncias
O Conselho Fiscal do Vasco protocolou hoje (3) o seu relatório onde recomenda a reprovação das contas do exercício de 2020, apontando uma série de denúncias do último ano da gestão do ex-presidente Alexandre Campello e cobrando uma apuração rigorosa em cima dos temas.
Assinado pelo presidente do órgão, João Marcos Gomes de Amorim, e pelos membros efetivos João Marcelo Fernandes Lucas e Silvio Roberto Vieira Almeida, o documento enumera como principais argumentos para a não aprovação os tópicos: "Descontrole de processos e dívidas trabalhistas", "antecipação de renovação contratual infundada e desvantajosa (com a Kappa)", "venda irregular de camarotes no estádio (incluindo um para Campello)", "concessão irregular de títulos de sócio Proprietário Benfeitor", contratação de empresa para prestação de serviços em operação de jogos de forma indevida" e "verificação da execução do orçamento".
Aumento de R$ 119 milhões em processos trabalhistas
No primeiro item, classificado como "descontrole de processos e dívidas trabalhistas", o Conselho Fiscal destaca que foram encontrados 63 processos até então desconhecidos e que elevaram a dívida nesta categoria em mais R$ 119 milhões. O órgão pede que o fato seja "plenamente apurado, com os esclarecimentos das razões e adoções das medidas cabíveis que o caso requer".
A situação deste aumento inesperado da dívida trabalhista foi apresentado pela auditoria externa que foi contratada pela diretoria atual, comandada pelo presidente Jorge Salgado.
Renovação com a Kappa considerada "desfavorável"
No item denominado "antecipação de renovação contratual infundada e desvantajosa", o Conselho Fiscal detalha a renovação de contrato com a fornecedora de material esportivo "Kappa" com mudanças no acordo que, no entender dos fiscais, foram desfavoráveis ao Vasco. Entre os pontos, cita o aumento da multa rescisória que o clube é obrigado a pagar de R$ 3,5 milhões para R$ 6 milhões; a proibição da mudança de fornecedor durante o período do contrato vigente; e a renovação antes do cumprimento de metas estabelecidos no acordo anterior.
O tópico cita ainda detalhes de contratos que o Vasco fez com empresas para a criação de uma marcada voltada para as divisões de base e também para a gestão da "megaloja" de São Januário.
Venda de camarotes em São Januário
Neste item o Conselho Fiscal denuncia supostas vendas irregulares de cinco camarotes em São Januário ao preço de R$ 5 mil cada para integrantes da então Diretoria Administrativa, sendo um para o próprio ex-presidente Alexandre Campello. O documento diz que quatro deles sequer constam no controle do clube como aptos e disponíveis para negociação; que um dos referidos sequer consta no patrimônio do clube; que não houve solicitação ou comunicado da diretoria sobre estes negócios.
O documento informa ainda que as pessoas envolvidas nesta compra foram notificadas pela atual diretoria e receberam a devolução dos valores, cancelando, assim, todas as vendas.
Concessão irregular de títulos de sócio
Neste tópico, o Conselho Fiscal cita que "verificou-se que no ano de 2020 houve a concessão de expressivo número de títulos de Sócio Proprietário Benfeitor, conhecido como "Benfeitor Remido" sem o ingresso de valor correspondente para a aquisição do título. No total, foram 26 novos títulos concedidos no ano".
Contratação de empresa para prestação de serviço
Neste item, o Conselho Fiscal aponta que o contrato firmado com a empresa "R&C Serviços e Equipamentos" para a prestação de serviços no que se refere a operação dos jogos foi desvantajoso ao Vasco, com um aumento de 60% no valor do que era gasto quando a operação era feita pelos funcionários do clube.
Os conselheiros apontam ainda uma discrepância entre o valor que o clube gastará ao final do contrato com a aquisição das grades da empresa (cerca de R$ 1 milhão) em comparação com o preço de mercado, segundo pesquisa levantada pelo departamento de patrimônio (cerca de R$ 400 mil).
Verificação da execução do orçamento
O último item aponta para o orçamento apresentado e que ficou longe de ser alcançado. A proposta orçamentária era de um superávit de R$ 152 milhões, mas o ano fechou com um prejuízo de R$ 64 milhões.
O Conselho Fiscal destaca que medidas não foram tomadas mesmo com o advento da pandemia do coronavírus e as evidências que deixavam claro que a meta não seria alcançada. Os conselheiros apontam que, ainda assim, a folha salarial do futebol teve um aumento de R$ 20 milhões em relação ao ano anterior.
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