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Enfim, Fred reencontra a torcida do Fluminense; relembre momentos marcantes

Fred reencontra torcida do Fluminense no Maracanã após 1451 dias  - Photocamera
Fred reencontra torcida do Fluminense no Maracanã após 1451 dias Imagem: Photocamera

Caio Blois

Do UOL, no Rio de Janeiro

06/10/2021 04h00

Foram 1956 dias de espera desde seu último jogo com a camisa do Fluminense diante da torcida tricolor, mas Fred, enfim, reencontrará hoje (6) os torcedores no Maracanã. Com a aprovação do retorno do público aos estádios em meio a pandemia de coronavírus, o ídolo matará as saudades na partida contra o Fortaleza, nesta que é a sua segunda passagem pelo clube.

"Estava muito ansioso por essa volta da torcida e por esse reencontro com eles no Maracanã, assim como eu sei que todos os torcedores e os demais jogadores também estavam. O aniversário é meu na semana, mas espero que eu possa presentear a torcida com gols e com a vitória", declarou Fred, que defendeu o Flu pela última vez perante os tricolores na vitória sobre Botafogo por 1 a 0, pelo Nacional, em 29 de maio de 2016 — o atacante, inclusive, foi o autor do gol no jogo em Volta Redonda (RJ).

A história de amor entre o atacante e o Flu, que começou em março de 2009, escreverá mais uma página quando a equipe subir ao gramado para enfrentar o Fortaleza, hoje (6), às 21h30. Além do reencontro, a data também será de comemoração de seus 38 anos, completados no domingo. O atacante, para muitos o maior dos ídolos de todos os 119 anos do clube, certamente verá um filme passar por suas retinas.

"Tanto tempo sem ver a minha torcida no Maraca. Vamos ver como vão acontecer as coisas, espero que da forma mais natural, mas com certeza será um reencontro especial, nos braços da torcida. Toda vez que a torcida grita 'o Fred vai te pegar' e começa a cantar as nossas músicas eu fico emocionado em campo. Acho que dessa vez vai ser diferente pelo tempo que a gente está sem ter esse encontro, vai ser muito especial", disse o jogador.

Como toda relação amorosa, a do jogador com o Flu também teve seus momentos de atrito. Nada que abalasse o sentimento entre o maior artilheiro do clube em jogos oficiais e segundo na lista histórica, com 195 gols em 352 jogos.

O UOL Esporte separou momentos da torcida do Fluminense com Fred antes do reencontro com o jogador, que esperou 493 dias desde que voltou ao clube em maio de 2020 para rever os tricolores.

Carinho e emoção na chegada

Quando foi às Laranjeiras pela primeira vez, em 5 de março de 2009, Fred encontrou uma casa bagunçada, mas com cofres e carinho de sobra. Logo em sua apresentação, em que pese algumas gafes do então presidente Roberto Horcades, o camisa 9 se emocionou com o salão nobre invadido pela torcida, que aplaudiu o jogador no gramado do estádio do clube.

"Só quero agradecer essa recepção maravilhosa. Nunca vivi uma coisa tão gostosa e prazerosa. Cheguei a me arrepiar. É bom demais e fico muito mexido em viver esse calor novamente. Isso me faz feliz", disse, há 12 anos.

Fred e Celso Barros em sua apresentação no Fluminense, no gramado das Laranjeiras, em 2009 - Reprodução/Twitter - Reprodução/Twitter
Fred e Celso Barros em sua apresentação no Fluminense, no gramado das Laranjeiras, em 2009
Imagem: Reprodução/Twitter

Estreia com gols e coração para a arquibancada

Imortalizada no imaginário do torcedor, a comemoração de Fred disparando corações às arquibancadas foi feita pela primeira vez logo em sua estreia. Em 16 de março de 2009, 11 dias após sua chegada, o camisa 9 entrou em campo contra o Macaé e fez dois gols na vitória por 3 a 1 no Maracanã. A relação entre o ídolo e torcida no estádio começava com o símbolo mais clássico do amor.

