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Raphinha não quis a Itália e chega à seleção após veto frustrante do Leeds

Raphinha, meia-atacante da seleção brasileira - Lucas Figueiredo/CBF
Raphinha, meia-atacante da seleção brasileira Imagem: Lucas Figueiredo/CBF

Igor Siqueira

Do UOL, no Rio de Janeiro

05/10/2021 11h55

O sobrenome Belloli poderia ter levado Raphinha a vestir azul nesta data Fifa. Mas como a ideia de defender a Itália não o cativou, a meta de chegar à seleção brasileira foi, enfim, alcançada ao estar na lista para os jogos contra Venezuela, Colômbia e Uruguai, pelas Eliminatórias.

O gaúcho de 24 anos se destacou pelo Leeds, da Inglaterra, e foi consultado a respeito da possibilidade de usar a dupla nacionalidade para jogar pela azzurra. Ele até conversou com um brasileiro que fez esse mesmo caminho: Jorginho, do Chelsea. Só que o contexto de Raphinha era outro, sobretudo por não ter atuado em solo italiano. Antes de chegar ao Leeds, ele saiu do Avaí rumo ao futebol português (Vitória de Guimarães e Sporting), tendo atuado ainda pelo Rennes, da França.

"É muito complicado mudar de seleção quando não vive no país, não é nem que não se sente à vontade. Mas você não se sente parte daquilo. Desde pequeno, meu objetivo sempre, desde pequeno e sabendo da minha dupla cidadania, foi representar a seleção brasileira. Com esse objetivo, meu foco era estar aqui. Mesmo com os contatos, com a conversa o objetivo era representar o meu país", contou Raphinha.

Além de Jorginho, a Itália conta atualmente com outros brasileiros naturalizados: o zagueiro Rafael Tolói e o lateral-esquerdo Emerson Palmieri. Todos foram campeões da Eurocopa disputada este ano.

O enredo da história de Raphinha com a seleção ainda teve um capítulo que gerou ansiedade ainda maior. Era para o meia-atacante estar nos jogos passados, de setembro, só que o Leeds não deu a liberação para a viagem a um país na lista vermelha da Covid-19, como é o caso do Brasil. O mesmo aconteceu com outros sete convocados por Tite que atuam na Premier League.

"Foi muito frustrante, por ser a minha primeira convocação. Estava muito ansioso para vir e mostrar meu trabalho. Foi frustrante receber a notícia de que não poderia ver por questões de governo, do país, que não cabem a nós resolver. Mas mantive mais contato com Juninho Paulista, que tentou resolver até o último momento, infelizmente não deu certo. O que me manteve mais tranquilo sobre outra oportunidade foi manter a cabeça boa, manter o foco para seguir trabalhando e fazendo boas partidas. Depois, esperei o momento para comemorar novamente", acrescentou Raphinha.

A origem no Rio Grande do Sul e o caminho trilhado por Portugal deram ao jogador algumas conexões "ilustres" que vibraram com sua convocação para a seleção brasileira. Uma delas é Ronaldinho Gaúcho.

"O Ronaldo me mandou vídeo, ligou para o meu pai e me deu parabéns. Fiquei mais feliz do que já estava. Receber elogios de grandes pessoas é muito gratificante", contou.

Raphinha mantém boa relação também com o meia português Bruno Fernandes, com quem jogou no Sporting e que hoje está no Manchester United.

Além de Raphinha, a seleção tem outros dois estreantes: Antony e Arthur Cabral, todos eles nomes para o setor ofensivo, o que exemplifica a busca de Tite por novas soluções para o ataque do Brasil.

"O que eu posso fazer é manter a minha maneira de jogar, usando a minha velocidade, meu drible, chegar perto do gol. A finalização é um dos pontos fortes que eu tenho. Unir essas coisas é um ponto positivo, mas outros jogadores estão preparados para ajudar de qualquer maneira", completou.

Raphinha pode fazer a estreia na quinta-feira (7), contra a Venezuela, em Caracas. Domingo (10), o Brasil enfrenta a Colômbia, em Barranquilla. A data Fifa se completa dia 14, em Manaus, contra o Uruguai.