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Futebol tem avalanche de dados, mas eles podem levar a conclusões erradas

Do UOL, em São Paulo

15/10/2021 04h00

O futebol teve diversas mudanças ao longo das décadas. Uma delas foi a utilização de dados estatísticos para análise, em um mercado que abrange desde os comentaristas e analistas de jogos, até transmissões, sites de apostas e dos próprios clubes, técnicos e jogadores visando a excelência no esporte e a tecnologia propicia a obtenção de muitas informações.

Em entrevista a Mauro Cezar Pereira no programa Dividida, do Canal UOL, o editor de dados Augusto Oazi, que trabalha para a Opta Sports, explica como houve uma evolução na disponibilidade de dados e também no uso deles, mas fazendo um alerta de que é preciso também saber utilizar as informações para não chegar a conclusões equivocadas.

"O futebol avançou muito tanto na parte física, da preparação física, do quanto o jogador corre, de como a formação tática faz o jogador correr mais em campo, ser mais intenso, mas também avançou muito nessa parte de dados porque a internet surgiu nesses últimos 30 anos e cada vez mais a gente tem mais facilidade para transferir informação, transferir conhecimento", diz Oazi.

"Hoje você tem acesso à segunda divisão do Uzbequistão se quiser para saber as estatísticas do que está acontecendo naquele jogo e é tudo em tempo real, tudo muito detalhado. Isso, apesar de ser muito bom, porque a gente consegue saber de tudo o que está acontecendo, também gera uma avalanche de dados e se você não sabe utilizar corretamente aquilo ali, você pode chegar a conclusões incorretas baseado em análises incorretas que você fez mesmo tendo todos aqueles dados sendo muito precisos", completa.

Oazi explica que a realidade hoje é o trabalho com o uso de dados também dentro dos clubes, ainda que de forma tímida em alguns deles, às vezes com um número pequeno ainda de profissionais responsáveis. Para ele, o uso das estatísticas é um caminho sem volta até para quem acompanha o futebol para maior entendimento das variáveis do esporte.

"Tem a parte do futebol profissional, que está usando muitos dados e o ideal seria que um time de futebol profissional tivesse uma infinidade de pessoas trabalhando com dados para que uma fosse responsável por análise de mercado para comprar jogador, uma pessoa de análise de mercado para vender jogador, uma pela análise do próprio time, uma pela análise do jogador individual, análise do adversário, então, tem muita coisa para fazer com os dados dentro de um time de futebol. Mas, às vezes, falta braço e, às vezes, em muitos clubes, uma pessoa ou duas pessoas são responsáveis por todas essas áreas", explica.

"Quanto mais tempo a gente tiver com os números, quanto mais tempo a gente tiver espalhada, disseminada essa cultura de prestar atenção no futebol com os números, mais os clubes vão se desenvolver. Então hoje existem essas consultorias que os jogadores contratam e que os clubes também contratam porque não têm o conhecimento interno necessário para trabalhar com os dados, então eles vão atrás de uma empresa que trabalha com isso. O futebol todo mundo gosta de assistir e de saber discutir futebol, e os dados estão aí para você discutir o futebol com mais profundidade, saber mais, entender melhor o que está passando e aproveitar cada vez mais para assistir um jogo de futebol e se divertir com isso", conclui.

O Dividida vai ao ar às quintas-feiras, às 14h, sempre com transmissão em vídeo pela home do UOL e no canal do UOL Esporte no YouTube. Você também pode ouvir o Dividida no Spotify, Apple Podcasts, Google Podcasts e Amazon Music.