Invasão ao treino assusta jogador

Dois meses depois da chegada ao Flu, o atacante vivia seus primeiros momentos de tensão com a camisa tricolor. O time não engrenava na temporada, e a torcida foi ao treino da equipe nas Laranjeiras para protestar. Em dado momento, após discussão acalorada no setor social do estádio centenário, um grupo de torcedores venceu a segurança do clube e invadiu o gramado para agredir o volante Diguinho.

Preocupado, um "guarda-costas" de Fred deu um tiro para o alto, e ajudou os funcionários do clube a impedir uma confusão ainda maior. Naquele momento, como admitiu em entrevistas ao longo dos anos, o atacante, que vinha da França e também sofria com problemas psicológicos e o alcoolismo, cogitou deixar o Rio de Janeiro.

Tensão e gols em arrancada em 2009

Quando a relação entre Fred e Fluminense ficava conturbada por conta das seguidas lesões musculares e alguns episódios fora de campo, os gols foram cruciais para refazer os laços de amor. Se fora das quatro linhas a torcida reclamava que o jogador surfava no Arpoador e era presença certa na noite carioca, quando se recuperou, o camisa 9 salvou o Tricolor do rebaixamento em arrancada histórica.

Então com 99% de chances de rebaixamento, o Flu alcançou 11 jogos de invencibilidade, com oito gols de seu artilheiro, que cumpriu a "missão impossível" de manter o clube na Série A.

Fred marcou oito vezes em arrancada história que salvou o Fluminense do rebaixamento em 2009 - Photocamera - Photocamera
Fred marcou oito vezes em arrancada história que salvou o Fluminense do rebaixamento em 2009
Imagem: Photocamera

A primeira taça em grande estilo

Na temporada seguinte, em 2010, após 26 anos sem vencer o Brasileirão, o clube conquistou seu terceiro título da competição. Fred mais uma vez sofreu com muitas contusões, mas deu sua contribuição com cinco gols em 14 jogos.

Titular e capitão da equipe, cedeu o direito de levantar a taça, entregue em um prêmio no Theatro Municipal, a Conca, que disputou os 38 jogos da competição e foi eleito o craque do campeonato. Ainda assim, se eternizou como ídolo do clube com uma conquista muito esperada, rendendo afagos do ídolo Assis. Uma das mais belas imagens da passagem do jogador pelo Fluminense.

Fred ergue Assis em comemoração do tricampeonato brasileiro do Fluminense, em 2010 - Wallace Teixeira/Photocamera - Wallace Teixeira/Photocamera
Fred ergue Assis em comemoração do tricampeonato brasileiro do Fluminense, em 2010
Imagem: Wallace Teixeira/Photocamera

Perseguição em Ipanema

O conflito que mais gerou polêmica entre Fred e a torcida do Fluminense aconteceu em 2011, paradoxalmente o ano mais artilheiro do jogador pelo clube, com 34 gols. Em um dia de folga, o camisa 9 foi ao bar Astor, em Ipanema, acompanhado de seu amigo de infância e então reserva, Rafael Moura. Acompanhados de quatro mulheres, os dois foram flagrados por torcedores, e aí, começou uma perseguição.

Após críticas e uma discussão ainda dentro do bar, a dupla do Flu decidiu deixar o local. Os torcedores, entretanto, fizeram ameaças e seguiram o carro do jogador pelo bairro de Ipanema, onde ainda reside. Fred, então, deu queixa na polícia, e no dia seguinte, apresentou uma nota fiscal em uma coletiva de imprensa, negando ter consumido 60 caipisaquês, conforme foi veiculado à época. O jogador ameaçou deixar o clube.

