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André Rocha: 'Para a realidade do Brasil, o Renato é um bom treinador'

07/10/2021 04h00

O empate do Flamengo com o Red Bull Bragantino em 1 a 1, na noite de ontem (6), pelo Campeonato Brasileiro, fez com que críticas ao técnico Renato Gaúcho voltassem à tona por parte da torcida rubro-negra. O resultado em Bragança Paulista impediu a equipe da Gávea de se aproximar do líder Atlético-MG, que empatou com a Chapecoense.

Na estreia do Fim de Papo Flamengo, live do UOL Esporte após os jogos do time da Gávea, os colunistas Renato Maurício Prado e André Rocha analisaram o desempenho do treinador até aqui nesta passagem pelo clube, e também colocaram alguns temas mais delicados à mesa.

"O resultado final, ao menos até agora, é muito bom. Aproveitamento é acima de 80%, o que para mim é espetacular. Claro que, pelo time que o Flamengo tem, a gente sente que dava para ser campeão brasileiro por pontos corridos. Fica aquela amargura. Não é um gênio tático, mas, na média que temos, é um dos melhores. Está dando um resultado, até aqui, aceitável", disse Renato Maurício Prado.

"Acho que tem de ter um pouco mais de paciência. Ao contrário da época do Rogério Ceni, que acho que ali estava claro que não ia a lugar algum, porque ele brigou com todo mundo, o Renato, não. O ambiente é sempre muito bom", completou.

André Rocha lembrou que Renato o surpreendeu pelo Grêmio, após um período longe do futebol, e fez elogios ao treinador. "O Renato calou a minha boca em 2017. Quando ele voltou para o Grêmio, achei aquilo um absurdo. Ele tinha feito um trabalho no Fluminense, em 2014, muito ruim. Ficou dois anos fora [do futebol] e voltou para o Grêmio. E aconteceu o que aconteceu. Treinador é um somatório. Eu já cometi o erro de colocar a parte tática, de conceitos, muito acima de outras questões. No Brasil, não é assim, tem a questão da gestão de pessoas. Ele tem essa sensibilidade. Na parte tática, ele também conhece, só que não gosta de falar com a imprensa porque tem uma visão, para mim retrógrada, de estar escondendo o jogo", disse.

"No futebol brasileiro, em que a maioria dos clubes é formado por jogadores jovens e veteranos que voltaram da Europa, tem de ter uma sensibilidade. A gente viu uma série de treinadores, pelos mais variados motivos, que não conseguiram ficar. Cada um, de uma forma, ficou faltando alguma coisa. Acho que o Renato sobreviveu bem, e dentro da média do futebol brasileiro, realmente, é um dos melhores. Para a realidade daqui, o Renato é um bom treinador. O que mantenho a crítica é de desprezar o Campeonato Brasileiro, por convicção", completou.

Ainda ao comentar o empate com o Red Bull Bragantino e o andamento do Flamengo no Brasileiro, os colunistas do UOL Esporte fizeram questionamentos quanto à preparação física à qual o elenco está submetido. Renato Maurício Prado ressaltou o peso da ausência do lateral-esquerdo Filipe Luis contra o Massa Bruta, ressaltando ter ficado curioso pelo motivo do desfalque.

"Acho que estão [torcedores] exagerando um pouco. Não acho que o Flamengo tenha jogado tão mal diante da circunstância. Mas uma coisa que não entendo é o Renê ser o substituto do Filipe Luis. Coloca o Ramon, que tem mais potencial que o Renê, e precisa jogar mais. Está pedindo vaga. Aliás, nessa história do Filipe Luis estou curioso para saber o que houve. Deve ter sentido algum desconforto porque o Filipe Luis era um jogador importantíssimo hoje. Ainda mais sem Arrascaeta e Everton Ribeiro, ele joga quase que como mais um meio de campo, organiza jogadas. E ao optar por poupar, o Renato acabou privando o time disse, mas não sei o que houve".

André Rocha concordou com o companheiro de bancada: "Tem de questionar o departamento médico, né, Renato? Acho que vale a pena falar. Temos de fazer a ressalva que não somos especialistas, mas temos como opinar em cima do produto final, que é a presença ou não dos jogador. E é muito problema. A impressão que dá é que esse time do Flamengo não está segurando fisicamente. Acho que pode ser questionado. Não pode dizer se estão trabalhando bem ou mal, mas podemos dizer que o time do Flamengo vem sendo prejudicado com muitas ausências. Já tem jogador na seleção, e ainda vai acumular jogadores lesionados, vai ficar difícil", apontou.

RMP avaliou que o número de lesões no decorrer de 2021 "não é normal", enquanto André Rocha ressaltou o impacto disso no trabalho do técnico.

"Esse negócio é perigoso. Imagina chegar à final da Libertadores e ter três, quatro desfalques importantes? O número de contusões musculares no Flamengo não é normal, mesmo em uma temporada absurda".

"Essa questão física tem impacto no trabalho do Renato. Ele ganha um álibi na hora da escolha, na atual realidade do Flamengo, na semifinal da Copa do Brasil e final da Libertadores. Tem o álibi e sabemos que o Renato prefere o mata-mata. Preferência dele que levou ao Grêmio, mas o clube tem de trabalhar e mostrar que o Flamengo está trabalhando pelo tri [do Brasileiro]. Mas com esses problemas, fica até difícil de manter os argumentos de que tem de escalar os melhores", disse Rocha.

Renato Maurício Prado, inclusive, acredita que, se não estivesse no Rubro-Negro, Renato Gaúcho já teria deixado o Brasileiro de lado.

"Não tenho a menor dúvida que, se não fosse o Flamengo, Renato já teria abandonado o Brasileiro. Ele está em dois mata-matas, possibilidade de ganhar os dois, já teria mandado o Brasileiro às favas, mas o Flamengo não deixa fazer isso. Mas estou achando que, se passar duas, três rodadas, e essa diferença [para o Atlético-MG] não baixar, ou mais grave, aumentar, aí ele vai ter o argumento que ele quer".

A próxima edição do Fim de Papo Flamengo será no sábado (9), logo após a partida contra o Fortaleza, pelo Brasileirão. Você pode acompanhar a live pelo Canal UOL, no app Placar UOL, na página do Flamengo no UOL Esporte ou no canal do UOL Esporte no YouTube.