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Tite concorda que há preconceito contra técnicos negros e defende luta

Tite ao lado de César Sampaio em coletiva da seleção - Reprodução
Tite ao lado de César Sampaio em coletiva da seleção Imagem: Reprodução

Igor Siqueira

Do UOL, no Rio de Janeiro

06/10/2021 15h38

Tendo César Sampaio ao seu lado como um dos auxiliares, Tite, técnico da seleção brasileira, concordou que há, sim, preconceito estrutural contra treinadores negros no futebol. Ele foi perguntado sobre o assunto hoje (6), na coletiva de véspera do jogo contra a Venezuela, pelas Eliminatórias da Copa.

O assunto foi colocado em pauta após uma entrevista de Marcão, técnico do Fluminense, à "Folha de S. Paulo". Nela, o comandante tricolor citou a ausência de figuras negras à frente das equipes, citando a perda de espaço no mercado de nomes como Cristovão Borges e Andrade.

Tite, inclusive, elogiou e citou nominalmente outro técnico negro, cujo trabalho mais recente foi no Fluminense de Marcão: Roger Machado.

"Eu luto e lutei a minha vida toda contra a minha ignorância. Procurei ler, aprender, estender, estudar e continuo. E contra a hipocrisia, que é brincar de faz de conta. Há, sim, preconceito. É arraigado, estrutural, sim. O que eu posso dizer é que eu tenho respeito muito grande por um dos maiores atletas com que trabalhei: chama-se Roger Machado. Pela conduta pessoal, conhecimento profissional, momentos bons e difíceis. Devemos lutar contra, sim, porque há um preconceito em relação ao técnico negro. Ampliando, em uma situação maior, em termos sociais", avaliou o treinador.

Negro e com lugar de fala, César Sampaio também deu sua contribuição ao debate. Ele chegou ao cargo de auxiliar da seleção depois de ser companheiro de grupo de Tite no curso oferecido pela CBF Academy.

"Como o Tite bem disse, na história do Brasil e do mundo nós negros fomos cerceados de alguns direitos em todos os sedimentos. O mundo, com avanço tecnológico e a globalização, trouxe à tona alguns absurdos. Infelizmente é assim. Mais do que posicionamento, são atitudes. Eu me sinto muito feliz em ocupar esse espaço. Falo para a classe negra em geral que possa lutar. Esse espaço não tem cor, credo e raça. Todo aquele capaz deve ocupar. Mais do que falar, a gente tem trabalhado muito para isso", afirmou Sampaio.

À Folha, Marcão citou justamente a necessidade de capacitação para o mercado, só que grande parte das vezes isso não tem sido suficiente.

"Mas vejo vários treinadores que são negros, altamente capacitados, sem oportunidade ou que não recebem a chance que muitos têm. Por isso, digo que meu clube é maravilhoso. O Roger esteve aqui, mas isso precisa tocar mais os outros clubes, também. Não é pela cor da minha pele que devo ser excluído ou colocado. Olharam para mim e me viram capaz", apontou.