Mauro Cezar: 'Involução da seleção é clara. Europeus estão avançando'
O Brasil empatou sem gols com a Colômbia, ontem (10), no Estádio Metropolitano Roberto Meléndez, em Barranquilla, pelas Eliminatórias da Copa do Mundo do Qatar, em nova atuação que rendeu críticas.
No Fim de Papo, live do UOL Esporte após a partida, os jornalistas Mauro Cezar Pereira, Rodrigo Mattos e Rodolfo Rodrigues avaliaram o desempenho dos comandados do técnico Tite frente ao novo desafio que tiveram.
Mauro Cezar Pereira acredita que a seleção brasileira sofreu um retrocesso do ciclo da última Copa do Mundo para o atual.
"Quando o Tite assumiu, a régua estava muito lá embaixo, porque era o time do Dunga, estava em sexto nas Eliminatórias, fora da zona de classificação, uma coisa medonha. O Tite fez algo básico, montou um time bem parecido com o que ele fazia no Corinthians, e começou a ganhar os jogos. E também o momento das Eliminatórias, que até algumas partidas eram diferentes das que o Dunga enfrentou... Aproveitou bem, teve seus méritos, e classificou com sobras", disse.
Para o colunista do UOL Esporte, tanto Tite quanto a seleção brasileira se depararam com uma nova realidade na Copa do Mundo da Rússia. Ele ressalta ainda que o Brasil parece caminhar no sentido contrário que as seleções europeias, salientando o atual contexto de competições.
"Na Copa do Mundo, me parece que se deparou com uma realidade que não esperava. Tenho essa impressão pela forma que ele e seus auxiliares se comportavam nas coletivas. O Brasil teve dificuldade em vários jogos, até vir a eliminação [para a Bélgica, nas quartas de final]. Não fez uma boa Copa do Mundo e ficou aquém. E quando chega nesta segunda etapa, é claro que a cobrança é muito grande, e me parece uma limitação do Tite como técnico. Ele é bom técnico, se sai da seleção e vai para algum clube, vai fazer bom trabalho, ganhar títulos. Mas essa involução, como disse, é clara e algumas seleções europeias estão conseguindo avançar. A Espanha com a renovação, acho até que a França consegue superar mais na individualidade, a Itália ganhou a Eurocopa depois de muito tempo e mostrou algo para as pessoas elogiarem após ficar fora de uma Copa do Mundo. O Brasil ao contrário".
"A classificação [nas Eliminatórias] é ótima, mas o futebol é pobre. As seleções sul-americanas sofrem com essa coisa dos europeus se fecharam entre eles", completou.
Rodrigo Mattos, também colunista do UOL Esporte, completou a linha de raciocínio e apontou que a ausência de confrontos entre as seleções da América do Sul e da Europa vai criar uma discrepância.
"Estão [Uefa] criando uma elite de seleções e excluindo o resto do mundo. A Uefa questionou muito a Superliga, mas o que está fazendo com as seleções é igual. Está criando uma elite de seleções e excluindo todas as outras. Eles vão, obviamente, melhorar, porque têm confrontos de alto nível o tempo inteiro, enquanto aqui, estão jogando baixo nível. Está tendo um desnível europeu", apontou.
"Essa, dentro de todas as coletivas sem conteúdo do Tite, quando fala da questão de não enfrentar seleções europeias, tem razão. Se cria um desnível absurdo. Não tem como melhorar sem enfrentar times do nível do time dele".
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