Coadjuvantes fazem multifunções e ganham espaço no Santos de Carille
O Santos passou por grande reformulação desde a temporada passada. Perdeu jogadores importantes, como Lucas Veríssimo, Diego Pituca, Soteldo, Kaio Jorge e Luan Peres, mas ainda segurou atletas com capacidade de assumir o protagonismo do time, como Marinho e Carlos Sánchez. No atual grupo do técnico Fábio Carille, porém, quem começa a despontar são os coadjuvantes, especialmente no empate por 1 a 1 com o São Paulo, na última quinta-feira (7), no Morumbi, pelo Campeonato Brasileiro.
Por isso, nomes como Vinícius Balieiro e Vinícius Zanocelo ainda serão ouvidos na partida contra o Grêmio, amanhã (10), na Vila Belmiro, pela 25ª rodada da competição. Trata-se de um confronto direto na luta contra o rebaixamento para a Série B, e os dois jovens valores têm tudo para seguir no time titular. Contra o São Paulo, eles atuaram o tempo todo e ganharam elogios de Carille.
"Sei que ele [Balieiro] já jogou de lateral, é volante de origem, contra o Athletico ele jogou como zagueiro, com apenas dois jogadores na posição só. É um jogador voluntarioso, não tem bola perdida, jogador que briga", derreteu-se Carille, que ainda o comparou a outros atletas do passado recente santista que tinham o mesmo perfil. "O Santos sempre teve esse tipo de jogador. No tempo de Robinho e Diego, tinha o Paulo Almeida. Depois, tinha o Adriano no time do Neymar campeão da Libertadores".
Balieiro começou a temporada como uma aposta no Santos. Atuou como lateral direito e como volante, já que o Peixe estava bastante desfalcado no setor. Além de ter perdido Pituca para o futebol japonês, Jobson estava em recuperação de cirurgia no joelho, e Sandry acabara de sofrer ruptura de ligamento do joelho. Na sequência, ele perdeu espaço após a chegada de Camacho e ficou afastado enquanto negociava renovação contratual. Com o fim do imbróglio, ficou livre para ser escalado. "Estou muito feliz pela permanência pelo bom profissional que é", afirmou o comandante.
Balieiro atuou diante do São Paulo como um zagueiro pela direita no trio defensivo escalado com Emiliano Velázquez e Wagner Leonardo. Mesmo quando Carille optou por soltar o time ao ataque e abrir mão de um beque, o jogador foi mantido no setor. Na reta final, com uma lesão de Camacho, ele foi deslocado para o meio-campo. Diante do Grêmio, é possível que ele fique no meio-campo, caso Camacho não tenha condições físicas de atuar.
Zanocelo foi outra surpresa no time que enfrentou o São Paulo. Contratado há pouco mais de quatro meses, ele só havia atuado uma vez como titular, mas foi escolhido para formar um tripé no meio-campo ao lado de Camacho e Carlos Sánchez justamente em um jogo decisivo. "O Zanocelo tem passado muita confiança pelo que faz nos treinamentos e tive total confiança para colocá-lo em um jogo grande como esse", justificou Carille.
Até essa partida, o atleta de 20 anos não passava de um coadjuvante no elenco alvinegro. Era utilizado por Fernando Diniz para auxiliar na movimentação na região central do campo, mas era preterido por Jean Mota.
Outros cases de sucesso
O sucesso recente dos coadjuvantes não param nesses aí. Enquanto Marinho e Carlos Sánchez ainda se esforçam para reconquistar os torcedores, Lucas Braga usou bem o pouco tempo que teve no clássico do Morumbi. Ele aumentou o poderio ofensivo do time e trabalhou bem pelo lado esquerdo. Os dois lances mais perigosos estiveram nos pés dele. No primeiro, fez um belo pivô para chute de Felipe Jonatan. No segundo, arrancou bem pela ponta, mas falhou na hora do cruzamento para a área.
O lado esquerdo também tem outro coadjuvante se destacando nas mãos de Carille. Felipe Jonatan, um dos atletas mais criticados do time, evoluiu quando o Peixe passou a atuar com três zagueiros. Ele tem liberdade para chegar ao ataque e retribuiu essa estratégia com o fato de ter sido o maior finalizador do time diante do São Paulo. Na outra lateral, Marcos Guilherme, que já atuou em diversas posições, também tem ganhado a confiança do treinador na ausência de Madson.
De todos esses, o único que não tem escalação garantida para enfrentar o Grêmio é Lucas Braga. Ele só seria acionado, caso Carille opte por abrir mão de um zagueiro. A princípio, o comandante alvinegro tem gostado da formação com um trio defensivo. "Três zagueiros é um sistema que deu um resultado bom. Eles estão gostando, está me passando confiança, e posso variar", explicou.
O Santos deve ter a seguinte escalação para encarar o Grêmio: João Paulo; Vinícius Balieiro (Danilo Boza), Emiliano Velázquez e Wagner Leonardo (Lucas Braga); Marcos Guilherme, Camacho (Vinícius Balieiro), Carlos Sánchez, Zanocelo e Felipe Jonatan; Marinho e Léo Baptistão.
Sem vencer há 11 jogos, sendo nove deles pelo Brasileirão, o Santos tem a oportunidade de abrir vantagem diante da zona de rebaixamento. Com 25 pontos, o Peixe tem dois de vantagem sobre o próprio Grêmio e ainda luta para encostar no Juventude, o 15º colocado. O Tricolor gaúcho não vence há três rodadas e sofreu oito gols nesse período, somando apenas um ponto. A partida deste domingo será a primeira com a presença de torcedores desde o início da pandemia do novo coronavírus, em março de 2020.
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