Raphinha encantou Jesus, Bielsa e Tite e faz 1º jogo da carreira no Brasil

Raphinha treinou os dois últimos dias como titular da seleção brasileira e, apesar de Tite não ter confirmado, tudo indica que começará jogando hoje (14), às 21h30 (de Brasília), contra o Uruguai, pela 12ª rodada das Eliminatórias da Copa do Mundo do Qatar. Numa trajetória incomum entre os atletas que vestem a Amarelinha, uma curiosidade: o jogo na Arena da Amazônia será o primeiro da carreira dele como profissional no país.

Atualmente no Leeds, da Inglaterra, o jogador de 24 anos saiu do Brasil ainda nas categorias de base, quando foi negociado pelo Avaí com o futebol português depois de despontar numa edição da Copa São Paulo de Juniores aos 19. Ele ainda não tinha estreado em equipes principais, o que acontece só agora e logo com a camisa da seleção ao lado de Gabriel Jesus e Neymar.

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Tão surpreendente quanto o fato de jamais ter atuado no país é a rápida ascensão de Raphinha na seleção. Depois de ter a convocação vetada para os jogos de setembro numa decisão conjunta dos times da Inglaterra, o atacante foi novamente chamado por Tite para os compromissos deste mês diante de Venezuela, Colômbia e Uruguai. Era sua primeira experiência com a camisa da seleção e o mais comum é que fosse restrita aos treinamentos ou alguns poucos minutos em campo.

Mas Tite foi pego de surpresa com a rápida adaptação do jogador tanto às dinâmicas do grupo como ambiente de convívio, quanto com as orientações técnicas e táticas. Assim, Raphinha foi a primeira substituição do Brasil nos dois jogos, somou 85 minutos em campo e deu duas assistências. As credenciais necessárias para uma oportunidade precoce como titular hoje.

Sempre "em casa"

Não é surpreendente para o estafe de Raphinha essa velocidade de adaptação. Segundo ouviu o UOL, é a regra de toda a carreira dele. Quando saiu do Avaí sem jamais ter atuado profissionalmente para em menos de um ano já ganhar minutos na elite do futebol português o comportamento era o mesmo da atualidade. Isso se repetiu nas três transferências pela Europa em que o atacante já chegou jogando, fazendo gols e dando assistências por Sporting, Rennes e agora Leeds.

Pessoas próximas mencionam a sólida base familiar como principal responsável por isso. Mas há um elemento extra: Raphinha não é de festas, baladas e restaurantes. Ele gosta de reunir pessoas em casa quando é o caso e costuma montar estruturas de lar parecidas em cada país, com espaço para jogos e prática de outros esportes como o basquete, conforto e até a mesma decoração. E de lá pouco sai. Assim, é como se não estivesse sempre de mudança, o que costuma atrapalhar brasileiros mundo afora.

Fora isso, a visão de outros jogadores é de que o atacante da seleção tem muita facilidade no relacionamento. Até hoje ele faz parte do grupo no WhatsApp dos jogadores da base do Avaí, por exemplo. Todos esses fatores contribuem para que Raphinha conquiste rapidamente a confiança de treinadores dos mais variados perfis.

Sua chegada ao Sporting de Portugal na temporada 2018/2019, por exemplo, foi um pedido de Jorge Jesus — eles nem chegaram a trabalhar juntos, porque o técnico saiu antes da contratação ser concretizada. Antes de ser convocado por Tite, Raphinha já brilhava na Premier League sob o comando do argentino Marcelo Bielsa. Lá, melhorou seu jogo sem bola e seu gosto por exercer funções táticas, para além da capacidade técnica de drible que sempre teve.

O atacante costuma pedir a pessoas do seu estafe dados de quanto correu e de quantas bolas recuperou e se orgulha de saber o que entregou ao time taticamente. "É o tipo de jogador que não dosa, que nunca tem preguiça" é uma das frases ditas sobre ele. Ontem, Tite elogiou e pediu calma.

É um ponta que dá amplitude, que tem jogada pessoal com velocidade e o balanço central que gera cruzamento ou a jogada de fundo com cruzamento para trás, além da finalização de média distância. Mas vamos com calma, senão criamos expectativa em demasia. Estamos construindo e dando oportunidades.

O destaque precoce na seleção já agita o mercado da bola, que na última janela de transferências ligou o nome de Raphinha ao Liverpool. Segundo Deco e João Paulo Tardim, que cuidam da carreira do atacante, não há uma proposta na mesa neste momento. Depois do jogo em Manaus, quem sabe?