Fred prestou queixa após ser perseguido por torcedores do Fluminense, em 2011 - CAIO AMY/PHOTOCAMERA - CAIO AMY/PHOTOCAMERA
Fred prestou queixa após ser perseguido por torcedores do Fluminense, em 2011
Imagem: CAIO AMY/PHOTOCAMERA

Craque, artilheiro, campeão e eterno

A temporada de 2012 eternizou Fred como um dos maiores ídolos da história do Fluminense. Grande rosto de uma das mais vencedoras gerações do clube, o camisa 9 fez 64 gols em dois anos de auge, e deu ao Tricolor seu quarto título de Campeonato Brasileiro.

Contra o Palmeiras, três rodadas antes do fim, em Presidente Prudente (SP), o artilheiro teve uma de suas atuações mais icônicas com a camisa tricolor. Um capricho de Leandro Pedro Vuaden na súmula deu "apenas" dois gols ao jogador, que também chutou a bola desviada do outro dos três marcados pela equipe de Abel Braga no interior paulista.

Fred com a taça do Brasileirão de 2012, o segundo que venceu pelo Fluminense - Buda Mendes/LatinContent via Getty Images - Buda Mendes/LatinContent via Getty Images
Fred com a taça do Brasileirão de 2012, o segundo que venceu pelo Fluminense
Imagem: Buda Mendes/LatinContent via Getty Images

Não só pelo jogo do título, mas pelos 30 gols na temporada, sendo 20 em 28 jogos pelo Brasileirão, Fred foi o craque da competição, da temporada e conquistou seu segundo título nacional pelo Flu. Um ano de sonho numa lua de mel sem fim do jogador com o clube.

Retorno da Copa do Mundo

O episódio mais lembrado pelo ídolo, entretanto, aconteceu em 2014. Se a torcida costuma levar faixas de demonstração de apoio com a frase "Nas boas, apoio, nas más, te amo", um exemplo disso se deu quando o jogador retornou ao Fluminense após a Copa do Mundo de 2014.

Um dos alvos da opinião pública após a campanha da seleção brasileira na competição, realizada no Brasil, Fred foi chamado de "cone" e pensou em parar de jogar. Mesmo sendo o centroavante da equipe de Felipão, o camisa 9 foi considerado um dos culpados pelo fatídico 7x1 aplicado pela Alemanha. O Flu deu dias a mais de folga para o seu ídolo e preparou uma recepção calorosa em seu retorno.

No caminho de sua casa até as Laranjeiras, como em um romance de cinema, a torcida se espalhava nas ruas com frases de apoio ao jogador. Na chegada, Fred se deparou com funcionários e crianças do projeto Guerreirinhos nas arquibancadas, além de sua filha Geovanna. A surpresa emocionou o jogador como nunca.

Encontros e amor inesquecível

Se a saída foi conturbada e a despedida não aconteceu como pretendiam jogador e torcida, os encontros com Fred eram sempre especiais. O jogador jamais balançou as redes do Fluminense quando atuou contra o Tricolor após sua passagem no clube — em 2019, o VAR anulou um gol pelo Cruzeiro, no Mineirão.

Por várias vezes, já fora do clube, declarou seu amor ao Flu e saudades da torcida. Prometeu voltar, aguçando a paixão dos torcedores. Foi visto com peças alusivas ao Tricolor, curtiu, comentou, compartilhou... e acabou voltando.

"Laranjeiras, satisfeito sorri"

Após 1451 dias longe do clube desde o "adeus" que virou "até breve", Fred voltou em grande estilo ao Fluminense em meio a pandemia de coronavírus, em 2020. O jogador veio de Minas Gerais ao Rio de Janeiro de bicicleta, movimentando as redes sociais.

Em mais uma cena eternizada para os tricolores, com o dia nascendo, o atacante cantou versos da música "All Star", composta por Nando Reis e cantada por Cássia Eller, alguns metros antes de entrar no estádio das Laranjeiras e marcar seu retorno ao clube.

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